Onze

239 32 11
                                    

- Por favor, me responde o que foi aquilo - Acordo assustada com uma ruiva em cima de mim me chacoalhando.

- O que? - Meus olhos são abertos tão lentamente que me pergunto se estava mesmo me esforçando para acordar - Sadie, me deixa dormir.

- Já são quase onze da manhã, a essas horas a minha avó já está ficando louca achando que Deus levou sua alma enquanto dormia.

- Pelo visto não é só sua avó que está ficando louca - Empurro a ruiva de cima da minha barriga - Se quiser que eu me levante vai ter que sair de cima primeiro.

Como se um sino tocasse em sua cabeça, a garota se joga da cama em um pulo extremamente dramático.

- Eu já tomei café da manhã, sabe... A umas três horas atrás, mas se quiser eu posso repor a mesa e te acompanhar em um segundo round.

- Não precisa, eu me acostumei a sair de casa sem tomar café, minha mãe não tem muita paciência de manhã - Me sento na cama e limpo um fio de baba - Aliás, sabe onde está meu celular? Preciso ver se ela me ligou ou mandou mensagem.

- Eu já me adiantei - Sink tira meu celular de seu bolso, e só então eu percebo que ela já havia trocado de roupa - Sem mensagens e sem ligações. Tem certeza que ela se importa com você?

- Cale a boca - Jogo o travesseiro que estava sob minhas costas em seu rosto - Eu sei que ela se importa, nunca mais fale algo assim.

- Desculpa, só estava brincando.

- Igual queria brincar comigo ontem a noite? - Pergunto em um tom brincalhão, mesmo que ainda estivesse um pouco alterada.

- Ah, era por isso que eu estava te acordando! - Sadie sorri e estala os dedos

- Certeza que não me acordou porquê sua vó estava prestes a tentar me ressuscitar?

- Pode ser também - Ela se senta ao meu lado na cama - Mas é que eu me senti mal a noite inteira pensando que você fez aquilo se sentindo pressionada.

- Sadie, foi só um selinho. Você mesmo disse, é isso que amigos fazem - Mesmo negando eu me senti sim meio pressionada, mas não era nada com o que se preocupar. Sadie não chegou a me forçar a nada e eu gosto dela.

- Certeza que está tudo bem?

Coloco a mão no rosto da ruiva e lhe roubo outro selinho.

- Eu tenho certeza.

Sadie fica paralisada, talvez estivesse tão vermelha quanto seu cabelo. Sua reação era confusa, por um lado ela me diz que isso é comum entre amigos, e por outro eu me lembro que ela não me citou nenhum amigo.

- Eu preciso de outra roupa, pode me emprestar uma?

- Ah, sim, claro que posso... eu vou buscar algo - Ela se levanta e vai até o guarda roupa - Não algo algo, algo é roupa, sabe?

- Você está parecendo uma idiota assim - Dou uma risada e me levanto.

- Quer saber, acho que você consegue se virar. Escolha a roupa que quiser, estarei lá embaixo te esperando.

Quando Sink fecha a porta do quarto eu me apresso para bisbilhotar suas roupas. Pego um vestido verde florido e o visto, de quebra vejo seu all star verde jogado no meio do chão e logo me apresso para conferir a numeração.

- Se apossou até dos meus sapatos? - Sadie cruza os braços quando eu me sento ao seu lado no sofá.

- Você mandou eu me virar.

- Eu não mandei você se virar, eu disse que você conseguia.

- Mas deixou aquilo subentendido.

- Está parecendo Evelyn Hugo com essa roupa monocromática - Ela se levanta do sofá - Venha, temos muito chão pela frente.

- Onde vamos? Eu tenho que voltar pra casa antes de entardecer.

- Não vem com essa, sua mãe nem disse nada - Sadie me puxa para me levantar - Está fugindo de mim?

- Eu garanto que mesmo que tentasse não iria conseguir.

Sadie para de andar e se vira para mim.

- Não to' te entendendo - Sua forma irônica de falar me arranca uma risada nasal.

- Só continua andando - Coloco a mão em suas costas a estimulando a seguir a diante.

...

- Você tem dinheiro? - A ruiva me pergunta assim que paramos em um ponto de ônibus.

- De quanto precisa?

- R$5,50.

- Não tenho.

- Quanto você tem?

- Nada.

A de olhos azuis bate a mão na testa e fica paralisada na posição tempo o suficiente para que eu comece a me assustar.

- Não sei do que estou reclamando, também não tenho um centavos se quer - Ela sorri com seus dentes desalinhados - Já que não temos mais o ônibus, vamos ter que ir a pé.

- Ainda não me disse onde vamos - Digo manhosa.

- Assim estraga a surpresa!

- Não gosto de surpresas.

- Tudo bem, nós vamos a um bazar.

- Uau - É tudo que eu digo.

- Não faça essa cara, já foi em um bazar antes?

- Já sim, Sadie, muitas vezes.

- Mas nunca foi a um bazar comigo - Ela me puxa pelo pulso.

- Toda vez que formos sair você vai me arrastar feito boneco de pano? - Questiono tentando soltar o braço.

- Então quer dizer que afirma um futuro em que vamos sair mais vezes?

- Acho que não consigo escapar disso.

.

.

.

Não revisado!!!!

Que a Igreja pegue fogo {SILLIE}Onde histórias criam vida. Descubra agora