18: O cheiro da Amortentia.

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MARÇO, 1977

Depois que contou para Evan, Saphira sentiu ao menos uma parcela da culpa que carregava nas costas se esvaziar. Ela ainda não havia contado para Evelyn, Hazel ou Regulus, ela, na verdade, nem sabia se iria fazer isso em algum momento, mesmo que preferisse que os três soubessem disso por sua boca invés dos “boatos” que certamente chegariam. Mas não tinha certeza se conseguiria contar sobre algo que se arrependia profundamente e preferia esquecer. Contou para Evan, porque confiava nele, sabendo que ele era o único que tinha a capacidade de entendê-la perfeitamente. Mais do que Regulus, mais do que suas melhores amigas.

De qualquer forma, James Potter continuava aparecendo em sua mente, e de todas as maneiras possíveis. Fosse em sonhos, fosse em apenas pensamentos de devaneios, fosse apenas naquele estado entre o sono e a vigília. Ele sempre estava por lá, lembrando-a constantemente de sua existência e de cada mísero detalhe em que nele continha.

Os cachos escuros, mas que não chegavam a ser totalmente pretos como os da própria eram, os cachos de James eram castanhos, mais escuro do que o tom da pele dele, e mais claro do que o tom de castanhos das íris brilhantes e tão grandes. E, mesmo que ela tentasse evitar, cada detalhe dele a puxava para mais perto, alimentando um fogo inexplicável que queimava dentro dela.

Entretanto, muitas das vezes ela conseguia ignorar ou sumir com aqueles pensamentos, ela apenas precisava manter sua mente ocupada. Durante as aulas se esforçava ao máximo, tentando focar apenas no assunto e nem se deixando cair nas tentações de conversar com seus amigos ou Evan. Durante o tempo livre, buscava dar atenção para seus hobbies, às vezes vagando entre as páginas de Drácula ou os poemas de Edgar Allan Poe, às vezes apenas lendo algum livro acadêmico ou estudando um dos idiomas que era fluente.

Mas manter sua mente longe de James nem sempre funcionava, principalmente quando era algum dia da semana em que teria aula de Poções ou Trato das Criaturas Mágicas, pois essas eram divididas com os alunos da Grifinória. Mas principalmente Poções porque eram nessas aulas em específico que James Potter fazia questão de sentar bem próximo dela e consequentemente, não tirava os olhos da mesma por toda a hora seguinte.

Na penúltima aula da quinta-feira, Saphira e Evan chegaram juntos e de mãos dadas para a Aula de Poções. Normalmente, Saphira sempre fazia dupla com Evelyn enquanto Evan com Severus, mas ultimamente, estavam sempre sentando juntos. Eles se acomodaram nos dois banquinhos e logo já foram tirando seus materiais enquanto a sala enchia de alunos tanto da Grifinória quanto da Sonserina. E ele logo chegou.

James, que sempre fazia dupla com Peter, escolheu sentar numa mesa no outro canto da sala, mas que tinha a visão direta para a mesa onde Saphira estava com Evan, e obviamente, não era uma coincidência, os três tinham total certeza disso.

— Já deve ser a décima vez que ele faz isso. — Saphira ouviu Evan murmurar com um desagrado marcante na voz arrastada. — Sério, qual é a dele?

— Ele só quer chamar a atenção e provocar, ignorar é o melhor a se fazer com gente assim — resmungou em resposta, com os olhos bem longe de James, pois não estava nada afim de lhe dar aquele gosto.

Evan soltou um bufo alto de insatisfação, mas não disse mais nada, apenas se aproximando mais de Saphira a ponto de abraçá-la pelo pescoço de uma forma que sempre fazia, enterrando o nariz nos cabelos dela. Mantinha os olhos bem fixos em James enquanto fazia isso, como se estivesse travando uma batalha interna com o mesmo, que apenas observava com as sobrancelhas erguidas e um sorriso de canto no rosto, invulnerável.

Ele continuou grudado em Saphira até Slughorn adentrar na sala já cheia, trazendo flutuando em suas costas três grandes caldeirões que borbulhavam ou esfumaçavam. O adulto parou no meio da sala, depositando os três grandes caldeirões ao redor de si mesmo, e então, sorriu feliz para todos.

BLACK BEAUTY / JAMES POTTEROnde histórias criam vida. Descubra agora