Três

272 44 12
                                    

Acordo escutando minha mãe me gritando do outro lado da porta. Seria muito mais fácil acordar para ir a escola se eu pudesse ficar com meu celular durante a noite, mas por algum motivo minha mãe discorda, e ainda sim reclama pelo fato de ela ter que acordar cedo para me chamar.

— Acordei, Mãe.

Me sento na cama ainda com os olhos fechados, limpo um fio de baba que escorria pelos meus lábios e coço minha cabeça.

— Não perguntei se acordou ou não, se arruma logo pra não se atrasar — Escuto seus passos pesados irem embora.

Fiquei de pé mais rápido do que deveria o que achou resultando em um teto preto. Corri descalça pelo corredor e me tranquei no banheiro para lavar o rosto, escovar os dentes e inicialmente arrumar o cabelo, mas, estava sem cabeça para isso, então apenas o prendi em um rabo de cavalo mal feito.

— Eu mando você se destrancar do quarto e você migra para o banheiro? Vê se não demora — Me irrito ao ouvir as reclamações dela mais uma vez pela manhã.

Minha mãe me irrita muito, mas aprendi da pior forma que revidar é pior, nesses casos apenas escuto e raramente concordo.

— Já estou saindo — Dou uma descarga para não pensar que aquilo foi em vão.

— Ainda por cima está descalço, se ficar doente eu não vou cuidar não.

Quando eu fico doente ela sempre cuida de mim, essas palavras são sempre para me assustar e me manter na linha, mas eu nem levo em consideração mais.

— Desculpa.

Volto para meu quarto e apenas coloco um tênis, não iria me dar ao trabalho de trocar de roupa para ir a um lugar com pessoas mais mal vestidas do que eu.

— Está pronta? — Minha mãe pergunta quando chego na cozinha, ela estava sentada à mesa com meu irmão ao seu lado.

— Estou.

— Não parece — Escuto uma risada de Finn — Não ria, seu cabelo também está uma bagunça.

Finn faz uma cara de tédio e enrola um de seus cachos nos dedos.

— Hoje vocês vão andando.

— O que? — Eu e Finn falamos juntos.

— Não estou com saco para tirar o carro só pra levar os dois, vão andando.

— Mas a escola é longe — O cacheado joga a cabeça para trás logo depois de urrar.

— São só 20 minutos andando, vocês dão conta — Dito isso, ela sai e nos deixa sozinhos.

— Eu não quero ir a pé — Ele diz com tédio.

— Se fosse só você... — Coloco a mochila nas costas e o puxo para fora de casa.

Abro a porta de casa e faço questão de bater na hora de fechar, apenas para atrapalhar o sono da querida abelha rainha.

— Ela vai ficar brava com você quando voltarmos.

— Ela sempre fica, agora calado, caso contrário eu pego outro caminho e só te encontro em casa.

— Eu prefiro ir por um caminho diferente, não gosto de você — Finn me dá língua.

— Eu te deixaria ir por outro caminho com muito prazer, mas infelizmente a rua de manhã é vazia e perigosa — Digo colocando a mão em seu ombro — Se algo acontecer com você eu morro.

— Você não consegue nem se defender, quem dirá defender nós dois.

— Já que tá se achando o fodão vai sozinho hoje, mas se alguma coisa acontecer com você eu já adianto que nao deve ter medo da mamãe e do papai, e sim de mim.

Que a Igreja pegue fogo {SILLIE}Onde histórias criam vida. Descubra agora