Capítulo 16

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                        Rangi's P.O.V

Não sei por que fui pedir a Kyoshi para conhecer minha mãe. Talvez tenha sido a necessidade de lhe mostrar que para mim é importante que tudo entre a gente dê certo, mais importante do que qualquer outra coisa a que ela possa estar se apegando. Ou talvez eu só quisesse ver como ela lidaria com minha mãe temperamental. Seja qual for a razão, eu tinha a convidado para aquele jantar com segundas intenções e, considerando que ela é a pessoa mais inteligente que conheço, tenho certeza de que percebeu.

Mesmo assim, quando bati na porta de seu apartamento após o trabalho, ainda de uniforme, Kyoshi me olhou de cima a baixo e falou que nunca, nem em um milhão de anos, poderia pensar que acabaria achando uma mulher de distintivo sexy. Então me beijou com tanta força que meu quepe caiu. Me lembrei que minhas algemas podem ser usadas para outras coisas além de prender bandidos. Apenas revirei os olhos e fui com ela até meu carro. Qualquer dia desses, vou obrigá-la a cumprir todas as promessas safadas que vi estampadas em seus olhos cor de esmeralda enquanto ela me provocava por causa desse meu instrumento de trabalho.

A caminho da casa da minha mãe, que fica em um bairro nobre, expliquei rapidamente a Kyoshi o que estava à sua espera. Contei como ela é, e também uma versão melhorada das minhas origens. Apenas encolhi os ombros e falei que não lembro da relação que tinha com o meu pai, pois o mesmo faleceu quando eu tinha 5 anos. Minha mãe se matou para compensar a falta dele, e nunca fui carente de amor ou de apoio. E contei que muito tempo depois de meu pai ter falecido, minha mãe teve um caso com outro cara, ela estava apaixonada novamente, mas infelizmente deu tudo errado. O homem só queria usá-la, e se aproveitar de seu poder aquisitivo, e depois de uma decepção amorosa, minha mãe começou a beber bastante em bares e sair para festas, para afogar as mágoa.

Kyoshi respirou fundo.

– Minha mãe estava andado em uma montanha-russa emocional à dois anos atrás. Ela nunca gostou de ficar sozinha, pois sempre estivemos juntas como mãe e filha inseparáveis e, desde que comecei a trabalhar em tempo integral, ela ficou mais depressiva. Eu me preocupo muito com ela. Às vezes, acho que ela irá ultrapassar todos os limites, e que não poderei deixar passar batido. Sei que ela é uma mulher de 45 anos, experiente e decidida, mas ela ainda estava emocionalmente frágil na época e os homens, sócios e empresários de seu ramo, que se aproximam dela parecem urubus rodeando minha mãe. Tenho medo de que ela pense que está apaixonada por um desses filhos da puta. E ficarei arrasada se, um dia, a gente começar a se desentender por causa de um homem.

Fiz uma cara séria e completei:

– Quero muito que vocês se dêem bem.

Kyoshi me deu um sorrisinho, e senti meu coração pular pela boca. Só de ela aceitar o convite já significava muito para mim, e duvido que ela tivesse consciência disso.

– Para de se preocupar. Se existe alguma coisa com a qual você não precisa se preocupar é se vou saber lidar com a sua mãe ou não.

– Não é isso que me preocupa. É se você vai conseguir aguentar a figura. Ela pode ser bem incisiva.

Minha mãe é a pessoa que mais amo no mundo, mas, ela pode ser bem assustadora quando quer, mas se ela for fazer uma ameaça para Kyoshi, não será na minha frente. Por mais que eu saiba, racionalmente, que minha mãe jamais me magoaria ou me deixaria chateada de propósito.

Kyoshi esticou o braço e pôs a mão na minha nuca, apertando de leve. Um arrepio percorreu minha espinha. Quis parar o carro e pular em seu colo. Para ser sincera, sempre tenho vontade de pular em cima dessa mulher, mas o fato de ela tentar me deixar segura e de estar disposta a conhecer minha mãe só para me deixar feliz me deixou ainda mais apaixonada.

Riscos da Paixão (Rangshi)Onde histórias criam vida. Descubra agora