Hak.
É apenas o segundo dia da missão e a Karen já está deitada no chão, dormindo pesadamente. Ficar parado aqui no meio do nada, não é uma boa ideia, temos que avançar e encontrar a base. Embora eu já tenha tentado acordar ela de várias formas, ela voltou a dormir.
Olho pra Karen, seu cabelo caiu no rosto, e aos poucos ela está quase beijando o chão. Daqui a algumas horas o dia chegaria e o sol voltaria a nos queimar.
— Chega!!! — digo determinado.
Levanto a Karen, que me olha sonolenta.
— Hmmmmmmm... o que foi...?
— Acorda!!! — sacudo ela.
— Tá ficando maluco? — ela se afasta meio bamba.
— Vamos continuar andando!
Pego a mochila, o saco de dormir e entrego a ela.
— Sem noção... — ela pega as coisas e continuamos a caminhada.
Andamos durante um tempo, e verifico o mapa.
— A gente tem que encontrar uma floresta, em algum momento nossa água vai acabar... — digo enquanto tento medir a distância.
— Não se vire!
Me viro pra ela, ela estava começando a abrir o macacão.
— Eu disse pra não se virar! — ela se vira, extremamente irritada.
— Desculpa... — Viro meu rosto pra o outro lado. Que bom que não vi nada... — Mas o que você está fazendo.
— Porque eu estou apertada!
— Tá bom... Tá bom... Tá bom...
Me afasto um pouco e tento pensar em outra coisa, isso é muito estranho.
— Pronto mané.
— Hunrum..
Ela aparece do meu lado com a mochila. Caminhamos em silêncio, mas estranhamente pensar nisso... Me deu vontade de urinar também...
Que raiva, ela podia pegar no sono de novo... O dia está quase chegando.
— Ainda tá com sono?
Ela me dá um olhar mortal.
— Tô.
— Quer dormir um pouco?
Ela respira fundo e passa na minha frente, caminho devagar atrás dela. Achamos uma árvore com mais folhas e decido parar, aqui será um bom lugar pra descansar quando o dia chegar.
— Aqui, Karen.
Ela chega e põe sua mochila no chão. Faço o mesmo do outro lado da árvore e sento recostado no saco de dormir. Percebo que a Karen se deita, espero um tempo e me levanto devagar e silenciosamente me afasto pra me aliviar. Ao terminar, começo a não me sentir muito bem, a luz do sol estava tocando em mim, era fraco mas doía.
De repente, ouço o grito da Karen. Corro até ela e vejo o porquê da gritaria. Era uma ema que estava bicando ela. Ela provavelmente acordou super assustada. Afasto a ave, que sai correndo pra longe.
— Cê tá bem? — pergunto analisando ela.
— Sim... Eu acho...
Ela sacode o cabelo e se deita de novo. Deito no meu lugar e começo a cantarolar, para dormir e para fazer a Karen dormir também. Me sinto tão cansado que pego no sono rapidamente.
Sinto algo balançar meu corpo e alguma voz distante. Aos poucos vou acordando e sentindo uma mão me balançar, não era uma sensação comum, a voz parecia de uma garota na verdade, a da Karen. Abro os olhos e dou de cara com o rosto da Karen muito perto do meu, olho levemente para baixo, vejo seus lábios carnudos balbuciando, eles pareciam tão macios... O que eu deveria fazer?
— Hak!! Acorde seu bocó!! — ela sussurrava freneticamente.
Ela olhou para trás, seu pescoço estava exposto, bateu uma vontade de morder... Ela olha para mim de novo, meu olhar cai nos seus lábios novamente. Sinto uma dor e tento gritar assustado, ela tinha mordido meu braço. Ela põe suas mãos na minha boca. Agora tô bem acordado.
— Tem um canguru aqui perto!
Entendo a gravidade da situação, mas o sol parece muito brilhante, quase queimando meus olhos. Faço um esforço e olho, vejo o animal há pelo menos 10 metros da gente.
— Tá legal... — pego a minha mochila e a Karen faz o mesmo.
