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Sexta-feira, dia de compras para o baile. Apesar do sol relativamente forte, fazia frio naquela tarde de outono. Eram quatro horas da tarde e Beatrice esperava por Paris e Rory do lado de fora do colégio.

Suspirou, lembrando do abraço do loiro. Na noite anterior, o garoto realmente havia cuidado de si, como prometeu à Judy. Fez de tudo com medo da garota passar frio e, agora, os braços e o uniforme feminino falhavam em aquecer a baixinha.

Mal conseguia contar quantas pessoas haviam a perguntado se o boato do encontro era verdade. Bem... não era mais um boato, já que o próprio Dugray havia confirmado para todos quando não respondeu ninguém e colocou a mão nas costas de Beatrice, a tirando do meio daquela confusão.

Se a de cabelos pretos falasse que ficou brava seria mentira. Estava mais preocupada em sentir o cheiro de Tristan Dugray — Esse que não cheirava a um simples sabonete do colégio.

Voltando à realidade, Beatrice assustou-se quando a jaqueta branca e azul caiu em seus ombros. Tristan passou ao seu lado bocejando, sentando-se ao banco em frente à baixinha. Beatrice encarou o mais alto, sem dizer uma palavra, sentindo o casaco do time a esquentar.

— O que está fazendo parada aqui?

— Eu estou esperando Paris e Rory. — Respondeu, ajeitando a jaqueta em si.

— Ah é... Paris me falou que não viria de carona hoje.

— Se a Paris tem carro por que vem de carona com você? — Confusa, se aproximou do garoto.

— Porque somos amigos. — Deu de ombros.

O encarou, ainda sem entender. Preferiu ignorar, eram amigos de infância e quem seria ela para questionar as escolhas da amizade. Apenas com a regata do time, Tristan esticou os braços e puxou Beatrice para perto de si, aproveitando para abraçar a cintura da garota.

A baixinha prendeu a respiração, vendo Dugray se aquecer com a própria jaqueta. Respirou fundo, tentando não mostrar seu nervosismo. O loiro estava com sono o suficiente para deixar as provocações de lado e isso estava visível em seu rosto.

— Não me diga que estava planejando isso quando me deu o casaco. — Falou, ainda sem saber o que fazer com os próprios braços.

Tristan sorriu. Só pelo sorriso Beatrice teve certeza de que sim. Apoiou os cotovelos nos ombros do loiro. Era uma situação engraçada, pois há alguns meses atrás teria o empurrado. Assustou-se quando notou que o garoto jamais ultrapassou os limites físicos da morena e, enfim concluiu, Tristan Dugray estava quebrando suas barreiras. Isso era assustador.

— Arranjou um par para o baile? — Perguntou a garota.

— Vou com a Summer.

Beatrice conhecia a garota. Lembrava-se de Summer como a morena que flagrou aos amassos com Tristan, quando os dois estavam bloqueando seu armário. Bea havia pedido "licença" três vezes, porém foi ignorada — e essa foi a gota d'água. Quando notou, já estava gritando com os dois, deixando claro em suas palavras: "Esse é o meu armário!"

Arrependeu-se amargamente quando os dois a olharam. Summer parecia estar com raiva, já Tristan, a olhava com os olhos arregalados. Foi a primeira vez que a Otinger não se sentiu invisível, afinal, tinha o olhar do garoto mais popular do colégio sobre si.

Tristan Dugray passou a observar a garota. Era uma tarefa fácil, principalmente quando a morena parecia estar perdida demais em seus devaneios para o notar. Descobriu que era uma Otinger — a filha que Judy tanto falava —, que era uma garota de notas perfeitas e que era extremamente linda. Ninguém a olhava, ninguém tentava puxar assunto com ela e isso era um absurdo para o loiro.

Nunca viu uma pessoa lidar tão bem com a solidão. Por que era sozinha? Por que não fazia questão de conversar com ninguém? Como essa garota havia gritado com ele? — O loiro se perguntava. Ela não o dirigia nenhum olhar, nem quando o loiro soltava suas piadinhas para a sala inteira ouvir. Tristan Dugray se sentiu invisível, mesmo que houvessem tantos o observando...

— Ah sim... — Beatrice respondeu. — Não sabia que ainda conversavam.

— Beatrice Mary Otinger, não me diga que está com ciúmes. — Ele sorriu, mostrando todos aqueles dentes branquinhos.

— Não estou! — Arregalou os olhos.

— Não fica assim, eu só gosto de Marys.

Então o ambiente ficou silencioso. Não é como se a morena quisesse que ficassem assim, mas a mesma estava sem resposta. Talvez fosse até melhor, Tristan era profissional em a envergonhar, usando os próprios argumentos da Otinger contra si.

— Beatrice? — Era Paris Geller.

A de cabelos pretos gelou. Tinha o Dugray grudado em seu corpo e foi flagrada usando sua blusa. Bea virou o rosto sem pressa, desejando ter ficado maluca e ouvir vozes ao ter que encarar as duas figuras que se aproximavam. Era oficial, Paris e Rory estavam ali, olhando fixamente para o "casal" à sua frente.

O loiro levantou-se do banco, ainda abraçando a cintura da baixinha. Beatrice sentiu vontade de o estapear quando o mesmo beijou sua bochecha esquerda, sustentando um sorriso divertido com o constrangimento da garota.

— Eu vou indo. — Falou, olhando apenas para Beatrice e a liberando do seu abraço. Então, levantou o olhar para as suas amigas. — Tchau garotas!

Beatrice o assistiu se afastar, virando para as amigas que a encaravam. Observou as duas garotas que reparavam, principalmente, na jaqueta azul e branca que Beatrice usava. A de cabelos pretos arregalou os olhos.

— Dugray! — O chamou, apontando para o seu corpo. — Seu casaco!

— Outro dia você me traz! — Gritou de volta, entrando em seu carro em seguida.

Respirou fundo. A colônia de Tristan era forte, e a lembrava levemente do cheiro de café. No final seria ela que voltaria para casa com o cheiro do garoto, e suas bochechas estavam rubras por isso. Via no semblante, tanto de Paris, como de Rory, a surpresa e curiosidade ao mesmo tempo. Provavelmente a encheriam de perguntas, e já se sentia sem palavras.

— Você vai nos explicar isso no caminho. — Rory afirmou, seguindo a loira, que tinha um sorriso no rosto.

Talvez estivesse perdida demais, ou talvez Tristan realmente havia a mudado. Não acreditava que estava sendo tratada — ou até mesmo agindo — como a namorada do capitão do time de basquete. Daquele mesmo garoto que a irritou desde o primeiro segundo em que se olharam.

— Ok...






"You looked at me like I was someone else, oh, well
Can't you see?
I don't wanna slow dance
In the dark"
SLOW DANCE IN THE DARK - JOJI

𝐇𝐎𝐒𝐓𝐀𝐆𝐄, ᴛʀɪꜱᴛᴀɴ ᴅᴜɢʀᴀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora