Eu não poderia esperar mais uma semana. Meu coração não aguentaria.
O dia no estúdio foi arrastado. Quanto mais canções eu via, mais indeciso eu ficava. Starligth me parecia excelente, mas com uma letra meio da "década passada". Outras canções me remetiam a uma época bem anterior a que eu estava vivendo, como She's Trouble, apesar de até combinar com o contexto atual... além de tudo isso, as notícias sobre a crise do petróleo me cercavam por todos os lados. Era uma situação que ia encarecendo o custo de produção dos vinis, aumentando o preço do produto final, afastando os fãs das lojas, e os empurrando, cada vez mais, para os K7's.Eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, isso me afetaria, mas por enquanto, eu monitorava a situação, me informava e me precavia financeiramente.
Geralmente, na segunda de manhã, era isso que inundava a minha mente, e todo o resto eu deixava para domingo. E o resto vinha sendo apenas Betty, Peter e Barbara.
Mas depois dos últimos acontecimentos, eu não conseguia me concentrar.
_ Ah! Não é isso! - eu reclamava sozinho.
Eu estava tentando montar uns arranjos, mas não estava acertando o tempo da música. Na verdade, não estava atento. Por mais que me esforçasse.
Tirei os fones e saí da sala de gravação. Sentei-me no sofá, tentando respirar um pouco.
_ Isso é inútil. Eu não vou conseguir fazer nada!
Eu sabia exatamente o que tinha que fazer. Eu só estava apavorado demais pra fazer o que precisava, porém, não havia outro jeito: eu precisava falar com Bárbara, e não ia dar para esperar até domingo para isso.
Pensei em como eu poderia conseguir o telefone dela... eu tinha certeza que meu pai deveria ter o número novo, mas com que álibi eu pediria a ele? Sem contar que Joe não devia estar em casa. Ele nunca estava.
Ligar para Randy e pedir estava fora de cogitação.
Eu teria que ir até lá. Eu teria que dirigir até a casa de Bárbara em plena segunda feira à tarde. Ela morava perto de uma área industrial... não tinham tantas casas, mas certamente estaria mais movimentado do que no domingo de madrugada...
Mas era isso, ou passar a semana sem produzir nada, e eu não poderia me dar a esse luxo.
Saí do estúdio e comecei a dirigir em direção à casa dela, ainda inseguro, pois não tinha ideia se a encontraria lá, numa segunda às 4 da tarde... eu precisava urgente do telefone dela.
Fui pensando no que e em como eu ia falar... na minha mente eu já montava os mais variados planos, desde os mais simples, se tudo se encaixasse perfeitamente, desde os mais complexos, se a situação ficasse realmente complicada. Nesse último cenário, se fosse preciso, eu adotaria Peter. Estava disposto a isso se fosse necessário para que meu sobrinho tivesse o nome Jackson e a condição de vida a que tinha direito.
Quando cheguei à rua de Bárbara, havia mais movimento do que eu estava acostumado, claro. Algumas crianças brincavam no canto da rua, algumas senhoras conversavam no portão, alguns rapazes observavam na esquina. É óbvio, o Rolls Roice azul chamava a atenção.
_ Droga... como vou descer do carro... - pensei.
Decidi então dar a volta e parar exatamente em frente ao portão, torcendo para ser visto. Por precaução, coloquei o disfarce e decidi esperar um pouco... mas eu odiava esperar.
Cada movimento que eu via dentro da casa fazia meu coração pular, e eu percebia que a presença do carro chamava a atenção demais. Já não sabia se seria melhor ficar ali, ou arriscar e tocar a campainha.
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Michael Jackson - Billie Jean
FanfictionCONCLUÍDO "Billie Jean não é minha amante, é apenas uma garota que diz que eu sou o único, mas o menino não é meu filho..." Eu sei que você conhece esses versos. Todo mundo conhece. O que ninguém sabe é o contexto, como eles surgiram e a história po...