Capítulo 7

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                        Kyoshi's P.O.V

Acordar enroscada num corpo quentinho não é nenhuma novidade para mim. Agora, acordar enroscada no corpo de alguém que eu queria acariciar, me perder dentro dessa pessoa um milhão de vezes e não largar nunca mais... Bom, foi a primeira vez.

Estávamos de frente uma para a outra na minha cama estreita. Rangi havia enfiado a cabeça embaixo do meu queixo, e sua respiração fazia cócegas na minha garganta. Um de seus braços envolvia minhas costelas, e uma perna dela tinha ido parar no meio das minhas. Estávamos tão juntas quanto duas pessoas que não estão transando podem estar, e minha ereção matinal insistia para eu tirar proveito da situação. Meu amiguinho ficou pulsando ali no meio, onde nossos quadris se encontravam. Era uma cena íntima demais para a minha cabeça.

Gosto de sexo. Gosto muito. E não tenho a menor aversão ao fato de a mulher com quem transo ficar para dormir. Sou mestre em me livrar de situações embaraçosas com palavras bonitas e um sorriso esperto, então nunca precisei me preocupar com possíveis catástrofes no dia seguinte. Na verdade, costumo até ficar ansiosa para repetir a performance quando o sol nasce. No entanto, algo me dizia que, se eu fizesse isso com Rangi em plena luz do dia, tudo iria mudar.

Já dava para sentir isso pelas minhas mãos, que não queriam sair da curva delicada da cintura daquela mulher. Pela minha pele, que formigava e se sentia mais viva nas partes em que encostava na dela. Pela vontade que eu tinha de ficar apenas olhando para Rangi, que estava abraçada a mim em todo o esplendor de sua beleza nua e fogosa. Eu não posso levar essa mulher a sério, não tem como sermos a escolha mais errada uma para a
outra... Não que eu seja a pessoa certa para alguém, mas sou especialmente
errada para ela. Que pena meu corpo e minha mente não concordarem com
isso.

Quando Rangi murmurou meu nome e se aproximou ainda mais de mim, meu corpo inteiro ficou tenso por dentro, preparando o bote. É sério, essa mulher ia me fazer gozar só de respirar em cima de mim. Suspirei e me soltei de suas mãos sonolentas com a maior delicadeza que consegui. Precisava me afastar, física e mentalmente. É fácil demais se perder na Rangi, e o fato de ela ter sido forte e segura a ponto de correr atrás do que
queria, por mais que eu tenha falado qual seria o resultado inevitável disso, é muito excitante. Outras mulheres já correram atrás de mim, boa parte porque eu as provoquei com segundas intenções, mas eu nunca havia sido agarrada por alguém que, antes de entrar, sabia todas as regras da casa. Amo e odeio, na mesma medida, o fato de ela ser tão destemida. É impossível dizer “não” a essa garota.

Como não fazia ideia da hora em que ela tinha que acordar e ir trabalhar, resolvi tomar um banho rápido e depois ligar para Korra para ver se ela podia resgatar a bolsa de Rangi, que estava presa dentro do carro dela, mas não estava nada a fim de dar esse telefonema. Podia imaginar as
chamas de preocupação que iam arder na nossa turma de amigos quando todos soubessem que eu e Rangi havímos passado a noite juntas.

Tudo bem, somos adultas que podem tomar suas próprias decisões, e não era segredo para ninguém que ela já vinha correndo atrás de mim há um tempinho, mas, agora que o selo havia se quebrado, que eu havia aceitado o que ela me oferecia, a brincadeira ia ficar bem diferente, cheia de indiretas sutis e avisos mais óbvios de que é melhor eu tratá-la bem e não fazer nada que possa magoá-la. Óbvio que não quero magoá-la, e por isso tentei evitar essa trepada por tanto tempo quanto foi humanamente possível, mas agora não há o que fazer. O limite foi oficialmente ultrapassado, e tenho certeza de que um incêndio está à nossa espera. É assim que as coisas funcionam no meu mundo, e é melhor aceitar essas condições do que criar falsas esperanças e ficar arrasada quando o desastre acontecer.

Demorei para escovar os dentes, depois abri o chuveiro na temperatura mais alta possível e entrei embaixo da água. Era cedo para eu já estar acordada, mas minha ereção insistente e minha cabeça, que não parava de rodopiar, não iam me deixar voltar para a cama sem uma trepada ou uma briga. O calor da água bastou para eu acordar completamente, e soltei um grunhido quando me dei conta de que nunca mais poderei entrar no box sem a imagem de Rangi me observando, com aqueles olhos dourados, para sempre impressa na minha memória.

Riscos da Paixão (Rangshi)Onde histórias criam vida. Descubra agora