— O que vamos fazer?
— Me imite.
Começo a tossir, cof cof cof, Karen olha pra mim com uma cara de confusa. O canguru olha fixamente pra gente. Continuo tossindo, e a Karen começa a tossir também. O canguru da uma última olhada e se afasta. Levantamos devagar ainda tossindo, então saímos devagar até estar longe do bicho.
Caminhamos sob o sol, com o saco de dormir na cabeça até encontrar outra árvore para descansar.
— Deu certo...! — Karen diz ainda confusa. — Como que seu certo?
— Se a gente parecer que tá doente, ele não vai quer atacar a gente.
Eu tinha aprendido isso no início da minha carreira como agente, tínhamos que lidar com vários animais perigosos, entre eles o canguru.
— Eu jurava que você ia pular no pescoço dele e lutaria com ele.
— Eu não! Tu já viu o chute que aquele bicho dá?
— Até que você tem cérebro...
Olho pra ela de cima a baixo.
Deitamos em baixo da outra árvore, mas ela não tinha tanta sombra quanto a outra, ainda assim fizemos o possível para dormir.
Caminhamos por uma semana, até que encontramos uma pequena floresta de eucaliptos, onde aproveitamos pra descansar. A sombra estava fresca e respiramos aliviados.
— Aaah aqui tá muito melhor! — Karen parecia relaxada.
— Com certeza!
Estavamos exaustos, e sujos também, meu cabelo tinha pedrinha e meu uniforme estava da cor do chão. O cabelo da Karen que era Platinado, agora estava amarelado e bagunçado, nossa reserva de água quase se esgotou, mas aqui podíamos respirar.
— Temos que encontrar mais água...
— Urgentemente! — respondi.
Comecei a olhar ao redor, achei algo que parecia uma pegada. Se eu conseguisse achar o rastro de algum animal, eu poderia...
— Achei!!! — Karen gritou de algum lugar.
— Cadê você?
— Aqui!
Segui o som da voz dela e encontrei ela perto de um riacho. Ficamos tão felizes que a Karen me abraçou, abracei ela também, mas no impacto quase caímos no riacho. Ela estava encima de mim, seu cabelo longo caiu no meu rosto, eu cuspi aquele cabelo. Eu sentia seu corpo colado no meu, seus seios acomodados sobre meu peito, ela respirou fundo, estava sorridente.
— Achamos água!!!!!
— É, agora sai de cima de mim.
Segurei sua cintura, não havia calor em seu corpo, eu sabia que ela era fria, mas a sensação era bem diferente. Coloquei ela no chão no meu lado e sentei no chão. Percebi que minhas costas doíam, bati com força no chão. Ai!
— Você é pesada! — resmungo.
— Nah! Você que é fraquinho...
— Hahahahahaahah... Vamos pegar a água logo.
Enchemos nosso cantis, bebendo a água com alegria, logo a noite chegou. Nossa rotina de sono estava bagunçada, dormimos de dia e de noite, caminhamos por muito tempo. Então pensamos em ficar naquela pequena floresta para fazer uma parte do relatório, que se resumia em nada.
Karen pega o caderno e anota tudo o que fizemos, que no total, com as letras do tamanho de um jegue que ela tinha, deu duas linhas.
Guardamos tudo e bebemos mais água, então decidimos dormir.
Peguei os pulsos dela e coloquei ela contra a parede do quarto, pressionei meu corpo contra o dela e a beijei, um beijo longo e demorado. Então estavamos na cama, fiquei sobre ela, Karen colocou seus dedos em meu cabelo, beijei ela novamente, meu corpo queimava de desejo por ela. Eu não...
Acordo respirando muito rápido. Que droga foi essa???
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O doce sabor dos insultos
RomanceKaren e Hack nunca se deram muito bem. Um cara retardado que sempre surge do nada, pensa ela. Uma garota chata que cai do nada, pensa ele. Mas, uma importante missão do chefe da agência, envia ambos para longe do conforto, e colocando-os para trabal...