Capítulo 8: Telespectador inativo
Soobin realmente voltou para tomar café na casa dos vizinhos. Havia ido para sua casa e viu que alguns reparos ainda estavam sendo feitos, porém muito do desastre da noite passada não se via mais. Ara aparentava estar exausta, e por um momento o garoto se sentiu culpado por não ter ajudado com nada.
Entretanto, num segundo instante, se deu conta de que não tinha mesmo o que fazer. Afinal, eles eram os adultos da casa, tinham a obrigação de cuidar de assuntos mais complicados e que exigiam noites viradas. De qualquer forma, se manteve intangível ao dizer que seus irmãos estavam bem e se preparavam para sair também.
Não encarou Yeonjun uma vezinha na mesa pequena e de madeira. Não tinha coragem, não tinha mesmo. Depois do que aconteceu pela manhã, a última coisa que queria, era olhá-lo, porque sabia que iria se sentir envergonhado e levemente derrotado. Uma parte de si dizia que ele só estava brincando, a maneira tranquila a qual agia estampava esse detalhe que para Soobin era altamente revoltante. Não conseguia agir da mesma forma, como se nada houvesse acontecido, era impossível com todas as letras.
Entre uma mordida e outra, lançava-lhe uma olhadela por puro hábito, lembrando de seu corpo pressionado ao dele... do ínfimo desejo que se escondia em seu interior. Beleza, estava ficando louco. Era só uma maldita provocação, não tinha que cair nela, certo? Yeonjun ao menos possuía remorso pela morte da dignidade de Soobin. Bebia seu café normalmente, em silêncio, não levantando o olhar de seu prato.
O problema era sua expressão que não dizia nada. Enquanto Soobin transbordava pânico, ele esbanjava plenitude.
A senhora Jun fez menção de se levantar para buscar o açúcar, já que tinha esquecido. Se desequilibrou e esboçou dor, alarmando Yeonjun que rapidamente se prontificou para segurá-la. Gritava num som mudo de preocupação, e os olhos saltados marcavam isso.
— A senhora está bem? — perguntou, ainda segurando-a e a vendo de cabeça baixa, aparentando passar por um mal estar.
— O que eu ia pegar mesmo? — ela encarou o garoto com pesar. — Por que está me segurando?
Soobin franziu o cenho, deixando de comer para encarar a mulher assim como os seus irmãos mais novos.
O outro rapaz apenas estalou a língua, fazendo com que ela se sentasse novamente.
— O que você está sentindo? — ficou de pé, tirando sua parte da mesa e tendo a ajuda da irmã de Soobin para isso, que notou o comportamento estranho da mãe de Yeonjun.
A senhora Jun continuou com o olhar baixo, confusa.
— Dores nas pernas e, agora, dor de cabeça. — forçou um sorriso. — Eu estou bem, não se preocupe.
Ela não estava. Quem a olhasse, saberia detectar que havia um problema. Yeonjun permaneceu olhando para a mais velha, esperando por uma resposta que não veio. Suspirou pesadamente, passando as mãos pelos cabelos e depositando um beijo na testa dela, se virando em direção a porta.
Yeonjun foi o resto do caminho quieto. Sentir-se culpado sobre algo nunca fez parte de seus planos para aquela manhã que havia começado até que de uma maneira cômica. As mãos seguravam as alças da mochila, apertando-as com força, a palma perdendo a cor pela intensidade desnecessária que usava. Mordia o inferior, murmurava palavras soltas, soprava todo o ar existente em seus pulmões e permanecia em seu trajeto em linha reta.
Assim que o caminho dos irmãos de Soobin se diferiu dos dois mais velhos, Soobin ficou entre perguntar qual era o problema ou fingir que nada estava acontecendo, já que não era da conta dele. Apesar de que, naquela altura deveria manter distância do dono da razão e que odiava ser contrariado. Ele provavelmente não queria conversar.
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TRUST FUND BABY | YEONBIN
FanfictionEra do tipo que vivia em uma bolha que o impedia de ver a realidade o qual todos viviam. Pois, na verdade, seu mundo era diferente e, tipicamente o ideal para qualquer adolescente da sua idade. Após sua família falir, Soobin ganha a missão complicad...