Capítulo 14

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      Após muita caminhada, paramos para dormir na caverna. Precisamos descansar para continuar.

      Passamos as últimas horas seguindo dois homens e ouvindo suas conversas com outro homem. Conseguimos descobrir que se trata de algum tipo de estudo sobre venenos. Não vejo nada de mais, mas Hak está desconfiado.

      Não sei por quanto tempo dormimos, mas a julgar pela posição do sol, já é meio-dia. Me sinto bem melhor, tudo que eu precisava era dormir. Embora deitar no chão, mesmo com o saco de dormir, é muito dolorido, sinto que minhas costas estão tortas. O Hak continua dormindo, ele parece estar cansado. A vontade que tenho é de desenhar um bigode no rosto dele, mas não teria graça sem alguém para ver.
      Levanto e me estico. Talvez me banhar na água ajude com a dor. Eu também poderia achar algo para comer. Essa é com certeza a parte mais triste, sinto saudades de arroz e frango, de salgados, chocolate. Aqui só encontro frutas e lagartos, que sinceramente, não é bom.
     Caminho um pouco para encontrar outras frutas, algo pra comer, minha barriga vibrava e rugia, parecia um monstro na minha barriga. Encontro algumas frutas maiores, eu teria que subir na árvore. De tanto subir em árvores estou quase profissional. Subo sem muita dificuldade, como se fosse um macaco. Dou risada da minha  própria comparação. Ao chegar lá colho e começo a comer. Eu tenho certeza que não é venenosa por causa dos dias de comida típica da Maggie. Ela é tão azeda que me encolho toda. Decido procurar outra fruta. Desço e ando um pouco mais, encontro outra espécie de fruta que enfim é docinha.
      Pego mais algumas e levo comigo. De volta a caverna, Hak continuava a dormir. Ele realmente deve estar cansado. Eu não sei bem, mas deixo algumas frutos junto dele. Então ele acorda.
     — Bom dia, bocó! — sorrio.
     — Tá aprontando o que?
     Afasto e me sento em uma pedra.
     — Você acha, que eu, iria aprontar?
     — Tenho certeza.
     Faço cara de surpresa.
     — Eu só queria te trazer umas frutas.
     Ele olha desconfiado.
     — Eu posso confiar em você?
     — Não seja medroso, você não vai morrer por causa de um veneno.
     — Tem veneno?
     — É óbvio que não. Olha, se você não quer comer, tudo bem, eu como.
     — Não, não, não, não. Deixa aqui. Eu como.
     Ele morde e mantenho o olhar sobre ele. Ele me encara de volta. Balanço a cabeça e me levanto.
     — Vou me banhar, depois volto.
     — Vai lá, tá precisando mesmo, estava desmaiando com seu fedor.
     — Mentiroso! Você  tem bafo de sangue podre e eu nunca disse nada.
     Saio rindo e vou para o rio. Tiro a roupa completamente e mergulho na água, a superfície está quentinha, enquanto o fundo está mais frio. Eu torço para que não haja nenhum tipo de bactéria aqui. Com certeza eu passaria umas duas semanas no hospital.
      Quando volto para a caverna, Hak está estudando o mapa, me aproximo devagar.
     — Já te vi aí, Karen. — esse cara tem olho nas costas...
     — Novo plano? — pergunto me  sentando perto dele.
     — Vamos continuar espionando aqueles três até descobrir mais.
     — Acha que tem algo lá?
     — Tenho a impressão que sim, mas a gente precisa investigar mais.
     — Entendi. Mas é muito longe... Fico cansada só de pensar.
     — Sim, mas temos que descobrir o que tem lá dentro da segunda casa e o que acontece lá dentro.
     — Ok... Então quando vamos?
     — Mais tarde, nós vamos lá. Precisamos de um plano melhor.
     — A gente entra e diz: Olá amigos, o que vocês estão fazendo?
     — Aí eles te dão um tiro na cabeça ou injetam o veneno em você.
      — Podemos vigiar até que eles estejam longe e entramos lá para tentar achar algo.
      — Finalmente você está sendo intelijegue.
     Tento bater nele mas ele se desvia.
     
      Passamos vários dias espionando os homens, mas em nenhum momento a casa parecia estar vazia. Hak e eu nos revezamos para que ambos possam estar descansados.
     — Parece que ele nunca sai daí. — resmungo com o Hak.
     — Sim, isso é chato, mas uma hora ele sai.
     — Parece até que não toma sol! — sussurro.
     — Tenha paciência.
     — Eu tô é enlouquecendo!
     — Impossível! Você já é louca!
     Dou um chute na canela dele e ele ri.
      — Sua vez de vigiar. — ele diz e se ajeita sobre o galho.
      Me posiciono e fico olhando movimentação como tenho feito por dias.

O doce sabor dos insultos Onde histórias criam vida. Descubra agora