Estava na minha última segunda-feira trabalhando desse mês. Era o último período de aula e os alunos estavam praticamente enlouquecendo e ME enlouquecendo dentro daquela sala de aula. Então, pra cessar o fogo, fechei a porta e me encostei, demonstrando que não os deixaria sair sem nem dizer alguma palavra.– Coé, fêssora - André Luigi gritou do fundo da sala. - vai mesmo prender a gente aqui?
– Eu nem disse nada - Dei de ombros, me fazendo de sonsa. - mas acho engraçado vocês achando que podem fazer o que dá na cabeça. Paola, qual é o problema da sua carteira? A aula inteira transitando pela sala. Ah, e sem falar no Edu, que não cala a boca nem pra eu mesma falar. E o trio aí? - Apontei para três meninos que nesses poucos dias já tinham me tirado muito a paciência. - pode separar agora. Cada um no seu canto.
O lado bom é que me obedeciam. Em segundos a sala estava totalmente organizada, cada um em seu lugar, mesmo conversando. A única opção que eu vi foi passar um dever.
– Seguinte, atividade avaliativa para depois das férias - Avisei, indo para o quadro e abrindo pincel. Escutei uma série de "ah não!" - é indiscutível. Façam e me entreguem. Vai valer dois pontos.
– Só dois, professora? - Vitória perguntou.
– Sim. Pra iniciar o bimestre.
Não fui mais questionada sobre os pontos, porque eles perceberam que fiquei brava com aquela falação, e também porque era química e faziam de tudo por pontuação.
Qual é? As férias estão aí, por que fazer o professor perder a paciência logo na última aula? Agora eu entendo a ira de todos os professores que passaram pela ninha vida.
Voltei para a porta e chequei no relógio. Dois minutos. A sala inteira copiava, o que era ótimo. Foram terminando um a um, e o sino bateu. Liberei aos poucos, pra não criar muvuca na porta.– Ótimas férias para vocês! - Falei à todos. Eu gostava daquela vida apesar do estresse.
Escutei alguns obrigadas e "pra você também, prof".
Assim que fechei a porta, dei um suspiro longo. Que dia! Até paramédica eu fui, uma das alunas teve queda de pressão e quase desmaiou.
Estava me dirigindo a sala dos professores e meu celular começou a tocar, decidi ignorar pra poder guardar meu material. Parou de tocar enquanto eu guardava minhas coisas no armário.– Dia longo, hein? - Flávia bufou, se sentando no sofá. - jurei que nunca mais acabaria.
– Nem fala, flafla - Compartilhava do mesmo sentimento. - hoje teve surto, teve um quase desmaio, teve bagunça... teve foi tudo! Como que passa por esses dias e não morre?
– É um segredo que ninguém sabe - Claudia chegou. - agora é descansar, né? Até Agosto chegar.
– Fato - Concordei, pegando minha bolsa e colocando no ombro. - vou agora, meninas. Tenham boas férias!
– Obrigada, lindona - Claudia sorriu.
– Pra você também, Ellen - Flavia disse simpática e me mandou um coração.
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Sem sentimento - Raphael Veiga.
FanfictionSEM SENTIMENTO; a química que há entre nós. "Mas qual é a chance? Ela é irmã do Zé, nós nem nos conhecemos e eu saí de um relacionamento há uns meses. Sem chance alguma." "Eu não vou quebrar a confiança dele." "E, no fim das contas, eu quebrei sim...