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Capítulo 16: Recaída

O caminho se tornou ainda mais longo, devastador e frio. Yeonjun poderia jurar que estava tentando não se render a sua profunda tristeza, insatisfação e raiva. Em sua mente voavam tantas e tantas coisas, uma imensidão delas, uma mais infeliz que a outra e ele realmente se sentia como um quadro em branco; um alguém sem rumo, sem casa, sem caminho, sem esperanças. Desde que se conhecia por gente, a vida era difícil... e isso não era uma reclamação, porque a mesma acaba sendo difícil para todos e não que isso seja de fato injusto, mas há uns que sofrem mais que os outros, contudo sofrendo mais se aprende a ser mais forte, portanto há uns mais fortes que os outros, por sucessão da própria natureza ou, como ele costumava achar, pura injúria do destino. Destino? Será que este existe? Bem, não sabia e não era hora para fazer profundas reflexões sobre o que não se tem uma resposta ainda.

Estava chorando. Poderia andar sem se queixar? Mas, foram anos e anos guardando aquelas lágrimas... estas que não tinham fim no momento, pois eram acumuladas. Não se considerava um moleque o qual o primeiro ato quando algo dá errado, era chorar e reclamar, longe e bem longe disso, contudo, naquela ocasião não possuía um real controle sobre isso. Uma avalanche de sentimentos ameaçava devastar tudo, ele não via saída e se fosse só isso, até poderia achar uma válvula de escape. Embora o grande problema da vez fosse Soobin, o conflito existente entre eles, que gerava tensão, raiva, desprezo e ódio e outras coisas à mais, também havia os graves problemas econômicos que sua família tinha, o fato de não poder fazer muito mais do que já fazia, a falta do pai e o reconhecimento de que um mal maior estava por vir, tanto por Wooyoung quanto por Soobin e o que começava a perceber o que sentia por ele.

E aquela maldita emoção já havia se enraizado, criado forças para que se cravasse e fosse complicado removê-la. Chegou a suspirar profundamente como se toda aquela dor fosse ir embora junto do ar, mas apenas se sentiu mais angustiado. Passou as palmas geladas pelo rosto molhado, tentando se livrar das lágrimas insistentes e restaurar o bendito bom senso que estava em falta. Não chorava, não fazia seu estilo.

Mas chorar é necessário e fundamental pra todo mundo.

Prendeu o lábio inferior com os dentes ao se aperceber que um soluço sufocado estava por vir, conseguindo contê-lo um pouco antes de se render por completo e atirar o próprio corpo num muro de uma das esquinas fechadas da cidade. Bateu com as costas usando de uma força desnecessária, as costelas se exprimiam e o estômago dava voltas e mais voltas. A coluna rangeu por causa do impacto abrupto mas, terminou por não se incomodar. Foi caindo, caindo, caindo até o rosto estar entre as pernas, e então, pela primeira vez, se permitiu chorar como nunca antes, despejando toda aquela chuva devastadora pelos olhos fundos, marcados por olheiras e a mais carrancuda exaustão impertinente.

Se encontrava fragilizado desde antes do encontro com Soobin porém, naquele momento, a situação havia se agravado drasticamente. A culpa o corroía, terminava devorando as estruturas abaladas.

Bateu contra o muro tentando descontar a raiva, a frustração iminente, até acertou o chão e xingou pela dor latente que tomou os dedos. Certo, precisava se acalmar, não era o fim do mundo e aos poucos poderia resolver tudo.

Não precisava de seu pai, de Soobin ou de qualquer outra pessoa. Apenas de si mesmo, de seu autocontrole.

Como chegou mesmo àquele lugar?

Ficou por muito tempo colocando tudo para fora de maneira nada romântica, chegou a presenciar uma mudança drástica no clima e se apressou a levantar quando o céu ameaçou tempestade. Era como se toda a sua força houvesse sido drenada e restasse apenas o vazio.

Pensou que rever Wooyoung após todo aquele transtorno resolveria grande parte de sua inquietação, então correu até a casa dele como quem a vida dependia disso. Ficou sem fôlego, o peito queimou e teve de se curvar sobre os joelhos ao parar em frente ao sobrado para que pudesse recuperar o ar. Tremeu levemente pelo nervosismo ao pressionar a campainha e quase desistiu da visita ao ser recebido na entrada pela mãe de Wooyoung.

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