Terror

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Visão de Bárbara

Retomar a vida foi um esforço surreal. Eu realmente queria ficar apenas deitada, fechada, parada dentro do quarto escuro.

Sem falar.

Sem me mover.

Sem nem abrir os olhos.

Eu sentia como se eu estivesse morta dentro de um corpo vivo.

Foi uma das piores sensações do mundo pensar na arma que eu tinha guardada na minha mala, no fundo falso da necessaire.

Eu chorei desesperadamente quando me peguei pensando nisso, porque senti vergonha.

Eu tinha uma vida antes de Michael, não tinha? Podia não ser a melhor vida do mundo, mas eu tinha! Eu sempre amei estudar, sempre amei o conhecimento! Deus tinha me dado a graça de aprender as coisas com facilidade, de conseguir acessar pessoas e lugares que eu não teria conseguido sem esse dom e, por causa de um homem, eu tinha deixado um pensando absurdo como aquele passar na minha mente...

Não. Eu não deixaria aquilo acontecer.

Eu teria que começar de novo? Sim. Teria.

A Bárbara que tinha começado toda aquela história era uma mulher muito diferente...

Eu tinha uma irmã, tinha uma mãe. Eu criava um sobrinho lindo e lutava para sustentar essas três pessoas.

Agora eu não tinha que lutar por mais ninguém. Só por mim.

"O fardo está mais leve agora". Pensei, tentando ver o copo meio cheio.

Levantei da cama e abri a cortina. A luz não era suficiente para me cegar. Estava amanhecendo?

"Por quantas horas eu dormi?", me perguntei... eu não fazia ideia. Procurei o relógio: 5 da manhã.

_ Uau! Eu deitei não eram nem 6 da tarde... - disse comigo mesma.

De qualquer modo, era uma segunda-feira após feriado. E eu, eu tinha um emprego. Pelo menos, precisava verificar se ainda tinha, ou se não ser mais namorada de Michael, influenciaria nisso.

Tomei um banho e abri minha mala, em busca de alguma roupa que eu pudesse usar para ir direto para o escritório. Felizmente, uma calça jeans reta e uma camisa me salvaram.

No entanto, minha pasta de trabalho ainda estava em Haveynhurst... eu não conseguiria fugir de precisar fazer, pelo menos, uma ligação.

Felizmente, às 7h da manhã, apenas Katherine geralmente estava acordada, e por algum motivo, eu não tinha medo de falar com ela.

_ Alô, bom dia senhora Jackson, é a Bárbara, como vai?

Pelo suspiro dela do outro lado, ela e Michael já tinham conversado.

_ Ah, querida... o que vocês estão fazendo? - ela perguntou, com um tom tão maternal, que eu abaixei os olhos, como se ela estivesse na minha frente.

_ Estamos... não sei. A senhora já sabe de tudo? De toda a história? - eu quis saber.

_ Sim, querida. Eu já sei.

_Eu acho que eu merecia ter ficado sabendo, não é? Era minha irmã, dona Katherine. - argumentei, sentindo o nó na garganta.

_ Ele tentou tanto te contar... foi tão difícil...

_ Mas foi fácil escrever tudo numa canção... Olha... desculpa... eu... eu nem sei porque estou falando isso. Ele é seu filho! E acho que isso nem foi o pior, mas o jeito que ele fez ontem... mas não é sobre isso... eu liguei porque vou a tarde buscar as minhas coisas, tudo bem? E eu queria ver se posso pedir para buscarem minha pasta do trabalho. Incomodo?

Michael Jackson - Billie JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora