Capítulo 3

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Kyoshi's P.O.V

O fim de semana chegou e passou sem maiores incidentes. Não sei se porque a Rangi resolveu obedecer meu conselho à risca e ficou em casa ou se porque o tal amigo do Lao Ge, que se chama Guan Quatro Sombras, entrou oficialmente para a folha de pagamento do Bar. Não apareceu ninguém suficientemente imbecil para se meter com aquela parede de músculos que mal fala, mas grita que é uma maravilha. Uma xingada dele é capaz de pôr fim ao menor dos maus comportamentos.

O Lao Ge está quieto, mas algo nesse outro ex-soldado indica, sem a menor sombra de dúvida, que ele era um assassino a sangue frio até bem pouco tempo, e é melhor não se meter com ele. Até a Kirima, que consegue se dar bem com qualquer um, estava dando um gelo no novo recruta.

Como o movimento estava lento, mesmo para uma segunda-feira à noite, mandei os dois embora mais cedo e deixei Aoma fechar a cozinha. Não fazia sentido pagar para eles ficarem lá sem fazer nada, com apenas um cliente no bar. Conheço bem Adora. Ela é amiga do meu irmão e do resto da turma com quem ando, cliente fiel do Bar. Ela é alta e bem forte, mas não maior que eu certo. Ela era apenas mais um incentivo para todos da turma andarem na linha. Tem gente lá que podem causar um estrago grande, todos capazes de acabar com alguém na porrada se fizerem alguma merda.

Adora estava pensativa, passando a mão no queixo, distraída. Adora, uma loira alta de olhos azuis, não bebe muito e, como ela vive reclamado no Bar, sei que no quesito namorada está no zero a zero atualmente, porque a garota de quem está a fim parece não ter ideia do que ela sente por ela. Sem contar que a mãe da garota não curtiu muito o interesse de Adora pela filha.

Fui terminar de limpar o balcão e reabastecer o freezer de cerveja, e Adora resolveu começar a reclamar, com um copo quase vazio de uísque com Coca-Cola na mão. Nunca pensei que seria a pessoa que as outras procuram para conversar sobre seus problemas, porque não costumo sentir muita empatia nem tenho muita paciência com o que, para mim, é óbvio, mas, desde que pus meu pé atrás do balcão do Bar, me sinto mais uma terapeuta do que uma barwoman. O mais chocante é que eu gosto disso. Gosto de poder ver a situação da perspectiva de quem está de fora e dar palpites que só eu poderia dar. Afinal de contas, já fiz muita merda e envolvi muita gente nas minhas confusões. Acho que, pelo menos, posso fazer bom proveito das lições que aprendi.

- Por que você simplesmente não a convida para sair? - perguntei, jogando o pano de prato na pilha dos panos sujos e pegando o controle remoto para desligar as TVs.

Meu plano era fechar o bar à meia-noite, já que Adora era a única cliente e eu sabia que ela só queria conversar, e não beber.

Ela me olhou, fez uma careta e respondeu:

- Você conhece a Catra. Acha que ela é o tipo de mulher que sai com uma pessoa como eu?

A Catra é meio misteriosa. É advogada, bonita de um jeito elegante e refinado e que surpreendeu nosso grupinho de desajustados ao vir morar em Denver. No entanto, agora ela se encaixa perfeitamente no grupo de almas rebeldes que formam a turma que Lek, meu irmão mais novo, tem a sorte de chamar de família. Também tenho sorte por ter sido recebida por eles de braços abertos apenas com base no fato de o Lek não ter desistido de mim. Às vezes meu irmão pode até não gostar muito de mim, mas, no fundo ele me ama acima de tudo, e isso foi suficiente para a turma toda me dar as boas-vindas.

- Ela é legal. Parece conseguir lidar com tudo muito bem.

Adora empurrou o copo vazio na minha direção e passou as mãos pelo cabelo bagunçado. Ela é empreiteira, vive de construir coisas. Parece uma lenhadora dos tempos modernos.

- Estou dando em cima dela, provocando e dando indiretas desde o dia em que a gente se conheceu. Ela é inteligente. Se estivesse interessada, teria pego a bola que deixei quicando.

Riscos da Paixão (Rangshi)Onde histórias criam vida. Descubra agora