Afonia

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Ponto de vista do Kim

Eu realmente levei a sério a história sobre vender o apartamento,  pois de algum jeito muito bizarro, eu não me sentia mais tão confortável ali quanto antes. Logo que voltei para casa, eu pensei que essa sensação ruim iria durar apenas nos primeiros dias, afinal tudo ainda era muito recente em minha mente. Só que agora consigo ver que as coisas não são exatamente assim.

Eu falei com Kinn e Tankhun sobre isso, e sobre o quanto era importante procurar um lugar que ficasse mais perto da casa de Porchay, afinal se ele precisasse de mim, eu ainda estaria ali para ele e muito mais rápido do que morando nesse apartamento. Então, eu consegui organizar essas coisas ao ponto que agora eu poderia comprar outro apartamento e então eu e Porchay seríamos quase vizinhos.

Pete e Pol estão sempre por perto, pois Kinn ainda tem essa preocupação estranha de que algo pode acontecer desde que nosso pai morreu, então sempre que eu estava me preparando para sair de casa, eles estavam a postos para me acompanhar como se isso fosse algo muito divertido. Aliás os dois eram diferentes de Big, e até entendo porque Tankhun gosta tanto assim deles.

Hoje era sábado e já havia quase uma semana que Porchay saiu do hospital, quase uma semana que ele estava em casa, e também parecendo lutar para melhorar um pouco a cada dia que passava. Porsche é quem mais conversa comigo e me conta sobre as coisas quando não estou perto, afinal apesar de ter um celular, Porchay não parece estar muito disposto a mandar mensagens. Tudo bem, eu entendi que deveria lhe dar um pouco mais de espaço quanto a isso.

Eu queria poder levar Porchay no parque ou qualquer um dos lugares que eu e ele costumamos visitar quando tudo isso não havia acontecido, pois ele não saiu mais de casa e sempre que eu ou Porsche tocamos no assunto, ele volta ao estado apático e distante como se não estivéssemos falando com ele.

Sei que não deveria insistir nisso, que deveria deixar Porchay decidir por conta própria quando ele iria se sentir bem o suficiente para sair de casa, porém minha cabeça enlouquecia sabendo que ele estava preso ali como se sua mente não o deixasse mais sair. Então, eu convenci Porsche a me deixar tentar conversar com Porchay sobre isso, afinal talvez fosse bom para ele ver um pouco do mundo fora de casa e como as coisas continuam exatamente as mesmas por mais que ele pense o contrário.

Dispensei Pete e Pol para que eles pudessem fazer qualquer outra coisa de suas vidas, afinal hoje é sábado e eles não precisam ficar atrás de mim o tempo inteiro como se algo realmente fosse acontecer. Já se passaram dias desde tudo aquilo, e a vida parecia estar mergulhada em calmaria novamente.

Quando estacionei meu carro em frente a casa de Porsche, ainda eram apenas dez horas da manhã, e eu pensei seriamente em como poderia convencer Porchay a sair de casa sem que ele começasse a agir como se eu não estivesse ali falando com ele. Eu tenho tentado ao máximo ser paciente, mas era muito difícil aceitar que meu pequeno sol simplesmente não conseguia voltar ao normal com sua vida.

Eu toquei a campainha e por um curto instante torci muito para que fosse Porchay a abrir a porta, mas Porsche me disse que ele não chegava mais nem perto de fazer isso, que para ele sair de casa não era mais uma possibilidade. Foi Porsche quem caminhou até o portão da frente e o abriu para que eu pudesse entrar. Agora minha relação com o irmão de Chay era menos indiferente do que antes, pois pelo menos poderíamos agora trocar algumas palavras sobre o nosso assunto principal o qual era Porchay.

— Você disse que eu poderia tentar, então estou aqui. — Falei tentando sorrir ou parecer confiante embora não estivesse.

I'll Stay Here | Kim + Porchay |Onde histórias criam vida. Descubra agora