Capítulo 7

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Karen.

       Acordo me sentindo revigorada após dormir em um lugar mais fresco. Encontrar um riacho foi uma benção, estávamos morrendo de sede, mas eu estava muito mais incomodada com meu corpo... Eu precisava de um banho... Por sorte havia um segundo uniforme na mochila, pego e olho para o canto do Hak, ele devia ter saído pra se aliviar ou algo assim. Contanto que esteja bem longe de mim... Sigo o riacho até um lugar onde ele se torna um rio cheio o suficiente para mergulhar, retiro o uniforme e sacudo ele, solta tanto pó que espirro. Entro na água refrescante e respiro fundo. Esfrego minha pele.
        — Seria tão bom ter uma esponja e sabonete...
       Tenho uma ideia maluca... Meu cabelo é tão longo, e se eu usar para me esfregar? A ideia era estranha mas funciona bem. Uso meu cabelo e limpo minhas mãos e braços, esfrego as pernas e pés, mergulho e esfrego o cabelo da raiz até as pontas. Eu peguei um produto para limpeza das partes íntimas, a única coisa que eu tinha pegado e colocado na mochila, lavo com cuidado e começo a orar pela primeira vez, pedindo que a água não seja contaminada. Levanto, e começo a sair da água, não havia toalha então eu tinha que esperar que o sol me secasse, não que isso fosse demorar, meu cabelo estava tão branquinho agora...
      —Aaaaaaah!!! - Hak grita e tampa os olhos.
      Mergulho de novo, escondendo meu corpo na água.
      —O que você está fazendo ?
      —Eu precisava de um banho!!!
      —Meus olhos!!! Meus olhos!!! Eu estou traumatizado!!! Vou precisar de terapia pra poder me recuperar disso!!! Ai, meu psicológico...
      —Dá pra você parar de berrar e se virar??
      Ele se vira e saio da água, sento sobre uma pedra.
       —Agora volte para nosso pequeno acampamento e não olhe pra trás.
      —Achei que estava se vestindo.
      —Não vou usar essa roupa, estando toda molhada.
      —Ah, meus olhinhos...
      —Não exagere! É uma visão linda! Claro que não era para VOCÊ ver.
      Ele se afasta e continuo sentada, esperando que eu fique sequinha.

Hak.

      Não acredito que depois de um sonho daqueles, eu vejo a Karen toda nua... pelada... molhada...             Lembro de cada detalhe, coloco as mãos nos olhos e pressiono, penso nos seus seios, bem maiores do que eu achava, meu pensamento vai mais para baixo e berro antes que eu possa imaginar. Vou na árvore mais próxima e soco ela. Eu precisava pensar em outra coisa...
        Toda vez que eu precisava parar de pensar em sexo, eu pensava na Karen, era só lembrar da sua esquisitisse, da sua risada chata e prontinho! Eu não estava mais estimulado. Mas agora a situação mudou... As imagens continuam pipocando na minha cabeça, eu precisava me acalmar. Já passei por isso antes, estar em uma missão com uma garota com quem e já tinha transado, mas a Karen... Penso que é melhor eu ir caçar, espairecer e andar, ficar longe dela e pensar no que fazer.

Karen.

       Meu corpo está sequinho e limpo, na medida do possível, visto o uniforme limpo e sacudo o cabelo para retirar um pouco da umidade.
        Ainda me sentia em choque, Hak tinha me visto nua, é claro que ele não gostou, mas não precisava ter exagerado. Retorno ao ponto em que dormimos e o Hak não estava lá, que bebezão. Sento e espero que ele apareça. Abro a mochila dele e pego uma barra de proteína. Eu devia procurar frutas por aqui, para poupar a comida da mochila.
      Levanto e começo a andar. A floresta era linda, e cheirosa, o aroma de eucalipto era suave e eu adorava. Após uma pequena caminhada, encontro um arbusto que tinha umas frutinhas, Luise tinha dito uma vez que se houvesse sinais de que animais comiam do fruto, ele era comestível, vi que uns pássaros comiam dela, é claro que eu não morreria envenenada, mas a dor é muito chata. Mordo a frutinha e lembro que a Maggie já tinha feito uma torta com ela, o sabor era igual. Eu tinha uma memória boa para sabores de comida.
       Olho para cima e vejo coalas fofos mastigando folhas, olho para frente e vejo Hak segurando um lagarto, ele percebe meu olhar sobre ele e olha pra mim, vou na direção dele rindo.
       —A caça foi bem produtiva, não foi? — começamos a andar de volta para nosso acampamento improvisado.
      — Hahahahah.
      —Não fica assim Haknógrafo... Tenho certeza que foi um grande desafio...
      — Eu não vou te dar um pedaço.
      —Com uma caça tão grande? E não vai dividir? Que maldade!
      Chegamos e o Hak coloca o animal no chão e começa a pegar gravetos, começo a ajudar ele, fazemos uma pequena fogueira e o Hak coloca um graveto no lagarto e então coloca pra assar.
       —A fogueira não tá pequena demais pra esse animal imenso?
       Ele não olha pra mim e continua mexendo no bicho, girando o graveto, o cheira não era bom, eu não estava acreditando que ele realmente comeria aquilo.
      —Você vai comer isso? Quer dizer... Vai caber tudo isso na sua barriga?
       —Karen?
       —Oi. —dou um sorriso travesso.
       —Cala essa boca!
       — Vem calar! — provoco.
       Hak vem na minha direção e usa suas mãos para tampar minha boca. O fedor do lagarto estava ali, então tentei afastar e cuspi.
       —Ah que nojo, Hak!!!
       —Você que pediu!
       Mostro a língua pra ele e ele olha sério pra mim. É melhor eu correr, ele ficou muito bravo agora... Levanto e começo a correr, Hak corre atrás de mim e me alcança, me derruba no chão segurando minhas mãos no chão. Começo a rir incontrolavelmente, ele continua me segurando e olha fixamente pra mim, não havia sinal em seus olhos, de que ele estava brincando agora. Aos poucos paro de rir e encaro ele de volta.
       —Chata.
       Ele levanta e volta para sua fogueira, ele estava estranho, mais do que o normal.
       —Ficou chateado? — pergunto com voz doce .
       —Karen você não sabe a hora de parar?
       —Não fica assim... — com uma mão dou tapinhas na sua cabeça.
      Ele volta a me olhar com um olhar sério.
      —Devíamos ter esse lugar como base oficial até encontrar outro lugar...
      —A gente meio que já tá fazendo isso.
     —Quero dizer arrumar um lugar melhor pra dormir e olhar nas redondezas.
     —Continua.
- Fazemos daqui nosso ponto, viajamos para averiguar a área e voltamos para aqui, num raio de 50 metros talvez?
- É uma boa idéia.
- Obrigada - coloco o cabelo atrás da orelha.
- De quem será que você roubou?
- De você que não foi.
Traçamos no mapa a área que iríamos percorrer naqueles dias, Hak dividiu o lagarto e me deu o pedaço menor.
- Aposto que você não consegue comer.
- Também aposto...
- É proteína!
- Mastiga você primeiro!
- Primeiro as damas!
- Hak, você matou o bichinho! Se ele morreu pra ser assado e depois jogar fora... É uma coisa horrível!
Hak morde um pedaço e sorri, depois continua comendo. Minha barriga ronca, eu não queria comer aquele coisa, mas eu tinha que me acostumar. A noite chega e começamos nossa caminhada.



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