Capítulo 10

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Rangi's P.O.V

Quando o celular de Kyoshi tocou na manhã seguinte, tive a sensação de que
estava na hora de o sol nascer, e não que já fosse nove da manhã. Passamos a noite enroscadas e nos ocupamos bem até os primeiros raios surgirem no céu. Não dormimos muito. Ela grunhiu e passou o braço por cima de mim para silenciar o aparelho. Seus olhos cor de esmeralda estavam sonolentos, as sardas em suas bochechas e a sua expressão facial a deixava com uma carinha de bebê, um bebê carrancudo.

Me espreguicei por baixo dela, morrendo de cansaço, e levantei os braços. Os olhos de Kyoshi passaram de letárgicos a desejosos e brilhantes em questão de segundos. Eu iria perguntar por que ela tinha acordado tão cedo, já que, na minha cabeça, o pessoal que trabalha em bares ficam na cama até o meio-dia, mas meus movimentos sonolentos por baixo do seu corpo obviamente despertaram outros pensamentos em sua mente. Embarquei de cabeça no seu plano até estar prestes a ter um orgasmo que certamente ia me virar do avesso, mas então ela congelou e me encarou com os olhos arregalados e uma expressão incomodada.

Eu estava com a mão em volta do seu bíceps e senti que seus músculos haviam congelado. Sua respiração estava pesada, e, quando me levantei um pouco para ver se ela voltava ao ritmo, ela gritou, mandando eu não me mexer. Fiz careta e enterrei as unhas em seus braços tensos. Ela falou:

- Se você se mexer, já era, e eu não estou usando camisinha, Rangi.

Ela franziu ainda mais a testa e completou:

- Nunca fiz sexo sem proteção. Não é para menos que os homens falam mal das camisinhas. Estou prestes a perder a cabeça.

Kyoshi começou a sair do meu corpo, com movimentos tortuosos, com os dentes cerrados. Eu estava quase lá. Mesmo esses movimentos controlados eram muito gostosos e, por mais que eu tenha me esforçado para não mexer nem um músculo externo, meus músculos internos não quiseram nem saber e ficaram apertando seu membro, e nós duas tivemos que lidar com um resultado grudento de paixão quando tudo terminou. Achei engraçado. Kyoshi não ficou nada feliz e me arrastou até o chuveiro, para a gente se limpar.

Tentei dizer que não era nada, mas me dei conta de que ela não estava chateada com a situação, estava louca da vida consigo mesma por ter se deixado levar pela empolgação a ponto de esquecer algo tão básico quanto a camisinha. Kyoshi está acostumada a ditar as regras, e acho que não gosta do fato de eu ser tão eficiente no quesito excitação quanto ela é comigo. Nunca tomei pílula na vida. Tive tão poucos parceiros sexuais, com um intervalo tão grande entre eles, que mesmo o sujeito que namorei não despertou meu interesse por sexo suficientemente para justificar o uso de pílula. Com ele não havia essa de empolgação do momento. Para ficar com Kyoshi, tomaria pílula sem problemas, não sem antes ter alguma garantia de que ela não vai transar com mais ninguém daqui para a frente, mas que acho que ela ainda não está preparada para ter essa conversa.

- Por que acordamos tão cedo? - perguntei.

Kyoshi estava lavando meu cabelo, com a cabeça obviamente a quilômetros de distância.

- Preciso conversar com o Lao Ge sobre uns assuntos do trabalho. A gente anda tendo problemas com a Aoma.

Soltei um suspiro, e ela continuou massageando meu couro cabeludo.

- O Lao Ge admira muito o pai dela. Aposto que vai ser uma conversa difícil.

Ela foi para trás de mim, e fiquei sem ar quando nossa pele escorregadia roçou uma na outra. Ela respondeu, com um tom frustrado:

- É, não entendo por que ela é tão mimada. Quer dizer, eu era um pesadelo, mas não tinha pai e mãe que se preocupassem comigo nem ninguém para me dar uma mão e me tirar do fundo do poço. A Aoma tem um namorado que é o maior vagabundo, que está obviamente se acabando nas drogas e deve ter batido nela mais de uma vez, e tem um monte de
gente querendo ajudá-la a sair dessa situação de merda, mas ela vira a cara
para todo mundo.

Riscos da Paixão (Rangshi)Onde histórias criam vida. Descubra agora