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Capítulo 30: O mar

Não imaginou que veria San tão cedo.

Para ser sincero consigo mesmo, estava surpreso. E conseguia visualizar que o outro rapaz também estava — até mais, na verdade —, as bochechas rosadas acabavam o denunciando nesse quesito. A forma como os olhos ampliaram de tamanho, um deles tomado pelo arroxeado junto do inchado correspondente a quase toda aquela parte do rosto, as sobrancelhas se curvando e os lábios crisparam esboçava que ele, sem dúvidas, não esperava aquele reencontro.

Não demorou nem meio segundo para Soobin passar a sustentar a raiva profunda que sentia. Uma carranca se formou em sua face e o canto dos lábios repuxaram por puro asco. Eram muitos reencontros desnecessários em um dia só.

Os olhos de San caíram para a imagem de Yeonjun, que ostentava uma pose marrenta e nada agradável. Não fazia questão em ter o mínimo de empatia. A tensão formada entre eles era esmagadora e qualquer um que chegasse perto poderia se queimar pelas faíscas oriundas do atrito dos olhares acirrados.

— San. — Soobin decidiu dizer, áspero e seco, recorrendo à frieza e tentando esconder a surpresa ao ver o resultado do soco. — Eu preferia não te ver por aqui.

— É... — inevitavelmente abaixou a cabeça. — Eu estou com o Kai desde o seu interno, e só não estava aqui antes porque a mãe dele chegou do Havaí recentemente e estava cuidando dele.

— Ninguém quer ouvir as suas explicações, seu idiota. — Yeonjun tomou a frente, cerrando os dentes. Os punhos coçavam para voltarem a ter algum contato com o rostinho debochado daquele imbecil mimado, porém precisa se segurar. Primeiro que estavam em um hospital, segundo que odiava chamar atenção. — Sua presença é desagradável. Felizmente nós já estávamos de saída.

— Yeonjun. — forçou um sorriso carregado de cinismo, tombando a cabeça para o lado como se o cumprimentasse. — Que droga você faz aqui? Não sei se percebeu, mas esse lugar não é para o seu nível.

— Não me faz ter que te socar de novo, seu cuzão. — deu um passo à frente, tendo uma das mãos de Soobin empurrando seu peito para trás, apartando uma briga que só existia na imaginação dos outros dois. — Vai querer levar outro soco?

— Eu poderia muito bem ferrar com a sua vida por causa daqueles soquinhos de nada. Aquilo se enquadra como lesão corporal, é crime. Mas... digamos que eu terei piedade e não farei nada. — continuou displicente, fechando o semblante. — Mas ouse me desafiar de novo, que eu te mostro do que sou capaz.

— Estou morrendo de medo de você. — ouvindo o sussurro de Soobin pedindo para que ficasse calmo, Yeonjun acabou relaxando um pouco, bufando antes de revirar os olhos e resgatar seu casaco do assento onde estava acomodado, pronto para ir embora. — Faz o que você quiser, San. Quem se importa mesmo!? Você é só a porcaria de um garoto mimado. Logo mais você cresce e quebra a cara. A vida é dura com todo mundo.

— Não me venha dar lições de moral. — passou uma das mãos no rosto, descontando toda a sua frustração. Então se lembrou que Soobin continuava ali, observando-os, calado, sem ousar fazer mais do que acalmar o esquentadinho. Se lembrou da noite do baile, e sua mente foi mais além, lembrando de como tudo era antes daquela repente falência.

Eram amigos. Melhores amigos. Sustentavam uma amizade inabalável, cercada de poder e privilégios. Por que tudo precisou mudar tão bruscamente?

A verdade era que para San... para o coração de San, pouco importava o que realmente Soobin se tornou. Tinha que falar com ele, consertar as coisas, mostrar que entendeu que errou e... se redimir de alguma forma.

Só de imaginar o que a presença de Yeonjun significava, o estômago já embrulhava.

— Cuide do Kai. — foi a última advertência de Soobin antes de ele dar de ombros. — Pelo menos algo bom você deve saber fazer.

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