Karen.
Apesar de ter dormido a viagem quase toda, acordo no instante em que chegamos na nossa cidade. Olho pela janela e vejo os prédios, as ruas e até mesmo o Campus. Tudo parece um sonho vago, daqueles que eu tive na Austrália.
Lembro das vezes que sonhei que estava em casa, que estava com minha família ou nos braços do Kieran. Droga! Eu estraguei qualquer chance que poderia ter com ele! Uma dor aguda toma meu peito e me impede de respirar, mas engulo e tento me concentrar na vista.
Sinto lágrimas vindo aos meus olhos quando vejo a minha casa. O jardim... E a Maggie picotar as ervas daninhas. Vejo o heliporto da casa e um sorriso surge no meu rosto. Um homem, de postura firme e braços cruzados nos espera. Tão logo o helicóptero para, eu corro para seus braços.
— Pai! — as lágrimas escorrem pelas minhas bochechas.
— Pra que tanto escândalo, Karen?
Sua voz é séria, é uma bronca, mas sua mão acaricia meu cabelo e me prende em um abraço.
— Senhor. — ouço a voz do Hak.
Me afasto muito a contra gosto mas estou satisfeita. Como senti saudades!
— Vão tomar um banho e comer alguma coisa. Quero relatório na minha sala em trinta minutos. — ele estala o dedo e sinto um formigamento.
— Sim, senhor! — dizemos em uníssono.
Descemos as escadas e vou correndo para encontrar minhas irmãs. Paro no meio do corredor e me concentro, sinto o frio nas minhas mãos. Meus poderes estão de volta!
~ Oi meninas! Vocês estão por perto? — mando uma mensagem telepática para elas.
~ Karen! Você está aqui? — sinto a Maggie se aproximar.
~ Cadê você? — Luise também chega.
Corro para o jardim onde sinto que devo ir. Encontro a Maggie no meio do caminho e me atiro nela derrubando ela no chão.
— Kareeeeeen! — Maggie me chama entre risos e cabelos.
Enquanto gargalhamos, sinto um peso e uma mordida nas costas.
— Aí!!!! Luuuuu!!!
Faço um esforço muito grande para me virar e abraçar minha irmã mais nova.
— Cadê sua bunda? — Luise reclama.
— Eu perdi ela.
— É verdade, Karen, você está mais magra. — Maggie olha pra mim de cima a baixo.
— Passei meses sem comer, o que vocês queriam?
— Tadinha.
— Tenho que me arrumar e fazer o relatório da missão.
— Tá bom.
Nós nos levantamos e olho pra minhas irmãs, a saudade e a culpa brigam dentro de mim.
— Quê que foi? — Luise está rabugenta como sempre.
— É só muito bom ver vocês.
Caminho para meu quarto e arfo com a visão. Escancaro a porta e aprecio as paredes lilás. A cama gigante com tons de lilás e branco. Toco meu colar e me lembro do meu gatinho.
— Adrian... — sussurro.Uma magia estranha e branca sai do meu colar e se acumula no chão á minha frente, ele toma a forma de um gato e aos poucos meu pequeno e ranzinza Adrian aparece no meu tapete violeta. Quando ele nota que estou me agachando para pegá-lo ele tenta correr, em vão, pois o pego e abraço pra matar a saudade.
— Meauuuu! — ele tenta se soltar, mas acaba desistindo.
— Senti saudades! — me inclino para beijar ele, mas uma pata empurra meu nariz para longe.
Solto uma gargalhada e ponho ele sobre minha cama. Abro meu closet e vejo as roupas preferidas, meus braceletes de cabelo de materiais e cores diferentes, minhas tiaras de animais e meus adorados saltos altos. Meu pai iria odiar se eu os usasse na reunião, a tentação é grande, mas eu sou uma garota paciente. Pego o uniforme e abro a porta do banheiro.
A banheira me chama, mas sei que vou acabar cochilando e perdendo o relatório. Encaro o meu eu no espelho. Eu estou acabada. Meus cabelos parecem ter sido banhados por ácido. Minha pele está tão ressecada que um sorriso faz a pele rachar. Ligo o chuveiro e vou para dentro do box. Os jatos de água quente me fazem relaxar. O sabonete parece fazer milagres na minha pele, e o shampoo tira toda sujeira acumulada. O condicionador traz a maciez de volta.
Enxugo meu corpo e deixo a toalha no cabelo. Só não posso esquecer e ir assim. Me visto e olho o relógio. É melhor eu ir agora.
— Quase esqueço a toalha...
Chego na reunião bem a tempo e tudo corre bem. Contamos tudo o que vimos e ouvimos, tudo o que conseguimos, tudo o que descobrimos. Agora é só descanso e SPA. Pelo menos para mim.Durmo junto com minhas irmãs, tudo na minha cama. É tão bom me sentir em casa. Apesar de tudo fico feliz que a missão está parcialmente cumprida. Mas pensar que dormi com o irmão do amor da minha vida, tira todo o meu prazer de viver.
E quando penso nisso, o alívio vem, pois sei que tudo não passou de uma fic.Fim.
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O doce sabor dos insultos
RomanceKaren e Hack nunca se deram muito bem. Um cara retardado que sempre surge do nada, pensa ela. Uma garota chata que cai do nada, pensa ele. Mas, uma importante missão do chefe da agência, envia ambos para longe do conforto, e colocando-os para trabal...