Vinte e nove

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Sadie estava agachada perto de minha cama, talvez tentando se fazer imperceptível caso aquela porta fosse arrombada.

— Será que dá pra você fazer algo de útil? — Sussurrei.

— Tipo o que? Me matar na frente da sua mãe?

Fechei os olhos e respirei fundo para não virar uma sirene ambulante.

— Sadie, vai abrir a porcaria da janela!

— Pra que? — Ela me olhou confusa.

— Pra eu te jogar. Abre logo isso.

Encarei a ruiva que ficou imóvel diante da minha declaração.

— Espera, você tá falando sério?

— Sadie, só abre essa janela logo.

Continuei sentada perto da porta, estava ouvindo a conversa super entediante dos meu pais a respeito de alguma coisa dita na igreja. Me senti rejeitada por não estarem falando de mim, mas no momento eles realmente deveriam me esquecer.

— Millie — Sadie sussurou desesperada para mim.

— Pelo amor de Deus, o que foi? — Sink estava sentada na minha cama, com as mãos na janela e lágrimas nos olhos, pensei até mesmo que ela poderia se cortar em algum pedaço de ferro velho.

— Tá emperrada.

Por impulso, bati minha mão na porta, fazendo a conversa parar no mesmo instante. Fixei meus olhos em Sadie para alertar que não fizesse nenhum barulho, e pelo visto deu certo, mesmo que ela estivesse com lágrimas nos olhos.

— Eu vou sair — Coloquei a mão na maçaneta, virando ela o mais devagar possível para não fazer mais nenhum barulho.

Pelo contrário do que eu imaginei, a ruiva não tentou me impedir ou se quer chorou. Possivelmente havia paralisado.

Quando abri a porta do quarto me coloquei no chão novamente, comecei a engatinhar pelo corredor que ligava meu quarto e o de Finn. Era um corredor pequeno, mas mesmo assim eu o atravessei em longos minutos, afim de não fazer nenhum escândalo.

— Millie?

Levantei meu rosto no mesmo segundo que escutei outra voz ao meu lado, era Finn, no topo da escada, com um prato de comida nas mãos. Sinalize para que ele ficasse quieto, mas pelo visto não funcionou muito bem.

— Mãe!

Me coloquei de pé e corri para tapar a boca dele.

— O que? O que você está fazendo?

— Você me abandonou, Millie.

— Isso não faz nem cinco horas direito, e eu voltei, não é?

Finn tombou o pescoço para dentro do quarto e viu a ruivinha paralisada.

— Vocês voltaram — o caçula olhou dentro dos meu olhos e me empurrou — Você não voltou por mim, preferiu sair com sua nova namorada e me deixar aqui junto com aqueles dois.

— Finn, você viu o que aconteceu, queria mesmo que eu ficasse aqui e deixasse a Sadie ir embora outra vez?

— Eu só queria que você me levasse junto — Seu rosto começou a ficar vermelho, eu sabia que ele estava prestes a chorar — Eu queria que você soubesse dividir sua atenção comigo pelo menos uma vez.

Fiquei em silêncio sem ao menos saber como consolar meu irmãozinho, que de pequeno já não tinha mais nada. Mas senti que pela primeira vez na minha vida eu não tinha uma resposta na ponta da língua.

— Foi o que eu pensei — Concluiu.

Minha mãe chegou ao topo das escadas bem no encerramento da nossa pequena conversa, e sua cara não era das melhores. E pra piorar, Sadie resolveu sair do quarto na mesma hora, piorando ainda mais a situação.

— Amor, você ainda tem o endereço daquele internato? — Ela gritou para meu pai escutar enquanto olhava para nós duas.


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NÃO REVISADO

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⏰ Última atualização: Jan 12 ⏰

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Que a Igreja pegue fogo {SILLIE}Onde histórias criam vida. Descubra agora