Nove

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— Está com raiva de mim? — Pergunto para a garota de costas para mim na cama.

Desde que minha mãe havia saído, Sadie não trocou uma palavra se quer comigo, e isso já faziam quase duas horas.

— Está triste comigo?

Silêncio mais uma vez.

— Sei que não está dormindo — Dou um tapinha em suas costas — Fala sério, Sadie. Se eu soubesse que ficaria assim eu acho que teria ido dormir em casa mesmo.

Bufo irritada e me jogo na cama outra vez.

— Deveria ter ficado em silêncio quando minha mãe apareceu também.

— Eu não faria isso — Ela finalmente fala comigo, mas ainda sem se virar para mim.

— Pois deveria.

— Pra que? Sua mãe nunca mais te deixar sair e você apodrecer dentro de casa?

— E você se importa? Me conhece a menos de um mês — Aumento o tom de voz.

— Eu me importo, merda — Ela se vira para mim e também aumenta o tom — Não importa o tempo que eu te conheço.

— E por que se importa?

— Você não percebe? —  Ela abaixa o tom e fica me encarando com aqueles maravilhosos olhos azuis.

— Percebo o que?

Sadie se vira ficando de costas para mim como antes.

— Não faz assim, por favor. Me desculpa ter gritado com você, me desculpa ter falado de algo que você não queria, me desculpa qualquer coisa, só não fica de mal comigo.

— Já que insiste...

A ruiva se vira para mim e começa a me atacar com coceguinhas.

— Não! Isso não. Tenha piedade de mim — Falo em um tom de fantasia.

— Você não sente cócegas? — Sadie para por um segundo.

— Não, mas quem sabe você sente — Subo em cima da garota e a torturo a fazendo rir.

As gargalhadas de Sink eram incrivelmente contagiosas, e por mais que a brincadeira no momento não fosse comigo, eu ri muito mais do que ela.

— Trega, por favor — Ela diz entre risos.

— O que tem a me oferecer como troca da sua liberdade, madame?

— Eu não sei, que tal isso? — Sadie bate em meu braço que era usado de apoio para que meu corpo não caísse sobre o seu, o que obviamente me fez cair sobre ela.

— Aí minha costela — Reclamo de dor.

— Eu que digo, sai de cima de mim.

— Foi você que me derrubou — Volto a apoiar meu braço.

O sossego que ficamos é incrível, nem eu e nem ela nos aventuravamos abrindo a boca para falar um piu que fosse. A ruiva não protestou por eu ainda estar por cima de seu corpo, e eu também não estava achando ruim. Eu sentia mais de perto o seu cheiro de chocolate que não aparentava ser nenhum perfume.

Os olhos de Sadie pareciam mais azuis que o normal, como quando fomos ver a Lua, essa mudança de tonalidade me fez questionar o verdadeiro azul de seus olhos. Seus lábios rosados desenharam um belo sorriso envergonhado, o que trouxe o meu a tona juntamente.

— É impressão minha ou está gostando da vista? — Falo e me divirto vendo suas bochechas ficarem vermelhas feito seus lábios.

— Na verdade, estou gostando, e muito.

Fico constrangida escutando suas palavras, o que me fez pensar que Sadie poderia ter uma queda por mim. Não que eu me ache nesse nível. Mas não era muito reconfortante pensar nisso, meu estômago até se revirava em incerteza e mas algum sentimento que não sabia descrever.

— Está ficando estranho já — Falo fazendo uma careta.

— Então por que não sai de cima de mim?

Me jogo para trás, saindo de cima da ruiva e caindo em cima da cama.

— Qual é, Millie, você vive muito dentro da caixa.

— As vezes parece que você está dando em cima de mim.

— Essa é a amizade moderna, vive dentro de uma caixa?

— Não, mas quem sabe eu viva no inferno — Dou risada da minha própria fala.

— Eu não estou dando em cima de você, é só brincadeira — Sadie se senta em cima de mim — É assim que adolescente se conunicam, se interagisse com outras pessoas saberia.

Ela falava com tanta firmeza que eu me deixava levar por suas palavras, mas mesmo assim os seus olhos não me diziam que era brincadeira, mas não iria contestar. Eu sentia meu estômago se revirar ainda mais sentindo o corpo dela sobre o meu.

— Tudo bem, mas já deixo claro que eu acho muito estranho.

— Você se acostuma.

— Não sei, você chegou com isso muito do nada — Me remexo não conseguindo ficar parada diante dessa situação — O que mais amigos assim fazem?

— Eles se beijam.

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NÃO REVISADO

Que a Igreja pegue fogo {SILLIE}Onde histórias criam vida. Descubra agora