Falando, gritando, mentindo

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Visão de Katherine Jackson

Eu achava que passar o feriado de Páscoa sem todos os meus filhos em volta da mesa seria ruim... agora, já começava a me sentir culpada por, um dia, ter me queixado por isso.

_ E então, senhora Jackson? Desculpa insistir... O que eu falo para a moça na portaria? Deixo ela entrar?

Nenhum dos nossos seguranças mais experientes estava trabalhando em casa no feriado. Bill estava de folga e Miko acompanhava Michael. Qualquer um deles, provavelmente saberia como conduzir melhor a situação. Jerome era um bom rapaz, mas tinha começado há pouco tempo, então não tinha culpa por estar um pouco perdido, afinal, a moça era irmã da namorada de Michael, seria normal ela poder entrar.

Se as coisas fossem normais.

_ Pede para ela me esperar no escritório da casa da piscina, Jerome. Mas não ela deixa sozinha lá. Fica com ela, por favor. - pedi.

Joe estava em casa, assim como Janet, Rebbie e a família, Jackie e os meninos, Marlon e Toya. Jermaine não viria, pois passaria o feriado com a família do sogro, assim como Tito, e Randy não tinha dado certeza... com a casa cheia, eu tinha que ser discreta: detestava invadir a privacidade de Bárbara, mas não podia arriscar e deixar essa moça entrar em casa, ainda mais sabendo que ela não era confiável. E o pior é que eu não fazia ideia do que ela queria.

_ Janet, você tem o telefone do hotel em que seu irmão está? - perguntei para minha caçula, que me lançou um olhar de enorme julgamento.

_ Mamãe! Não acredito que você vai ligar pra ele agora! Essa hora? São 9 da noite!

Eu não queria explicar nada. Janet era uma menina ainda.

_ Garotinha! Eu não disse que vou ligar agora. Você pode apenas me dar o número?

Mesmo em meio à caretas, minha filha me forneceu o telefone. Fui rapidamente para meu quarto e, da linha direta que tinha, tentei telefonar. A resposta da recepcionista foi decepcionante e, ao mesmo tempo, não me surpreendeu:

_ Senhora, o telefone do quarto apenas chama. Eles parecem não estar lá. Nos restaurantes também não...

Eu sabia que Michael faria algo assim, como sumir... e nem podia culpá-lo: se ele não fizesse isso, receberia chamadas a todo momento. Desliguei o telefone, totalmente temerosa.

_ Meu Deus... me diz o que fazer. - orei sozinha.

Eu sabia que a irmã de Bárbara era, de certo modo, perigosa. Michael já tinha me contado sobre as chantagens e eu já tinha visto as marcas no rosto de minha nora. Eu desconfiava que ainda havia mais. Talvez fosse o momento de descobrir, inclusive.

Eu poderia chamar Joe... mas, eu não gostava de envolvê-lo nos assuntos de Michael sem o consentimento de meu filho, ainda mais nas questões pessoais. Joe era um ótimo empresário, mas ele não sabia muito como agir no momento de ser apenas um pai.

Eu teria que enfrentar isso sozinha.

Assim que desci as escadas, porém, ouvi a voz de meu filho caçula: Randy havia chegado, logo ele tinha passado pela casa da piscina.

_ Oh mãe! O que é que... - ele começou a dizer, mas eu sinalizei para que parasse e ele entendeu.

_ Filho! Que bom que veio!! Você pode me ajudar numa coisa aqui fora? - pedi.

Como todos estavam ocupados demais - alguns nos fliperamas, outros brincando com Petter e outros na cozinha - todo o movimento passou meio despercebido, e consegui levar Randy rapidamente para fora.

_ Mãe, é a irmã da Bárbara que está lá na casa da piscina? O que ela quer?

_ Eu não sei! Ela apareceu aqui e eu não falei com ela ainda. Tentei falar com seu irmão e com a Bárbara mas não consegui...

Michael Jackson - Billie JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora