São as coisas que eu faço por você

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Eu não sei por quanto tempo nós nos perdemos um no outro naquela noite. Seus beijos, seus sussurros, seus sorrisos... tudo me encantava, me embriagava.
Alternávamos entre momentos quentes e intensos com outros de quietude e serenidade... eram nestes momentos que divagávamos sobre um utópico futuro, em que viveríamos numa linda fazenda, onde teríamos nosso próprio parque de diversões e Petter poderia divertir-se com os amigos e primos em seu próprio zoológico.

_ Ele não será privado de nada por ser um Jackson, eu prometo. - disse Michael.

_ Se seguisse vivendo só como um Jhonson, seria privado dessas coisas pela falta de grana... Como um Jackson, terá como viver muita coisa. - respondi.

Eu estava debruçada sobre o peito de Michael. Sua camisa estava com os primeiros botões abertos e eu brincava com uma correntinha prateada que ele usava.

_ Não gosto de reclamar, não mesmo. Sou muito grato, sabe? Mas... às vezes me cansa... não poder simplesmente sair. Simplesmente ir aos lugares, sem ter que me disfarçar, sem ter que montar sempre um baita esquema de segurança... eu queria ter isso as vezes, a simplicidade de apenas ir... Eu nem lembro como é.

Pensei nisso por um momento... eu me lembrava de Michael desde sempre. Tínhamos a mesma idade, então minha lembrança dele começava no mesmo ponto em que a lembrança da minha própria vida começava. E eu já me lembrava dele sobre os palcos, diante de uma multidão.

_ Acho que as pessoas não devem ter muita noção do quão difícil foi... eu mesmo, acho que só me dei conta a pouco tempo. - confessei.

Michael acariciou delicadamente meu rosto, enquanto mantinha um triste sorriso nos lábios.

_ Cada um tem suas dores... e não foram só dores, de qualquer modo.

_ Mas você era mais feliz há alguns anos atrás.... Não sei... principalmente antes de vocês mudarem o nome do grupo. - pontuei.

Michael se ajustou na cama, sentando-se e me aninhando em seu colo.

_ É... acho que você acertou o ponto... a saída do Jermaine... eu fiquei bem abatido quando aconteceu. Não encarei bem. Não consegui lidar bem com o fato de que o amor e os negócios não poderem conviver.

_ O casamento com a Hazel.

_ O casamento com a Hazel. - ele confirmou.

_ Engraçado, sempre achei que Jermaine podia ter ciúmes de você. Você sabe que entre as fãs tem isso, não é? As que preferem o Jermaine e dizem que ele é o galã, e as que preferem você. Era para ser ele o vocalista, não era?

Michael sorriu, aparentemente lembrando de um tempo antigo.

_ Sim! Era para ser ele. Era ele, na verdade, até meu pai me ver cantar.

_ E aí já era! Jermaine foi chutado para o lado! - brinquei.

Michael me empurrou de brincadeira.

_ Não! Não diga isso! Jermaine era o cara a quem eu imitava... ele era o responsável por mim, quem me levava a escola. Era com ele que eu dividia o quarto nas viagens. Sempre fomos muito próximos. Acho que por isso senti tanto a saída dele do grupo. - confessou.

Me aconcheguei em Michael. Falar dos irmãos era uma pauta fácil para compartilhar com ele.

_ Eu sempre amei Betty. Mesmo sem entendê-la. Sempre a admirei secretamente. Eu sabia que nunca conseguiria fazer nada do que ela fazia, que nunca teria a coragem dela. Mas eu a admirava. Ela ficou maluca, morreu, e eu não consegui dizer isso a ela.

Minha voz já começava a ficar embargada.

Michael me segurou forte.

_ Eu nem consigo imaginar a sua dor... não sei o que eu faria se perdesse qualquer um dos meus irmãos, e acho que eles sentem o mesmo.

Michael Jackson - Billie JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora