Rangi's P.O.V
Meu primeiro instinto foi aparecer na casa de Kyoshi cinco segundos depois de ela me dar as costas. Queria exigir explicações enquanto a enchia de porrada. O segundo instinto foi o de me encolher toda e me acabar de chorar por dias a fio, porque, mesmo que tudo isso fosse só mais um de seus joguinhos doentios, eu havia cansado de brincar. Então cheguei a um denominador comum e liguei para ela todos os dias, durante uma semana, rezando para ela atender e, ao mesmo tempo, esperando que Kyoshi aparecesse na minha casa com uma desculpa brilhante, cheia de palavras bonitas, que faria tudo voltar ao normal. Fiz tudo isso escondida no apartamento da Korra e da Asami ou enfurnada na minha cama com Asami ao meu lado, tentando me convencer a sair da fossa. O fato de a minha mãe, de repente, não largar do meu pé, na tentativa de ganhar o título de mãe do ano, não tem ajudado nada. Não posso nem piscar sem que ela me pergunte como estou ou fale que tem muitas pessoas por aí e diga que alguém como Kyoshi não vale um segundo do meu tempo, muito menos a minha tristeza. Ela está tentando me distrair, mas na verdade está me irritando bastante.
Estou frenética e furiosa, principalmente porque sei que algo aconteceu, algo que não consigo entender. Alguma coisa obrigou Kyoshi a se afastar de mim, e preciso descobrir o que foi para, um dia, ter a chance de superar o fato de ela ter despedaçado meu coração de propósito.
Quando ficou ridiculamente óbvio que Kyoshi não ia atender minhas ligações, derramei minha última lágrima e resolvi que era hora de por fim à situação. Chega de me preocupar com os motivos dela. Chega de tentar justificar suas ações, quaisquer que elas sejam. Chega de sofrer por uma pessoa que só prometeu me machucar desde o começo. Pelo menos, ela manteve a palavra.
Transformei tudo o que estava sentindo em uma bola e tenho feito de tudo para ignorá-la, me jogando de cabeça no trabalho. Esqueço de comer. Esqueço de ir para a academia. Só trabalho e vou para casa, trabalho e vou para casa e depois trabalho mais um pouco. Meu novo parceiro me perguntou umas cem vezes se estou bem, e só desconversei. Por sorte, mais ou menos na mesma época em que resolvi me transformar em um androide sem sentimentos, o Mako e eu fomos escolhidos por nosso tenente para fazer parte de uma força-tarefa que investiga uma série de arrombamentos a estabelecimentos com licença para vender maconha medicinal que começaram a surgir em Denver desde que a droga foi legalizada no estado. É a desculpa perfeita para eu não fazer mais nada e dispensar todo mundo que liga para saber como estou. Me joguei no trabalho e finjo que nunca ouvi falar em Kyoshi.
Estava dando supercerto... Exceto pela úlcera que ganhei, por acordar no meio da noite com lágrimas escorrendo em meu rosto e pelo aperto gigante no coração. Comecei a fingir tão bem que minha mãe finalmente me deixou em paz, e a Asami parou de ameaçar se mudar para o meu sofá se eu não abandonasse o baixo-astral. Conto a mentira de que estou bem com a mesma facilidade com que falo a verdade. Menti tantas vezes que, quando estou acordada, quase consigo acreditar que é verdade.
Consegui estabelecer um ritmo de negação e bloqueio dos meus sentimentos e decidi que é assim que a minha vida vai ser daqui para a frente. Até que, um dia, Asami apareceu à noite, depois do trabalho, com uma garrafa de vinho e uma notícia impactante. Depois do primeiro copo, contou que Korra havia ido visitar Kyoshi e disse que a barwoman estava péssima. Depois do segundo copo, me informou que Cora, a namorada de Lao Ge, havia deixado escapar que o homem havia dado uns dias de folga à Kyoshi, porque ela estava em um estado lamentável. E, depois do terceiro, falou que o pai de Kyoshi havia morrido na prisão e que ela tinha ido para o Kentucky receber a herança. Também disse que aquela era a primeira noite de Kyoshi no Bar depois da viagem, e a turma ia dar uma passada lá para ver como ela está. Eu havia tomado apenas alguns goles do primeiro copo, porque estava tão ávida por qualquer informação sobre a minha conquistadora dos olhos cor de esmeraldas que me esqueci do vinho.
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Riscos da Paixão (Rangshi)
RomanceKyoshi sempre foi uma predadora. Sua ficha criminal é a prova de que ela foi capaz de tudo para se dar bem. Nem mesmo seu irmão Lek escapou de seus golpes. Além disso, os olhos verdes, um charme natural e o sotaque carregado sempre deram pistas de q...