SEM SENTIMENTO; a química que há entre nós.
"Mas qual é a chance? Ela é irmã do Zé, nós nem nos conhecemos e eu saí de um relacionamento há uns meses. Sem chance alguma."
"Eu não vou quebrar a confiança dele."
"E, no fim das contas, eu quebrei sim...
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Boa leitura!
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Estou nervoso e não durmo direito há três dias. Sendo mais específico, eu não durmo desde a vitória do Brasileirão, e agora estamos aqui no Guayaquil, numa concentração gigante e que não é nossa, o que causa um certo desconforto. O treino acontece de maneira estranha e ao mesmo tempo boa. Sei lá, também não me peçam pra explicar, é a Libertadores. Faltam dez minutos pro almoço e a pausa de descanso. Temos a tarde livre pra poder dormir e repor as energias. Eu trouxe o Gabriel comigo, e ele está impressionado com o local e a rotina pré jogo. Não deu pra trazer meus pais, infelizmente, então eu trouxe meu irmão porque aí não seria injusto.
– Que bambeza, hein? - Zé Rafael passa por mim provocando. - tá aguentando nada.
Reviro os olhos. Que cara chato.
– Vai arrumar o que fazer, big nose - Digo aumentando a frequência do circuito.
– Tá provocando, Zé? - O Gabriel Menino grita. Quando esse maluco abre a boca pode saber que vem provocação.
– Tá saidinho, hein! - Murilo também entra no meio.
– Mal sabe que é a irmã dele que cansou o Veiga assim!
Ai, já começou. Não são nem onze horas e os caras já estão enchendo o saco. O pior de tudo que na noite passada a gente chegou e a Ellen não dormiu no quarto dela, sim no meu. E eles sabem disso, com toda certeza.
– Olha esses caras - Reclamo.
– Ainda vou vingar isso, Raphael - Zé avisa do outro lado do campo. - tu acha que vai passar batido, né?
– Fica na sua, vacilão - Respondo fazendo meu treino.
– É, quem mandou - Scarpa se aproxima rindo. - eu sou o mais normalzinho aqui, mexi com a irmã de ninguém.
– E a irmã do Filipe? A Manuzinha? - Provoco. - a gente sempre tá mexendo com a filha ou a irmã de alguém, cara. Por isso é bom pensar no que faz, um dia seremos nós.
– É - Scarpa fica até calado. - eu nem vou discordar.
Dou um sorriso vitorioso porque o maloqueiro nem tentou argumentar.
– Falar nisso, a Ágata tá no puro choro, mané - Ele desabafa, o que me deixa surpreso. O tom da conversa deixa de ser de brincadeira e passa a ter seriedade. - sério, eu sei nem como vai ser no dia que eu for embora, ela tá sentindo.
O Scarpa é tão difícil de se abrir, que quando acontece, paro qualquer coisa pra escutar.
– Pô mano, seria foda se sua irmã pudesse ir com você...
– É, só que o emprego da Ingrid é bom aqui. E ela odeia a ideia de ir pra lá, ficar um tempo comigo cuidando das coisas... ela é bem sistemática.
