28: Ultraviolência.

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Junho, 1977

Era dia de exames finais, e isso significava um dia cheio de afazeres e muito corrido e exaustivo. Os exames do sexto ano pareceram ainda piores e mais difíceis do que os NOMs que tiveram que prestar no ano passado, acompanhado de algumas provas práticas de DCAT, Feitiços e Transfiguração. Ao menos, James esperava ter se saído muito bem e parecia ligeiramente feliz com seus resultados, ao sentar-se aos pés de uma árvore, tocando a grama verde do início do verão com as mãos. Peter estava ao lado dele, parecia ainda tão nervoso quanto estava ao realizar seus exames, Peter estava sempre muito ansioso em tudo o que tinha que fazer.

— Eu odeio redação, odeio escrever, odeio mesmo! — ele comentou, passando nervosamente suas duas mãos pálidas e úmidas no rosto redondo.

— Ah, relaxe, Pete — James resmungou, dando um leve toque nos largos ombros do amigo. — Foi só uma redação boba, já passou. Acho que também não fui muito bem, mas quem se importa? Seremos aurores daqui a um ano, estaremos lutando contra Comensais da Morte não escrevendo sobre eles ou para eles.

— Você será auror.

James franziu o cenho de leve, virando-se para ele.

— O quê? Você desistiu?

— Não é bem uma questão de desistir, é só ter consciência. Você, Remus e Sirius têm mais chances de passar do que eu.

James sentiu um aperto no peito ao ouvir as palavras de Peter. Ele sabia que o amigo estava sempre lutando contra suas inseguranças, mas não queria que ele desistisse de seu objetivo, nem sequer se subestimar perante seus próprios amigos.

— Pete, não diga isso — ele respondeu com firmeza, olhando diretamente nos olhos de Peter. — Somos um time e se um de nós for, todos vamos juntos. Não vou deixar você ficar para trás.

Peter, que estava cabisbaixo, também sentado na grama, apenas deu um sorriso fraco, ele estava enrolando um fio solto de sua capa no indicador.

— Eu sei, mas é só que tipo assim… Você sabe como são rigorosos e exaustivos os NIEMs. E para piorar, os exames para aurores! Duvido que eu passe, e eu sempre fui o mais fraco, burro, inútil de nós.

James balançou a cabeça com firmeza, colocando a mão no ombro de Peter novamente, apertando-o com força.

— Pare de ser bobo, Peter. Você não é nenhuma dessas coisas. Você é nosso amigo, meu melhor amigo.

— Sirius é seu melhor amigo — corrigiu, balançando a cabeça.

— Não, Sirius é meu irmão, mas você é o meu melhor amigo. Peter, nós brincamos juntos a nossa infância toda, você dormiu na minha casa e eu dormi na sua. Nós já fomos para o Brasil, juntos! Você significa muito para mim, Pete, me entristece ver o quanto você se subestima.

Peter pareceu genuinamente emocionado, ele engoliu em seco e levou finalmente o rosto para James.

— Eu… eu sempre pensei que você preferia Sirius.

James passou a mão pelo cabelo bagunçado, bagunçando ainda mais, e balançou a cabeça veementemente.

— Isso não é verdade, Pete. Sirius é como meu irmão. Mas você é meu melhor amigo. Sirius e eu podemos ser mais parecidos, mas você está ao meu lado desde que me lembro. Eu não sei o que faria sem você e com certeza, não vou me tornar um auror sem você.

Eles ficaram um tempo em silêncio, no entanto, Peter parecia um tanto mais confortável. Os dois continuaram sentados na grama, embaixo da árvore, se protegendo dos raios solares. Os jardins estavam muito cheios, por ser uma tarde ensolarada. Algumas garotas tinham até mesmo tirado seus sapatos e suas meias, e postos seus pés para dentro do Lago Negro, numa tentativa de refrescar-se contra o calor. Elas estavam próximas e muitas delas lançavam olhares furtivos para os dois garotos, entretanto James não os correspondia, procurava por Saphira.

BLACK BEAUTY / JAMES POTTEROnde histórias criam vida. Descubra agora