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Capítulo 18: Mentira?

Para começar, Yeonjun não acreditava que estava finalmente caminhando ao lado de Soobin.

Era tarde, havia pouco movimento no estacionamento e decidiram dar uma parada por ali porque Soobin precisava urgentemente colocar seus pensamentos em ordem. Estavam em uma parte mais distante dos outros carros, das grandes máquinas, tentando respirar um fôlego de cada vez.

O que foi aquilo? Que tipo de noite foi aquela?

Suspirando pesadamente, cobriu a cabeça com os dois braços e acelerou até encontrar uma partitura de metal no chão, um separador de vagas, decidindo se sentar ali. Continuou escondendo o rosto, pensando e pensando e no fim apenas chegou à conclusão de que enlouqueceria.

Eram muitos sentimentos de uma vez só e ele não era capaz de administrá-los. O turbilhão de pensamentos que mais servia para desnorteia-lo, lembrava-o inúmeras vezes que aquele tipo de situação embaraçosa poderia ter sido evitada, porém acabou que seu orgulho falou mais alto e agora se encontrava chorando em um estacionamento praticamente fantasma, acompanhado de quem ele jurou odiar e observado pelos dois amigos ao longe, que de certo não sabiam, definitivamente, como se portar mediante a situação.

— O que... O-o que foi aquilo, Yeonjun? — balbuciou após um longo intervalo de tempo, sem coragem para focar a visão em qualquer outro lugar que não fosse o chão.

— Não faço ideia... San é maluco. — ficou confuso, perdido, quer dizer... de que parte o outro estava falando? E, aliás, ainda tinha se declarado, conscientemente, mas depois do calor do momento era meio complicado encarar de frente o que tinha feito. — Você... se sente melhor?

Soobin levantou minimamente a destra para rir nasalmente, irônico, como se não houvesse levado aquela pergunta a sério.

— Fui massacrado em frente ao colégio inteiro. Eu... estava no alto, Yeonjun. No topo de uma hierarquia que parecia imutável e... Agora, olha pra mim... Não passo de um merda qualquer, que todos odeiam agora que sabem da verdade. Quem eu sou de verdade. — passou as costas das mãos no rosto, tentando se livrar das lágrimas persistentes. — Toda a minha reputação foi pro lixo, mas não é essa a pior parte. — recuperou o fôlego. — A pior parte é saber que se eu tivesse sido eu mesmo desde o início, o mundo riria de mim. A pior parte é ver que ninguém me conhecia de verdade, ninguém nunca me admirou. É como se toda a minha identidade tivesse acabado de ser roubada de mim, e agora eu não fosse ninguém, apenas... alguém confuso, vazio, perdido... — voltou a chorar. — Eu nunca achei que fosse me sentir assim.

Descobrir quem se é de verdade não é uma tarefa fácil, e quando Soobin se deu conta disso, entrou em desespero. Conhecer a si mesmo e se decepcionar com isso nunca fez parte de suas expectativas. Era como se tivesse do outro lado, em outra vida e tudo o que viveu até ali não passou de mentiras.

Havia decepcionado os outros, ninguém gostava de uma criatura extremamente superficial e rasa como a qual ele se apresentava e, além de tudo, entristeceu a si mesmo.

Contudo, ainda tinha Yeonjun o encarando sem saber o que dizer e por um só instante, cogitou em implorar que ele fosse embora e o deixasse sozinho com todo aquele tormento.

— Alguma hora a sua ficha precisava cair. — Yeonjun recomeçou, incerto. — Não importa o que os outros pensam de você.

— Como pode gostar de alguém como eu, Yeonjun? — juntou as sobrancelhas, a voz falhava e achou que sequer tinha sido escutado. — Como? Como você pode gostar de alguém que você não conhece?

— Soobin... — apertou o passo até o rapaz cabisbaixo, parando em sua frente. Olhou no fundo dos olhos dele, e aquele contato terminou por fazer Soobin se arrepender das próprias palavras. Um arrepio transpassou por sua espinha. — Eu acho que sou uma das únicas pessoas que conhecem você de verdade. E é por isso que eu gosto de você. — ditou com firmeza. — Se você fosse outro, até aquele Choi Soobin todo autoconfiante, arrogante, que acha que o mundo gira ao redor do próprio umbigo, eu te odiaria. Entendeu agora? Gosto de você, do Soobin que está na minha frente, que é de verdade e agora não está mais com nenhuma máscara. Ao invés de ficar triste por isso, deveria se sentir aliviado. Muitas pessoas morrem sem sequer saber quem são. Você não precisa do amor dos outros, você precisa se amar. Ame você mesmo... por favor. — relaxou os ombros, tocando o rosto do mais novo, acariciando e decidindo se sentar ao lado dele. — Independente do que isso te custar, seja você mesmo.

TRUST FUND BABY | YEONBINOnde histórias criam vida. Descubra agora