MARÇO, 1977
ㅤHavia uma distinção nítida entre amor e paixão, como alguns afirmavam. Enquanto o amor era descrito como um sentimento profundo, duradouro e estável, repleto de cuidado e zelo pela outra pessoa, a paixão era vista como algo mais efêmero, impulsionado principalmente pelo prazer carnal.
Saphira lutava para compreender essa diferença. Nos livros de Hogwarts, não encontrava uma explicação clara para os sentimentos que havia começado a experimentar nos últimos dias. Desejava ansiosamente um manual de medibruxaria que definisse com precisão os sintomas do amor. Questionava-se ser normal sentir seu coração palpitar descontroladamente na presença de James, se era comum experimentar aquele frio na barriga, o brilho nos olhos, o suor excessivo, os suspiros, a falta de sono e apetite.
James.
Ela o desejava tanto que os poucos minutos livres que tinham juntos pareciam insuficientes. Os encontros furtivos, os beijos roubados, os toques delicados, os elogios sussurrados e o medo constante de serem pegos a qualquer momento.
Ele tinha o dom de deixá-la envergonhada com cada palavra que proferia, de fazê-la arrepiar-se a cada toque, de fazer seus olhos brilharem ainda mais a cada encontro, e de apertar seu coração com saudades assim que se separavam.
Se dependesse dela, passaria o dia inteiro beijando James Potter. Poderia beijá-lo repetidamente por horas a fio e nunca se cansaria daquela sensação. Saphira Black nunca se cansaria de James Potter.
De repente, as noites de sexta na biblioteca adquiriram um novo motivo para Saphira, tornando-se o ponto alto da semana para eles. Sempre escolhiam o mesmo lugar onde haviam compartilhado seu primeiro beijo, sob as estrelas e a meia-lua que brilhavam através das janelas sem cortinas, banhando-os em uma luz suave e reconfortante.
James descansou a cabeça nas coxas de Saphira, que estavam cobertas por uma meia-calça fina e escura. Ela sentiu o peso familiar e automaticamente começou a acariciar seus cachos com delicadeza, evitando desfazê-los. Enquanto ela o fazia, ele permanecia em silêncio, perdido na contemplação dela, daquele ângulo único.
Era raro encontrar James Potter calado, o ato de falar para ele sempre foi fácil, natural. Mas naqueles momentos preciosos, tudo o que ele desejava era simplesmente admirá-la em silêncio.
— Você é tão belo — murmurou ela suavemente, traçando os cachos cuidadosamente arrumados com o dedo. — Em todos os aspectos, nunca conheci ninguém tão belo quanto você.
— Você quem é perfeita — respondeu, como se refutasse suas palavras. — Eu sou apenas mais um admirador da sua beleza etérea.
Saphira riu, uma melodia encantadora fluindo de seus lábios.
— Desde quando você começou a usar essas palavras difíceis, James Potter?
James arqueou uma sobrancelha, ainda deitado em seu colo, sem desviar os olhos castanhos do rosto da garota que ele tanto amava.
— Bem, eu estava pesquisando no dicionário por palavras elegantes e complexas para elogiar minha namorada intelectual.
Mais uma vez, uma onda de sentimentos calorosos invadiu Saphira, preenchendo-a completamente com sensações que nunca experimentara antes, mas que já estava começando a se tornar familiar. James tinha esse efeito sobre ela; sempre que pensava nele, ou o ouvia falar, ou simplesmente o tocava, esses sentimentos a envolviam mais uma vez, como uma doce melodia que ela não se cansava de ouvir. Não era mais algo tão novo para ela.
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BLACK BEAUTY / JAMES POTTER
Fanfiction𝑺aphira Black, uma jovem que está presa aos preconceitos e tradições de sua família purista, é, frequentemente obrigada a conviver com James Potter, um garoto destemido e de bom coração da Grifinória. Inicialmente, ambos se detestam, mas com o deco...