SEM SENTIMENTO; a química que há entre nós.
"Mas qual é a chance? Ela é irmã do Zé, nós nem nos conhecemos e eu saí de um relacionamento há uns meses. Sem chance alguma."
"Eu não vou quebrar a confiança dele."
"E, no fim das contas, eu quebrei sim...
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É, eu como a boa professora que sou, arranjei um jeito de trazer o Filipe e o Mateus comigo pro Guayaquil. Mas os dois bocudos não podem é falar com os colegas, porque senão tô condenada. Apesar que a irmã do Filipe trabalha no Palmeiras então foi mais simples pra trazer ele. Já o Mateus, eu obriguei o Veiga a ir comigo na casa dos responsáveis. Acreditem se quiser, quando ele quer parecer um missionário, consegue. A pose de homem de fé e direito convenceu direitinho os pais do garoto. Mas falando sério, o Veiga é realmente um cara bom e responsável, acho que passou muita certeza pra eles. Ainda mais que o pai do Mateus é Palmeirense doente. E sim, meu irmão é muito coração mole comigo e pagou a viagem dos moleques. Eu juro, fiquei feliz demais, acho que foi até um pedido de desculpas para as atitudes dele de umas semanas atrás. Nesse momento, estou brigando com os dois idiotas que se perderam aqui e vieram parar no terraço do prédio.
– Imagina se um de vocês se perde nesse Guayaquil? Eu tô fodida, mano! Seu pai me mata, Mateus...
– Ah, fêssora, não precisa brigar, a gente já vai voltar lá pra baixo.
– Eu tô falando sério - Olho para os dois. - é pra se comportar, eu nunca na minha vida me imaginei trazendo dois alunos pra uma final da Libertadores, vocês tem que dar valor!
– Ih, mas isso a gente com certeza faz - Filipe diz com aquela sua voz preguiçosa. Igualzinho o João Guilherme na adolescência. - tá louca, nós te ama professora.
– Hum, sei - Resmungo cruzando os braços. - agora será que dá pra os dois bonitinhos voltarem pros quartos? Tá geral descansando.
– Ah, professora, falar nisso seu bofe tá de boa? Eu vi que ele ia matar o Gabigol se continuasse lá na mesa do almoço...
Ai meu Deus, o que é que esses dois não pescam?
– Eu percebi também - Mateus concorda. - tá podendo, hein? Seu boyo morrendo de ciúmes.
– Pelo amor de Deus - Balanço a cabeça rindo. - quero saber onde fui amarrar minha égua trazendo vocês... enfim, meu "boyo" tá bem, isso é coisa da cabeça de vocês.
– Am, tá achando que nós é besta? - Mateus pergunta enquanto eu empurro eles pro elevador. - a gente sabe como funciona o ciúmes masculino, fêssora.
– Ah, é? Então vão lá contar pra Manoela, sei lá, vão fazer raiva no Veiga... pode ir, vai, vai.
– Ih, enjoada - Filipe me belisca. - deixa eu!
– Olha, moleque - Eu aponto o dedo pra ele. - tu fica esperto, tá criando muita liberdade!
E quando eu tô prestes a beliscar os dois de volta, o elevador se fecha e sei que estão rindo. Eu também estou. Meu Deus, onde eu tava com a cabeça quando fui ser professora do ensino médio? Gargalho comigo mesma e apoio meus cotovelos na mureta. Aquele terraço tem uma vista maravilhosa. Me sinto em paz, apesar dos carros passando toda hora e uma buzina de cinco em cinco minutos zunir em meu ouvido. Scarpa me surpreende ao chegar aqui em cima pelas escadas.
