34: Hora de Esquecer.

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Julho, 1977

À meia-noite, Jeffrey bateu no quarto de Saphira e ela o deixou entrar. Havia se arrumado para a ocasião, penteando bem seus cabelos e vestindo uma blusa de manga longa roxa, saia escura e suas botas. Jeffrey havia colocado um casaco de frio preto, calças da mesma cor e botas de couro. Todos na casa já estavam adormecidos, e Saphira esperava que nenhum dos quadros visse eles e os denunciasse para Walburga, nenhum dos elfos também.

— É bom você saber que isso não é romântico, Donovan — ela avisou aos murmúrios, enquanto os dois deixavam o quarto dela e iam descendo as escadas. A única iluminação era o Lumus em suas varinhas, a casa estava totalmente escura e imersa no crepúsculo.

— Claro, porque você tem aquele seu namorado sangue-ruim — ele respondeu com humor, quando já estavam no andar de baixo e caminhando calmamente até a porta de entrada.

Foi tudo muito rápido, teve a adrenalina, é óbvio, a ideia de repentinamente Walburga sair do quarto e os pegar no flagra, ou algum quadro gritar com eles. Mas tudo ocorreu bem, eles abriram a porta de entrada com Alohomora e logo sentiram o vento frio de uma madrugada em Londres soprar contra os dois. Aquela era uma das raras vezes em que Saphira pisou naquela rua, já que nunca saía de casa, estava sempre aparatando para os lugares e literalmente vivia em Hogwarts.

Eles começaram a se afastar da casa, seus passos ecoando suavemente na vizinhança ainda adormecida. Jeffrey pegou na mão dela, mas ela nem percebeu, estava exasperada demais com a sensação de estar liberta, mesmo que fosse falso, mesmo que fosse temporário. Estava tentando não pensar em sua casa agora, em Lord Voldemort, na guerra e na marca eterna que ainda não cicatrizara em seu pulso.

— Para onde exatamente estamos indo? — ela sussurrou, olhando para Jeffrey, que caminhava ao lado dela.

— Para onde você quiser. Todos os lugares estão fechados agora, podemos entrar em qualquer um deles usando o Alohomora e pegar o que quisermos.

Saphira pensou por um momento, com uma pequena faísca de excitação nos olhos diante da ideia de tomar o que quisessem sem consequências.

— Vamos a uma loja de esquina então — ela sugeriu com um sorriso malicioso. — Meu cigarro acabou, preciso de mais.

Eles caminharam até a primeira lojinha trouxa que acharam, parecia pequena e provavelmente aquelas lojas de família. Saphira ficou excitada com a ideia de poder roubar o que quisesse dos trouxas, até mesmo deturpar ou destruir o que desejassem. Jeffrey usou o Alohomora e eles entraram. Houve um barulho de sino no alto quando empurraram a porta de vidro, mas não se importaram. Eles utilizaram o Lumus mais uma vez porque estava escuro.

No lado de dentro, a loja parecia grande, mas acabava sendo pequena por tantas prateleiras repletas de mercadorias. Saphira nunca havia estado em um estabelecimento trouxa antes, mas não era muito diferente das lojas em Hogsmeade, exceto é claro; não havia objetos esvoaçantes e outras maravilhas mágicas, era apenas tudo trouxa e inútil.

Se separaram, Saphira foi em direção aos cigarros próximos ao caixa e pegou vários e de várias marcas, colocando todos na pequena bolsinha preta que havia levado. Ela poderia pagar por toda aquela loja se quisesse, mas a ideia de roubar era mais excitante. Jeffrey foi em direção uma geladeira que armazenava bebidas, ele abriu um vinho e deu um longo gole. Olhando ao redor da loja, eles sentiam o poder e a excitação de suas ações rebeldes. Saphira estava livre, finalmente se sentia livre.

— Ei, Saphira. — Ela acendeu o cigarro e tragou a fumaça, e se virou para ele. Jeffrey começou a despejar o líquido da garrafa no chão e Saphira começou a gargalhar, principalmente quando ele jogou a garrafa inteira no chão, causando um alto barulho de vidro e uma bagunça vermelha no piso.

BLACK BEAUTY / JAMES POTTEROnde histórias criam vida. Descubra agora