Capítulo 2: Amizade falida
Soobin acordou com batidas no telhado. Colocou a cabeça para o lado de fora da janela, mesmo o rosto estando amassado e ele estar morrendo de medo de ser algum vizinho miserável e desconhecido. Não havia nada à princípio. Se levantou a contragosto, bufando e se entristecendo por tudo não ter passado de um pesadelo ruim. Ele ainda estava acreditando que alguma hora iria acordar e ver que tudo não era apenas algo criado por sua mente.
Se arrastou até o banheiro sem cumprimentar uma única pessoa, encontrando o causador do barulho estridente de algum objeto batendo, bem em sua frente. Seu pai utilizava uma escada de madeira para se sustentar no teto, enquanto tentava reparar o estrago com algumas tábuas. Onde ele tinha conseguido uma escada? Bem, não importava.
— Não acredito que está mesmo fazendo o que eu acho que está fazendo. — o garoto desdenhou ainda olhando para cima, sendo ignorado. — O senhor Choi com as mãos na obra... — bateu palmas, irônico. — Cômico.
E, então, deu de ombros. Sighyuk iria continuar o ignorando de qualquer forma, ocupado com o reparo no teto.
Em anos, Soobin nunca tinha visto algo parecido alguma vez na vida. Sua casa antiga era impecável, e quando algo precisava ser reparado, logo um serviço especializado era contratado. Ali era diferente, atualmente tinham de "dar um jeito", já que não havia qualquer outra opção. Mas, não negaria, era bizarro ver seu pai, outrora um homem de negócios que só vivia engravatado e vestido com roupas caras, agora usando de algo mais simples e se empenhando em consertar um buraco no teto.
O mundo dá voltas... E Soobin odiava todas elas.
Sentou em uma das cadeiras, sentindo o bumbum doer, mas dessa vez não reclamou. A impressão que ainda tinha era que vivia um pesadelo, os pés fora do chão, portanto não esboçava uma reação mais digna como o desespero por ainda não conseguir aperceber a realidade que o cercava, sendo impossível absorver. Pensou em assistir algum programa na televisão, mas desistiu da ideia ao ver que Jeonggyu, o irmão caçula, havia chegado primeiro. E só tinha uma televisão.
— Precisamos ir na escola buscar os documentos de transferência e o restante do que tem no seu armário, hoje. — Ara alimentava o filho menor com certa paciência, enquanto olhava Soobin e sua tremenda carranca, formada pelo mal humor óbvio. — Me acompanha?
Soobin revirou os olhos. Não queria nem morto aparecer no colégio, mesmo imaginando que iria acabar sendo obrigado a isso algum dia.
— Desde que a senhora não se vista do jeito que ele está vestido agora... — apontou para o banheiro com displicência, se levantando. — Pode me acompanhar.
— Ah, querido, não seja ridículo. — ela riu, escondendo os dentes de porcelana com a mão, tendo como atração as unhas longas e bordadas. — É claro que não. Não vou te fazer passar vergonha, não se preocupe.
Assim, Soobin esperava.
Demorou até que pudessem se arrumar para sair, por conta dos reparos no banheiro — Soobin tentava se preparar psicologicamente nesse meio tempo. Esperava que chegasse em um momento em que todos estivessem na aula e não necessariamente o olhassem com pena ou qualquer sentimento similar. Não precisava da piedade de ninguém. Seu orgulho não permitia que se rebaixasse á tanto.
Pediu para que sua mãe estacionasse o carro-lata-velha o mais longe possível dos olhos de seus colegas, e ela acabou fazendo isso. Era duro para ela mostrar seu atual estado. Uma dama da alta sociedade dirigindo uma espelunca daquelas... Inacreditável.
— Eu vou na secretaria. Quer me acompanhar? — ela perguntou e Soobin negou com a cabeça, pisando os pés no extenso corredor do prédio, encarando os lados com certo ressentimento. — Tudo bem. Organize suas coisas e me encontre aqui. Não vou demorar. — e então, ela saiu caminhando com seus saltos não muito grandes e com a bolsa de lado, elegante, assim como sempre fazia quando ia resolver os assuntos do rapaz no colégio.
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TRUST FUND BABY | YEONBIN
Fiksi PenggemarEra do tipo que vivia em uma bolha que o impedia de ver a realidade o qual todos viviam. Pois, na verdade, seu mundo era diferente e, tipicamente o ideal para qualquer adolescente da sua idade. Após sua família falir, Soobin ganha a missão complicad...