Capítulo 43

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Entrei em casa junto com a Babá que se chama Ana , ela tem vinte anos e estuda pediatria então vai saber muito bem cuidar da Serena , enfim. Ao entrar , Lua estava na sala parada e me olhava com aquela cara que sempre faz quando está preocupada ou irritada com alguma coisa. Deixei as chaves do carro na mesinha e subi pra ver como a Serena estava , subi correndo e ao entrar ela não estava no berço , desci e fui até a Lua.

- Cadê a Serena? O que fez com ela? - Olho sério , já segurando nos braços dela.

Lua
- Seu Pai a levou? - Olho ele e abaixo a cabeça.

Arthur
- Como? E você deixou? Que tipo de Mãe é você? Como deixou? - Falo alto com ela.

Lua
- Não pude impedir.. - Olho pro lado.

Arthur
- Claro , foi muito mais fácil pra você não é? Eu não sei o que há com você! - Fecho o punho bem próximo ao seu rosto , tentando me controlar.

Ana
- Calma Arthur.. - Olho ele.

Arthur
- Você é uma sem coração mesmo! - Me afasto dela e vou saindo de casa com a Ana.

Lua
- Não foi culpa minha.. - Suspiro , fecho os olhos e deixo cair uma lágrima.

As pessoas não entendem tudo o que passei , agora sou criticada por não amar , por não ter coração , e o que eu sofri? É assim? Simplesmente esquecem o que eu passei? Sou realmente um monstro por rejeitar a minha própria filha? Eu só queria ser entendida , acolhida , amada , queria ser feliz de verdade.
E é verdade , acho que já não tenho mais coração , porque todos o estracalharam , quebraram e deixaram em mil pedacinhos , e eu já não sei mais o que fazer.

- Por que? - Choro e subo pro meu quarto.

A forma com que estou vivendo , não é vida , eu não tenho ninguém , me sinto tão sozinha como nunca antes , vivo em um mundo em que sou totalmente a culpada por tudo o que acontece , por minhas escolhas erradas , e então pra quê viver? Sou tão desnecessária , incomodo pelo simples fato de existir e impor as minhas opiniões , preferências e questionar sobre como fui tratada e sou tratada. Enfim , estou cansada , devastada e já não tenho mais forças pra continuar.

A vista daqui de cima é linda , terceiro andar , eis que você decide a vida agora , e eu entrego a você a decisão da minha própria vida. Não me julgue , eu já vi muito disso , quero paz , quero dormir e nunca mais acordar , talvez viver em um lugar fictício imaginário , num sonho onde realidade não entra , e então poder ser quem eu realmente sou , porque a minha ensência já se foi , e o que restou? Bem , não sei ao certo , mas eu posso dizer que o que poderia restar de mim do que passei , só ficou dor.

Eu era boa , até bem mais do que imaginava , mas essa tal dor não me deixou em paz. E dói tanto , que sufoca , e eu sei já me perdi e me achei várias vezes , mas era a tal da ilusão me dando o golpe mais uma vez , porque na verdade , tentei ser várias Luas numa só e nenhum delas funcionou como deveria. E a que fica aqui não é nenhuma delas , pode ser que seja a mais desconhecida possível , cheia de marcas e feridas , feridas abertas , sangrando que doi muito , a ponto de morrer.

Isso não é um suicídio , é apenas uma tentativa de ser livre da dor.






A Promessa - ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora