Você não pode vencer e nem sair do jogo

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Depois do beijo, eu e Bárbara parecíamos não saber mais como agir: continuar a briga não parecia fazer sentido e simplesmente não conseguíamos iniciar outro assunto.

Ela apenas me levou até o carro, e foi quando eu percebi que eu nem estava disfarçado.

_ Nossa... ainda bem que não tem ninguém na rua... - eu disse, levando as mãos ao rosto.

_ As pessoas trabalham amanhã. Já estão em casa, mas procure me avisar quando for vir...

_ Eu não tenho seu número.- expliquei.

Bárbara remexeu nos bolsos do casaco e tirou um cartão de visitas. Era seu cartão comercial.

"Bárbara Jhonson - advogada de família"

_ Tem pegado muitos casos? - perguntei.

_ Gente pobre tem tanto problema quanto gente rica. Só que no nosso caso os problemas geram menos dinheiro... mas vai pra casa antes que apareça alguém aqui e te reconheça, ou que minha mãe resolva aparecer e voltar a gritar. - disse ela, me empurrando para o carro.

Eu entrei e virei a chave. Coloquei o rosto para fora... eu precisava dizer alguma coisa, precisava entender um pouco do que tinha acontecido.

_ A gente não está brigado, está? - perguntei.

Bárbara riu. Ela se abaixou e ficou na minha altura.

_ Eu não sei. Depende: você vai querer tirar o Peter de mim?

_ Não. Não quero tirar o Peter de você, mas posso assumi-lo se for preciso. Se for o único modo dele ser reconhecido como um Jackson. Para ter acesso a tudo que tem direito, entende?

Bárbara acenou em confirmação.

_ Até domingo então, ou você prefere não ir mais até lá? - perguntou.

_ Não sei... - respondi.

Ela abaixou os olhos, mas os ergueu em seguida, sem querer mostrar tristeza, então emendei em seguida:

_ Acho que te ligo antes de domingo... estou cheio de coisas no estúdio, mas vou tentar achar um tempo.

Ela sorriu. Timidamente, e se levantou:

_ Não faça promessas senhor Jackson...

Foi minha vez de sorrir. Eu ia dar um jeito. Mesmo sem saber como: eu não conseguiria esperar até domingo para falar com ela de novo.

_ Tchau Bárbara.

_ Tchau Michael.

Eu nem sei como fui embora aquele dia.

O Rolls Roice deslizava pela pista... no rádio eu tinha colocado em uma estação qualquer, mas desliguei. Eu queria cantar. Comecei a cantarolar no carro, músicas aleatórias, canções novas e antigas, canções de artistas que eu gostava e algumas nossas. Comecei a cantar Different Kind Of Lady e me lembrar de quando escrevi essa canção, acho que em 76...

O que me fez lembrar que não contei para Bárbara tudo o que eu precisava ter contado.

_ Bom... será que eu preciso contar? Que diferença isso vai fazer no final? - eu me perguntei.

Michael Jackson - Billie JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora