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A garota segurou a risada enquanto Rory falava eufórica sobre seu encontro com Dean. A Gilmore praticamente gritava no telefone e Otinger se controlava para não deixar a amiga sem graça.

— E qual é o problema nisso? — Perguntou a de cabelos pretos, esticada na própria cama.

— O problema é que eu acho que a minha mãe não gosta muito dele. — Rory explica do outro lado da linha.

— Uau! Se a sua mãe não gosta já era. Nunca conseguiria discordar de Lorelai.

— Qual é Bea? Dean é um doce! Você vai ver quando a gente conseguir sair todos juntos.

— Rory se você me deixar de vela eu vou incendiar a sua casa. — Otinger se vira de barriga para cima encarando seu teto com algumas plantas decorando o local.

— Eu tenho que aguentar isso todos os dias no colégio. Existe um certo loi...

— Só não corto os nossos laços porque amo a sua mãe. — Disparou antes que a Gilmore pudesse terminar sua frase. — Enfim, como foi o primeiro beijo mesmo?

— Foi no mercado e... — Rory mais uma vez foi interrompida, mas dessa vez foi pela risada de Beatrice. — Para de rir!

— Você agradeceu pelo beijo! — Seus olhos já lacrimejavam de tanto rir.

— Eu não sabia o que falar ou fazer!

— É uma ótima técnica, devo admitir. — Otinger soltou ironicamente.

— Eu odeio você! — Gilmore riu logo em seguida. — Bem, eu tenho que desligar. Estamos sem janta e então vamos no Luke's.

Verdade! A próxima vez que eu for para Stars Hollow vocês tem que me levar para essa lanchonete. Mas enfim, beijos Rory!

— Beijos Bea!

— Obrigada! — Falou provocando a amiga e encaixando o telefone antes que a mesma pudesse responder.

Ao encerrar a ligação, a morena se viu entediada de novo. Olhou em volta e seu quarto já se encontrava inteiramente decorado. Todos os pôsteres das suas bandas de rock preferidas em sua parede e suas plantas — que a mesma já havia regado — espalhadas pelo quarto.

Sua mãe só chegaria do trabalho às nove e eram apenas sete horas, então decidiu fazer algo para comer. Desceu as escadas pensando em uma janta simples, porém bufou desanimada ao chegar no primeiro andar. Sua casa era gigante, mas era vazia só com ela ali. Deve ser por isso que gostava tanto de preencher seu quarto com decorações.

A garota conectou o rádio da cozinha na tomada e colocou seu CD do Guns N' Roses, logo You Could Be Mine preencheu o cômodo. Sorriu cantando a música, se sentindo menos sozinha.

Pegou o macarrão instantâneo guardado no armário e riu com o pensamento de sua mãe lhe dando uma lição de moral por "comer essas porcarias". Deixou a água esquentando enquanto dançava ao ritmo da música.

Seus olhos passaram pelo local até achar uma pequena caixa, onde viu alguns objetos jogados dentro. A carta do lado da caixa trazia as informações sobre serem coisas da adolescência da sua mãe, que haviam ficado na casa da sua vó.

Agachou-se até ver uma câmera Polaroid e a pegou nas mãos. A garota se permitiu soltar um sorriso ao constatar que o aparelho ainda funcionava, afinal, sonhava há tempos com o mesmo.

A morena só saiu de seu transe quando sua barriga roncou, a fazendo se levantar, abrir o pacote de macarrão e colocá-lo na água fervendo.

Não pode deixar de suspirar encantada. Iria esperar a permissão da mais velha para pegar o objeto para si.

• ⭒ •

Estava sentada em um banco na cozinha do restaurante enquanto observava o movimento lá fora. Sua mãe estava ocupada demais sendo a chefe de cozinha do local.

Olhou de relance a cabeleira loira e fechou os olhos impacientemente. Sua mãe saía do cômodo para auxiliar os funcionários novos e a garota esperava sua comida ficar pronta para jantar em sua casa.

Após ver o pacote de macarrão instantâneo da última semana, sua mãe decidiu preparar sua janta depois que a mesma saísse do colégio.

Quando pegou a sacola ecológica, saiu da cozinha agradecendo a trabalhadora gentil. Judy Otinger já se encontrava em uma mesa, conversando animadamente com a família.

Assim que a Otinger mais velha encontrou sua filha, a garota foi obrigada a andar em sua direção. Claro que sua mãe estava parada em frente a mesa que a mais nova queria ao máximo evitar.

— Anne, essa é minha filha Beatrice! — A morena apresentou quando a filha parou ao seu lado. — E Bea, essa é Anne Geller! Estudávamos juntas. — Sorriu falando sobre o reencontro.

Beatrice não pôde deixar de notar Paris de cabeça baixa e o clima pesado que o lugar exalava. Abriu o seu melhor sorriso e estendeu sua mão para a loira mais velha, que a segurou devolvendo o sorriso.

— É um prazer conhecê-la Sra. Geller!

— Digo o mesmo, querida! — Disse e então olhou para a filha ao seu lado. — Paris cumprimente a garota.

— Oi Beatrice. — Paris disse, erguendo a cabeça pela primeira vez.

— Oi Paris, bom te ver. — Sorriu, antes de tentar sair da mesa.

— Então vocês já se conhecem? Sua mãe disse que você estuda em Chilton. Espero que Paris esteja indo bem. — Anne comentou sobre a filha com o rosto sério.

A tensão na mesa era palpável, já que Paris e Beatrice não se suportavam, Sra. Geller tinha um rosto esnobe e Sr. Geller sequer dirigia um olhar para a mesma.

O sorriso da Otinger mais nova vacilou por um momento, deixando sua confusão completamente visível. Alisou sua roupa se sentindo desconfortável e sem entender o porquê da pergunta, afinal, os pais sempre recebiam os boletins escolares.

— Bem, ninguém nunca conseguiria superar as notas de Paris. — Respondeu. — Mas eu tenho que ir, tenho dever de casa. — Inventou uma desculpa qualquer se despedindo da família e andando rápido para a saída.

Quando o vento gelado bateu sobre o seu rosto, respirou fundo extremamente aliviada por estar fora do local. Apertou a sacola em suas mãos, caminhando em direção à sua casa.

Nunca tentou entender sua colega e a sua arrogância, mas sentiu uma grande curiosidade ao ver a mesma tão quieta perto de sua mãe. Paris claramente não queria estar ali.

Olhou para cima, a visão da lua cheia fez garota questionar-se sobre a loira estar apenas emburrada, ou a sua relação familiar que não era das melhores.

A morena já sabia no que acreditar, mas não seria tão fácil admitir que sentia empatia pela garota que odiou por todo o ensino médio. Bufou tentando esquecer a história. Talvez não fosse da sua conta.






"Daddy didn't give attention
Oh, to the fact that mommy didn't care
King Jeremy the wicked
Oh ruled his world"
JEREMY - PEARL JAM

𝐇𝐎𝐒𝐓𝐀𝐆𝐄, ᴛʀɪꜱᴛᴀɴ ᴅᴜɢʀᴀʏOnde histórias criam vida. Descubra agora