TRUST FUND BABY | YEONBIN

⛱️22

Capítulo 22: Questões mal resolvidas

A noite caiu, revelando um belo luar que ao menos o frio não conseguiu ofuscar.

Soobin encarava a lareira enquanto Yeonjun continuava dormindo com a cabeça disposta em seu peito. Acariciava os fios escuros, aproveitando o som tranquilo da respiração dele. No fundo estava sentindo inveja por Yeonjun ter caído em um sono tão pesado, já que não conseguia dormir há dias. O acontecido com Kai estava consumindo todos os seus pensamentos, e não conseguia chegar em uma conclusão de como ajudá-lo, pois se via em uma situação que o obrigava a fazer algo, por mais que estivesse de mãos atadas. A culpa não permitiria que seguisse sua vida sem o lembrar todos os dias que poderia ter notado o distúrbio do antigo amigo mais cedo, assim poupando o rapaz do sofrimento ou, ao menos... conscientizá-lo?

Por dentro havia diversas questões mal resolvidas; gostaria de saber se Kai começou a comer melhor, se realmente largou os remédios e tentou sair de algum jeito da obsessão pelos exercícios físicos. Ele notou que Kai há muito tempo deixou de se importar com si mesmo para dar atenção ao que existia além da carne, seus desejos. Se precisasse sentir fome, iria sentir e ignoraria o quão nocivo para a sua saúde aquela atitude era. Soobin pesquisou em diversos lugares para entender melhor da doença, e não permanecer como um idiota que evitava imaginar que aquele tipo de transtorno existia.

Internamente desejava visitar Kai, para oferecer suporte, mostrá-lo que estava ali disposto a qualquer coisa independente dos erros do futuro modelo.

Por que doía tanto ver alguém que amava quase em ruína?

Encarou a tela no celular no chão, ao lado das roupas agora secas, percebendo que já estava tarde e, Yeonjun e ele precisavam ir embora. Sacudiu-o devagar, com cuidado, não obtendo nada além de um muxoxo.

— Temos que ir pra casa, amor. — sussurrou, revelando a voz rouca e grave, soltando uma curta risada ao ouvir mais uma reclamação. — Está tarde, é melhor irmos.

— Soobin? — juntou as sobrancelhas antes de abrir os olhos pequenos. — Uau, achei que fosse tudo um sonho.

— Não é um sonho — riu nasalado. — Nós nos amamos hoje como nunca antes... — depositou um beijo em meio aos cabelos do outro, arfando o perfume que vinha deles. — Acho que jamais vou esquecer desse dia.

Debilmente Yeonjun levantou o tronco, encarando os lados e percebendo que apenas a lareira iluminava o cômodo. Ainda apertando os olhos, sonolento, virou para reparar no corpo despido do mais novo, apenas coberto por um fino lençol.

— Ei — sorriu satisfeito. — Foi bom pra caralho.

Ambos acabaram rindo.

— Cala a boca — agarrou a perna da calça estendida no chão, arremessando-a para o mais velho. — Sorte a nossa que as roupas já secaram.

— Sorte a sua, você quer dizer. — semicerrou o olhar, ameaçando. — Senão, eu seria obrigado a cumprir a minha promessa de matar você. E, aliás, ainda estão um pouco úmidas.

Sentando no colchão, Soobin continuava sorrindo ao mesmo tempo que fitava o Yeonjun com atenção. Ele sentou em seu colo e o encarou por um certo tempo, calado, logo o beijando sem qualquer anúncio. Foi um beijo devagar, cheio de amor, transbordando tudo o que sentiam um pelo outro.

— Nunca mais me jogue no mar, entendeu? — ameaçou baixinho, depositando dois tapinhas na bochecha do outro. — Se fizer isso outra vez, eu te faço engolir areia.

— Que terrível. — pendeu a cabeça para trás. — Achei que você me amasse.

— Dramático. — beijou de novo. — Como não amar alguém que fode tão bem?