Quem você conhece

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_ Oi Bárbara. - disse ele. A voz suave.

_ Oi Michael, desculpe por toda essa bagunça. Vou tentar consertar. - eu disse, tentando manter o compasso e a serenidade na voz.

O coração, no entanto, seguia acelerado.

Meu Deus... que saudade de ouvir aquela voz!

_ John me disse que você não teve culpa. Que foi uma armação da Bertha.

A voz seguia numa linha reta. Sem emoção. Eu tentaria manter o mesmo padrão.

_ Sim. Ela tirou foto do diário enquanto eu estava dopada.

_ Devia ter cuidado com o que escreve. - disse ele, num tom que eu não discernir se era uma repreensão ou um conselho.

_ Sempre registrei minhas memórias. É um hábito anterior a você. Você viu. - afirmei.

_ Sim. Eu vi.

Pequeno silêncio, constrangedor.

_ John te contou o plano? Está de acordo? Algo a acrescentar? - perguntei, afinal, era sobre a vida dele também.

_ Humm... tente falar o mínimo... mas você é esperta, acho que se saíra bem.

_ Vou falar a verdade, Michael. Não é preciso muito para defender você.

_ Obrigado. Espero muito que dê tudo certo.

Era isso. E por algum motivo, eu sentia que era mesmo, o fim.

_ Eu espero que dê tudo certo para você, Michael, seu novo disco, seus sonhos, seus objetivos. Antes de tudo, sou sua fã. Tudo começou assim.

_ Não suma. Petter já perguntou de você. Eu viajo semana que vem. Apareça aqui para vê-lo.

"Apareça quando eu não estiver. Não quero te ver". Eu tinha entendido.

_ Sim. Farei isso.

_ Tudo de bom, Bárbara.

_ Para você também, Michael.

Coloquei o telefone suavemente no gancho, antes que ele desligasse. Ia doer mais se ele desligasse primeiro.

Tive que respirar tão fundo, tantas vezes... senão certamente eu gritaria. Queria jogar a cadeira pelo vidro fume da sala. Queria lançar o telefone na parede. Meu peito parecia que ia explodir, e eu estava há 5 minutos de ficar diante de uma câmera, em rede nacional, para falar justamente sobre Michael e meu relacionamento recém-terminado.

Eu ia defendê-lo. Sim, eu ia. E de repente eu percebi o quão ridícula eu tinha sido por ter terminado, o quão idiota eu parecia agora... eu tinha me sentido insultada por ele não ter me contado sobre uma noite que tinha passado com minha irmã, numa época que ele não tinha conhecimento da minha existência. Eu abri mão dele por conta de uma única noite que ele viveu antes mesmo de me conhecer e que ele não tinha tido coragem de me contar. E agora, minha revolta com essa idiotice estava rendendo a exposição dele em rede nacional.

_ Meu Deus... como você pode ser tão idiota! - eu disse para mim mesma.

_ Bárbara? Está pronta? - perguntou John, batendo na porta e fazendo-me assustar.

_ Sim! Estou indo.





_ Nós iniciamos este programa hoje com um vídeo da sua irmã, Bertha, certo Bárbara? E ela trouxe informações sobre o quanto Michael Jackson tinha sido uma presença negativa na família de vocês, porém parece que você nos traz agora um olhar diferente... é isso?

Michael Jackson - Billie JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora