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NARRADOR
Futebol já bom, mas em estádio, é melhor ainda. Porque há a sensação inexplicável de se misturar em meio a torcida, gritar, cantar, vibrar... não há nada igual.
Assim que Ellen pisou no Allianz Parque, seu coração encheu. Era Quarta-feira, dia de jogo da libertadores, Palmeiras x Cerro Porteño. Ao contrário do que lhe foi oferecido, decidiu ficar no meio da torcida mesmo.

– Tá doido que eu não vou ficar lá na mancha verde - Ela disse ao irmão, sorrindo. - Olha, faça um bom jogo e me manda um beijo se me ver.

– Pode deixar - Zé Rafael concordou, abraçando ela de lado.

Antes que se despedissem, Gustavo Scarpa perguntou:
– Ô Zé, sua irmã tá mesmo nesse vestiário ou eu tô vendo coisas?

Ele havia saído da ducha agora e, por coincidência, estava sem camisa.

– Eu tô aqui sim - Ellen respondeu de prontidão, dando um aceno para o rapaz que cruzou os braços envergonhado. - pode ficar tranquilo, não tô encarando seu shape.

Scarpa deu uma risada.

– Ela vai acabar vendo um desses homens pelados ai, e você nada de surtar hein, Zé.

– Só tapar o olho - Zé riu. - mas é verdade, você tá há uns bons minutos aqui dentro e eu não sei como ainda não aconteceu nenhum constrangimento. Bora, pode ir.

– Ei! - Ela reclamou. - tudo culpa desse Scarpa, meus planos nem eram ver ele sem camisa, e o bonito estragou tudo.

– Tá vendo, Zé? - Scarpa botava lenha na fogueira. - ela ainda tá com planos de dar uma olhadinha em alguém.

– Por Deus, Scarpa! - Ellen exclamou fazendo um gesto que ia esgana-lo. - Eu quis dizer que não tava com plano algum!!!

– Bora, vai pra arquibancada - Zé Rafael estava basicamente empurrando a irmã. - Sei que me ama e eu te amo também, um beijo, torce por mim.

– Enjoado - Ela reclamou fazendo bico, antes de realmente sair dali.

Não aconteceu nada demais na partida, levando em consideração que o jogo estava basicamente ganho. Tanto que alguns titulares nem estavam em campo, como por exemplo, Raphael Veiga, Píquerez e Scarpa. Zé estava porque o reserva não conseguiria entrar.
Sem nenhuma novidade, a partida terminou com cinco a zero, para o Palmeiras. Com dois gols no primeiro tempo e três no segundo. Totalizando, 8x0 com o jogo de ida.

No final daquela noite, os jogadores foram para casa, alguns é claro foram festejar, mas, no dia seguinte haveria o churrasco prometido na casa de Dudu, então era esperado que poupassem energia. Apesar de tudo, a bebida não seria permitida, afinal, após quatro dias teriam outro jogo, apesar de não ser tão importante, precisavam seguir a dieta.

E após esse, teriam jogo da copa do Brasil, um choque-rei, mais especificamente. O calendário de jogos estava cheio, não havia descanso ou férias, eles precisavam continuar focados. Mas um bom papo, uma distração, era importante também.

Na quinta-feira aconteceria a tal confraternização, Paula já estava em casa pra receber as amigas, que em maioria eram as mulheres dos jogadores. Era ótimo que elas se juntavam quase todas as vezes, pareciam um clube também.

Durante a tarde, ela checou se tudo estava certo e reforçou a Dudu, quase em uma ameaça (talvez tenha sido mesmo), que ninguém iria beber.

– Imagina se vocês arrumam uma ressaca braba? - Ela disse, ao noivo.

– Eu sei, amorzinho - Dudu riu. - não vai ter bebida, fica de boa. Os meninos tão na mesma.

– Acho bom - Finalmente cedeu um sorriso a ele, lhe beijando rapidamente.

Sem sentimento - Raphael Veiga.Onde histórias criam vida. Descubra agora