Sete

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🤺

— Estamos chegando? — Pergunto me arrastando atrás de Sadie.

— Quanto mais você reclama mais longe eu te levo — A ruiva me respondeu colocando uma bisnaguinha na boca, ela já havia comido metade do pacote sozinha.

— Eu vou voltar, já está ficando tarde e eu ainda não confio em você — Disse indo para a direção oposta de antes.

— Não, por favor.

Sadie me puxa pela mão, me fazendo ficar mais próxima de seu rosto do que deveria.

— Me desculpa. Mas não posso permitir que vá embora agora, é perigoso.

— É só você ir comigo, sua vó vai ficar preocupada.

— Ela não vai nem perceber, agora chega de enrolar — Sadie agarra meu braço, mas dessa vez apenas me guia para dentro de um mato muito mais alto do que deveria ser.

— Eu estou só vendo que daqui a pouco aparece um helicóptero da Record sobrevoando a gente — A ruiva ri da minha fala — Não é piada.

— O que um helicóptero da Record faria no meio do mato em uma noite vazia?

— O que ele não faria?

— Só relaxa.

Sink abre caminho com a mão até chegar em uma parte plana, porém, ainda cercada com mato e agora árvores imensas.

— Uau, mato — Me solto de seu aperto encarando o local.

— Exato, mato! — Sua empolgação me faz rir um pouco, talvez de desespero, mas me fez rir.

— E o que pretende fazer aqui?

— Não é aqui, e sim lá — Ela aponta para mais uma fileira de mato — Vá na frente.

— Eu não, tá maluca? — Corro para suas costas, protestando contra a liderança.

— Por favor.

Suspiro encarando o chão por breves segundos. Puxo Sadie para o lado, ficando mais perto do matagal que nos cercava.

— Tem certeza?

— Anda logo — A de olhos azuis me empurra com mais força do que eu esperava, me fazendo cair dentro de onde eu temia passar.

Gemi de dor ao cair em cima de meu próprio corpo, me levantei passando a mão pelos joelhos ralados.

— Filha da mãe — Resmungo limpando minha roupa — Quando resolvo me arrumar aparece uma maluca pra me derrubar no mato.

Levanto a cabeça encarando a vista em minha frente, e me dou conta que por uns cinco passos eu não caio em uma gigantesco barranco formado por lama e pedras. Quando o susto passa me permito admirar a lua centralizada em meus olhos, iluminando a mim e a todo o resto em minha volta com seu estonteante brilho.

— Gostou, não é? — Me viro para Sadie que estava em meu lado.

Os olhos azuis pareciam mais claros diante da luz natural da noite, sua pele pálida ficava mais mórbida e seus cabelos se destacavam em meio a pequena brisa da noite.

— Senta aqui — Ela me puxa pelo braço para sentar na beira do barranco, onde havia uma pequena placa de madeira criando um assento.

Ainda em silêncio encaro tudo em minha volta, derrepente o simples mato se pareceu mais com o que Sadie aparentava ver. Uma linda floresta parecia se formar em minhas costas, me fazendo ouvir o cantar dos pássaros e o andar dos animais.

— Eu gostei — Observei o sorriso da ruiva aumentar quando absorveu minhas palavras, seus dentes tortos lhe davam uma característica a mais.

— Eu sabia que gostaria.

— Uma pena que comeu quase tudo no caminho — deito na madeira, encarando o desenho das estrelas no céu.

— Mas te trouxe outra coisa — Espio por cima da minha barriga, vejo a ruiva acender um cigarro e tragar uma vez antes de me estender o mesmo — Estava te devendo.

— Pensei que não aprovasse essas coisas — Me sento outra vez, pegando o cigarro.

— Não posso te obrigar a fazer algo ou a não fazer, não posso obrigar ninguém além de mim mesma.

— Curioso que você me obrigou a vir aqui hoje — Coloco o cigarro na boca.

— Ninguém deveria morrer antes de ver essa vista — Sadie volta a encarar a lua.

— Obrigada, eu acho — Apago o cigarro no chão.

— Por que fez isso? Tem noção do quão difícil foi conseguir essa coisa?

— Não preciso disso, não agora — Fecho os olhos ainda vendo a lua em minha mente.

— Fico feliz — Escuto sua voz se aproximar.

Abro os olhos e no mesmo instante Sink encosta a cabeça em meu ombro, me asustando.

Por impulso acabo me esquivando, mas por falta de equilíbrio tenho que ser segurada pela outra, que acaba se desequilibrando também.

— Essa porra vai cair — Ela grita assim que a placa de madeira escorrega ladeira abaixo.

Me agarro mais ainda a Sadie quando deslizamos pela terra molhada com nossa mais nova prancha de surfe.

A ruiva ria descontroladamente enquanto tentava manusear a madeira para que não caissemos em nenhum buraco ou batessemos em uma pedra, mas eu só conseguia gritar por misericórdia.

— Isso é foda pra caralho — Ela grita olhando para mim.

— Isso é assustador — Começo a rir de desespero.

— Só aproveita — Ela grita mais uma vez.

Quando percebo a situação sobre controle solto meus braços e começo a deixar escapar toda minha felicidade através da minha voz.

— Se segura! — Quando percebo suas palavras atingimos uma pedra, nos jogando uma para cada lado.

Vejo tudo rodando e então bato a cabeça no chão, o que me fez um pouco tonta por instantes bem pequenos.

— Você está bem? — Sink me levanta do chão, me examinando com os olhos — Me responde.

— Eu acho que sim — Respondo baixo pelo choque.

Sadie olha de onde caímos, olha para a madeira que nos derrubou, a pedra que atingimos e por fim tem seus olhar em mim. E quando menos espero ela começa a rir.

— Isso foi incrível — Ela me dá as mãos enquanto começa a pular.

Não consigo conter a risada e me solto junto com ela, a acompanhando nos pulos e gargalhadas em meio a um grande poço de lama.

— Você tá tudo fodida — Sink diz rindo me fitando.

—  E você tá sangrando — Rio passando a mão em sua bochecha cortada, entretanto nada muito grave.


Que a Igreja pegue fogo {SILLIE}Onde histórias criam vida. Descubra agora