Disfarçando minha tristeza

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_ Randy! Eu tentei! Eu tenho tentado... eu estive a ponto de contar, mas a Deede entrou na hora, e aí...

_ Michael, você é o cara sensato! Parece até que estamos em papéis opostos aqui. Eu só estou dizendo que quanto mais você demorar, acho que vai ser pior, e eu já vi essa mulher brava... você não vai querer ver.

Randy estava no meu quarto. Ele tinha acabado de trocar a fralda de Petter, que seguia dormindo tranquilamente, com alguma ajuda minha.

_ Eu queria nunca contar. - respondi.

_ Não sei o que pode ser pior, porque se um dia ela descobrir, acho que ela vai trucidar você.

_ Obrigado, Randy. - eu disse, o mais irônico que pude.

Ele deu de ombros.

_ O máximo que posso fazer é juntar seus pedaços. Ela é brava, sério. Você vê como ela enfrenta o Joe? E é  o Joe!

Eu só imaginava o que eu ia fazer com a maldita canção... era como se eu olhasse a gaveta onde estava meu caderno e o gravador e pudesse vê-la tremer, como se Billie Jean quisesse sair de lá de dentro à força.

_ Eu vou ter que resolver isso. Agora, me diz: você vai deixar o Petter aqui ou vai levá-lo? - eu perguntei, impressionado com o sono pesado do garoto.

_ Vou levar... tudo bem que ele dorme como uma pedra, mas não vou atrasar seu lado. Sua gata, ou sua leoa, está aqui do lado. Talvez ele acorde quando ela começar a arrancar seus pedaços. - disse Randy.

Revirei os olhos para ele, enquanto o ajudava a colocar Petter no berço de rodinhas.

Para nós, Jacksons, que tínhamos convivido com bebês durante tantos anos de nossa vida, cuidar de um era algo quase instintivo. Randy era o que tinha menos experiência, mas ainda assim parecia levar jeito.

_ Estou no quarto do lado da mãe e das meninas, qualquer coisa, empurro o berço para o quarto delas... - disse ele, fazendo piada.

_ Tome vergonha e aprenda. Não é difícil. - respondi.

_ Vou aprender. Estou achando o máximo! Eu descobri que amo ser pai. Sério... estou até pensando...

Mas ele não completou a frase. Não precisava.

_ Vai pedir a guarda? - perguntei.

_ A mãe me perguntou isso. Ela queria que ele morasse com vocês em Haveyhurst, na verdade.

Eu suspirei. Bárbara sempre soube disso, desde sempre.

_ Só... vá com calma. - pedi.

Assim que Randy fechou a porta atrás de si, eu orei em meu coração:

"Meu Deus... eu não quero que Barbara sofra assim... não posso ser mais um motivo de dor pra ela."

Visão de Bárbara

A beleza daquele quarto, o clima de alegria com o qual a noite tinha sido encerrada, mais as expectativas para a continuação dela, fizeram meu sono simplesmente sumir... eu também não me sentia exatamente cansada, pelo contrário: sentia-me elétrica.

Na mochila que eu tinha preparado algumas roupas para passar três dias ali, o meu grande desafio tinham sido as roupas para dormir, porque sim, inconscientemente parecia existir sempre uma esperança de que "algo pode acontecer"... Meu pijama de flanela não era nenhuma arma de sedução, mas também não me fazia passar vergonha. Estava excelente. Era quente, confortável e ajustado ao corpo. Excelente para quem não pretendia ir além do que já tinha ido.

Fui tomar um banho, com o cuidado de manter a porta da varanda ainda fechada: este era o nosso sinal, e eu nem sabia se iria mesmo abri-la ou não.

"A quem você quer enganar, Bárbara? Você vai abrir... ", eu pensei, enquanto tomava banho. Ao mesmo tempo, me perguntava o que eu esperava, o que me fazia manter-me virgem aos 23 anos - uma raridade para minha geração.

Michael Jackson - Billie JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora