26: O tempo irá provar.

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MAIO, 1977

James realmente não entendia. Ele não entendia como familiares conseguiam se odiar tanto: irmãos, primos, pais e filhos. Pior ainda, ele não entendia como essas dinâmicas funcionavam na família Black. Esta era a família sobre a qual James tinha mais conhecimento, mesmo sendo um bruxo de antepassados puro-sangue e tendo um nome conhecido na Elite. Ele e sua família nunca foram próximos de outros bruxos totalmente puros que não fossem os Weasley. Eles eram considerados traidores de sangue, e James adorava esse fato.

Ele havia tido um conhecimento maior sobre os Black a partir do primeiro ano, quando se tornou amigo de Sirius Black. Sirius, que voltava das férias de verão cheio de hematomas pelo corpo, e que chorando quando as férias estavam próximas, ele passava noites chorando porque não queria voltar para casa. James, Peter e Remus sempre souberam da condição de vida de Sirius e tinham tremenda empatia pelo amigo. Muitas vezes, James também chorou, relembrando os relatos que o amigo contou entre lágrimas após mais um verão. Ele nunca chorou na frente de Sirius, porque precisava limpar as lágrimas do amigo, mas chorou distante, não conseguindo imaginar tamanha crueldade que alguém poderia ter para machucar tanto assim outra pessoa. Ainda mais, sendo sua própria família.

James realmente não entendia. Por que Sirius odiava tanto seus irmãos mais novos? Mesmo sabendo que isso não era totalmente verdade, ainda assim ele precisava desprezá-los em qualquer oportunidade que tivesse. Ele não entendia por que Sirius não conseguia ter por eles a empatia que ele próprio recebia de seus amigos, visto que os três eram irmãos, com os mesmos pais, os mesmos problemas.

Ele não entendeu quando Sirius foi morar com ele e seus pais, e Dumbledore foi contatado sobre isso, olhou nos olhos de Sirius e perguntou: “E sobre seus irmãos mais novos?”. O menino apenas deu de ombros e disse que eles estavam bem lá, e de qualquer forma, não iriam querer ir embora. James não entendeu porque Saphira e Regulus não iriam querer vir com Sirius, porque eles não conseguiam simplesmente perceber estarem sendo não ensinados, mas torturados naquela casa.

Ele não entendeu quando Sirius falou coisas horríveis sobre Saphira: como ela era parecida com a mãe, como ela iria se tornar uma Comensal da Morte em breve. Ou quando Saphira xingou Sirius de egoísta, quando ela uma vez mandou que ele morresse, pois, já era um peso morto. Mas pior ainda, ele não entendeu por que Regulus havia feito aquilo com ela. Pois, era Regulus quem ela cuidava, desde a primeira vez que James viu Regulus, o irmão caçula de Sirius, ele estava se escondendo atrás de Saphira.

Enquanto caminhava com passos firmes em direção à biblioteca, sentindo raiva e injustiça queimando em suas veias, ele percebeu que era tudo bem não entender. Ele realmente não queria compreender a forma doentia com que essa família interage entre si, ele, na verdade, nunca seria capaz de entender algo assim.

O local estava consideravelmente vazio, mas os olhos dele buscavam uma pessoa específica, andando entre as mesas e os olhares curiosos. Não se importou com nada, e achou que alguém poderia ter falado algo para ele, não ouviu. Seus tênis vermelhos apenas pararam quando ele estava em frente a uma mesa ocupada por três pessoas. Regulus, Barty Crouch Jr., e uma garota loira que ele não conhecia. Os três levantaram os olhos para ele, estavam provavelmente imersos em estudos. Avançando, com o olhar fixo em Regulus, James nem sequer olhou para os outros dois. 

— Regulus — disse ele, com a voz firme. — Quero falar com você.

Regulus levantou os olhos do livro escuro que lia, então fixou-se no rosto de James e um sorrisinho de deboche brincou em seus lábios. Os outros dois também riram, mas James não se importou.

— Então fale.

— Quero falar com você sozinho, ou será que você não é capaz de entender isso? 

BLACK BEAUTY / JAMES POTTEROnde histórias criam vida. Descubra agora