Vinte e um

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— O que aconteceu?  Pensei que fosse voltar com a Sadie — Minha mãe disse assim que eu e meu irmão entramos em casa.

— Não quero falar sobre isso — Respondi com a cabeça baixa, sem dar muita atenção.

— Millie Bobby Brown, olhe pra mim quando eu estiver falando — Ela diz autoritária, me fazendo encarar seus olhos.

— Sim senhora.

— Me responda você, Finn — Mamãe levanta o queixo do menor com o indicador.

— É tudo culpa da Millie! Ela estragou tudo — Seus olhos se encheram de lágrimas e seu rosto ficou vermelho — Ela fez a Sadie ir embora.

Finn se soltou de nossa mãe e correu com a mochila nas costas para seu quarto, fazendo questão de bater a porta com força.

Minha mãe suspirou e abaixou a cabeça, ficando em silêncio por um tempo desnecessário.

— Não foi assim — Me arrisquei a falar — Ela... ela vai embora e não me disse nada.

Minha mãe continuou queita, sem me olhar.

— Eu agi por impulso, mas eu juro que não fiz nada...

— A sua única amizade que presta — A mulher começou, ainda sem me olhar — A unida amizade que presta você estraga.

— Mas mãe-

— Mas mãe nada — Bateu a mão na mesa da cozinha — Sobe pro seu quarto agora e arruma aquela porcaria toda.

Fiquei a encarando com os olhos marejados.

— Agora!

Sai correndo segurando o choro tentando não dar mais motivos para ela brigar comigo. O que ela queria que eu fizesse? Sadie não vai mais estar aqui, tudo acabou.

Parei em frente a porta do quarto de Finn, estava um silêncio naquele quarto.

Aquele garoto fez questão de piorar toda a situação que já estava ruim, e eu não aguentava mais ele colocando a culpa de tudo que acontecia em mim.

Bati na porta rapidamente, mandando ele abrir.

— O que você quer? — Ele gritou.

— Abre essa porta agora, Finn — Bati a palma da mão aberta, fazendo um grande barulho.

— Vai embora!

— Se você não abrir essa porta agora eu vou arrombar ela — Aumentei meu tom de voz enquanto sentia algumas lágrimas caírem em minha boca.

A porta se destranca e assim que entro vejo o garoto me olhando feio.

— Escuta aqui — Entrei no quarto e fechei a porta atrás de mim — Por que fez aquele showzinho todo, ein?

— Cala a boca — Ele se deitou na cama e ergueu os pés.

— Cala boca você, eu tô mandando você me escutar — Parei na frente dele — Será que você ainda não percebeu que a mãe me odeia? Odeia muito. Não percebeu que ela tenta achar qualquer coisa pra gritar comigo e me desprezar?

— Eu não tenho nada a ver com isso — Ele mostrou a língua.

— Tem sim, você tem — Comecei a apertar minhas mãos para não esmurrar ele — Você sempre dá um jeito de piorar tudo pra mim e depois diz quem não tem nada a ver? Se você não tivesse nada com isso não teria chegado em casa chorando igual um bebê dizendo que a culpa é minha.

— Mas a culpa é sua — O cacheado se sentou na cama, com o rosto vermelho.

— Seu moleque — Agarrei seu pulso, o fazendo ficar parado — A culpa não é minha que a Sadie vai se mudar, a culpa não é minha que ela escondeu tudo isso de mim, e a culpa não é minha que ela não contou isso pra você também.

— Tá machucando, Millie!

— Eu não acabei — Aproximei meu rosto — Não foi só você que perdeu ela, ok? Eu também perdi, perdi minha única amiga de verdade. E se você acha que tá' sendo ruim pra você comece a crescer olhar a sua volta, não tem só você de vítima.

Soltei seu pulso e sai do quarto do garoto batendo os pés, sem me importar com a fúria da minha mãe.

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NAO REVISADO

Que a Igreja pegue fogo {SILLIE}Onde histórias criam vida. Descubra agora