Capítulo 4

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                        Rangi's P.O.V

Minha adrenalina anda a mil. Em parte por falta de sono e por malhar demais na academia, mas, principalmente, porque Kyoshi está me queimando por dentro. Tenho certeza de que, assim que ela me deixar tocá-la, não conseguirei mais parar. Ela tem uma coisa, uma espécie de feitiço, que mexe comigo de um jeito que fica muito difícil resistir.

Não posso dizer que sou tímida, mas também não sou daquelas que sai por aí enfiando a mão na calça de qualquer pessoa e partindo para os finalmentes. Kyoshi me faz ultrapassar todos os meus limites, me faz esquecer que minhas atitudes têm consequências, e adoro cada segundo. Adoro quando ela fica tão perto de mim que posso sentir sua respiração, adoro como seus olhos cor de esmeraldas parecem enxergar tudo que me esforço tanto para esconder. Eles brilham com tanta intensidade que são capazes de derreter qualquer metal com seu calor e, no momento, estou longe de ser de ferro. Acho que estou mais para papel ou plumas.

Eu estava determinada a deixá-la no hospital e ir para casa, fingir que consigo dormir. Ficamos em absoluto silêncio o percurso todo, e dava para perceber que os músculos daquele maxilar que parece ter sido esculpido ficavam tensos à medida que a gente se aproximava do local. Não sabia ao certo se isso era por minha causa ou porque a família estava prestes a ganhar um novo integrante, mas era óbvio que ela estava perdida nos próprios pensamentos, e eu estava proibida de entrar. Não sei o que Kyoshi estava imaginando, mas ela não parecia nada feliz. Era possível perceber, mesmo na escuridão do interior carro, que seus olhos estavam bem mais escuros.

Parei na frente daquele prédio gigante do hospital e esperei Kyoshi descer do carro. Eu não ia falar nada, porque pensava já ter arrumado confusão suficiente por uma noite, mas ela inclinou a cabeça para o lado e se virou no banco, me olhando de frente com ar inquisidor.

– Você não vai entrar? – perguntou.

Sem querer, minhas mãos apertaram o volante. Fiquei piscando, confusa.

– Por que entraria? – respondi.

Sou superamiga da Asami e gosto muito da Korra, que é uma das pessoas mais legais que já conheci, mas mal conheço a Jinora e muito menos Lao Ge. Porém tinha certeza de que o Lek não ia demorar para chegar, e eu não queria estar lá quando isso acontecesse. Sim, ele pediu desculpas por ter perdido a cabeça e ter sido um grande filho da puta comigo ao descobrir que eu havia prendido a irmã dele. Acredito que ele tenha sido sincero, mas eu não estava com a menor vontade de ficar ali e transformar aquela ocasião feliz em um momento constrangedor. Não via o moleque desde o dia em que ele pagou a fiança e tirou Kyoshi da cadeia, e não estava com a menor pressa de reencontrá-lo, até porque não sabia se ia conseguir controlar os sentimentos que tenho por sua irmã.

Meu instinto me diz que o moleque desgraçado não vai aprovar isso.

– Por que não?

O sotaque de Kyoshi é tão doce, tão suave, que mais parece uma canção de ninar. Meu único desejo é tê-la sussurrando no meu ouvido, no escuro, para sempre.

– Sou amiga da Asami e adoro a Korra, mas essa é uma ocasião importante, só para a família. E eu não faço parte da família.

Kyoshi me encarou um pouco e depois resmungou:

– Estaciona o carro. Você vai entrar comigo.

Sacudi a cabeça e respondi:

– Não vou, não.

Observei o fogo reacender em seus olhos, os quais voltaram a ter aquela cor verde que tanto admiro.

– Tudo bem – ela disse se ajeitando no banco. Depois cruzou os braços, levantou uma das sobrancelhas e falou: – Você não precisa entrar. Nem eu. Pode me levar de volta para o Bar.

Riscos da Paixão (Rangshi)Onde histórias criam vida. Descubra agora