Karen.
— Você saiu enquanto eu estava fora? — Hak está desconfiado — A última vez que te vi você sequer conseguia levantar a cabeça.
— Você demorou tanto que eu melhorei mas não aguentei o tédio e fui procurar você. Foi aqui que encontrei uma coisa.
— Eu também encontrei uma coisa.
— Tá legal! Eu começo! — procuro por uma caneta na mochila e abro o meu mapa.
— Por quê?
— Damas primeiro! Depois os cavalos...
— É sério? Agora? — Hak faz uma careta ao ouvir minha piada.
— Preciso ficar de bom humor pra não surtar. — março o ponto no mapa onde eu estive algumas horas atrás — Aqui. — aponto o lugar — É onde estão mantendo as crianças! — começo a falar rapidamente — São dezenas, não, na verdade centenas de crianças! Todas presas em jaulas.
— É quase onde eu estava.
— Mesmo? — olho pra o Hak com curiosidade.
— Sim! Eles estavam em uma reunião. Na verdade ainda estão. Vão começar uma invasão ou algo assim em pouco tempo.
— Deixa eu ver seu mapa.
Colocamos nossos mapas um ao lado do outro, coloco um sobre o outro e olho contra a luz.
— Nossa. — a respiração do Hak bate em minha nuca — É um lugar muito grande.
— Sim!
— Eles pretendem colocar o plano em prática em pouco menos de dois meses.
— Mas que plano é esse? — percebo que no mapa do Hak há um monte de números e coisas escritas, mas não consigo entender a letra dele — Sua caligrafia é horrível, não consigo entender nadica de nada.
— Se eu parar pra te explicar tudo agora a gente não vai chegar a tempo. — ele começa a arrumar as mochilas.
— Então vamos viajar agora?
— Sim! Nesse momento!
— Mas será que vamos chegar a tempo?
— Dessa vez a gente não vai ficar rondando o deserto porque a gente já encontrou o que precisava.
— Vamos direto pra cidade. É isso?
— Sim, e ao chegar lá temos que entrar em contato com o Josh.
— Vai ser um desafio.
— Para de ficar pensando e vamos arrumar tudo logo.
Começamos a arrumar tudo na mochila, enrolamos os sacos de dormir e amarramos. Damos mais uma olhada no mapa para encontrar a melhor rota, a que for mais rápida pra chegar a cidade. Agora é só andar até lá.— O que a gente vai fazer quando chegar lá? — já faz um tempo que estamos andando, antes eu sentiria muito cansaço, mas agora minhas pernas realmente ficaram mais fortes.
— Vamos saber quando chegar lá.
— Você não tem um plano?
— Vou ter um. Quando chegar lá.
— É porque tipo, só temos essa roupa muito suspeita, vamos sair do meio do mato...
— Sabe o que as pessoas fazem quando vê algo suspeito?
— Investigam?
— Ignoram.
— Tomara! Sair do mato com você não é algo que quero associado a minha imagem.
— Também não quero isso associado a minha. Mas a gente vai ter um plano até lá.
— Você deixa pra fazer tudo em cima da hora!
— Você também!
— Não é bem verdade!
— É sim!
— Não, eu planejo tudo na cabeça e depois faço.
— Em cima da hora.
— Já disseram que você é irritante?
— Já disseram que tu é chata?
— Dentuço.
— Baixinha.
— Tá pobre de insulto?
— Esquisita.
— Morceguinho.
— Coração de gelo.
— Não me ofende. — dou risada.
— Velha.
— Por causa do cabelo?
— Você não consegue ficar quieta?
— Só quando é necessário.
— Agora é necessário.
— Não é não, estamos sozinhos.
— Se não fosse você falando, isso ia soar tão sexy.
— Mas eu sou sexy.
— Não pra mim.
— Será mesmo?
— É.
— Mas você já me viu nua. Não sentiu nada?
— Tá tentando me seduzir?
— Tô tentando te deixar desconfortável.
— Tá funcionando.
— Obrigada.
— Não era algo que eu queria lembrar.
— Por que a visão foi boa?
— Você tem um corpo bonito.
— Não acredito que ouvi um elogio de você!
— Mas você é a Karen, e é muito chata.
Caminhamos durante dia e noite até a exaustão. Ainda estamos na floresta. Então estendemos o saco de dormir em um lugar seguro e deitamos.
— Temos que nos revezar pra ficar de olho.
— Tá legal. Você começa. — fecho os olhos e durmo quase que no mesmo instante.
Acordo com alguém cutucando meu braço e me sacudindo. O sono tá tão gostoso que não quero acordar. Quando quando sinto uma mordida no braço, dou um tapa no que me mordeu.
— Ai! — abro os olhos e vejo o Hak com a mão no rosto — Isso doeu!
— Você me mordeu?!
— Você não queria acordar!
— É claro que não.
— Agora é sua vez de ficar acordada. — ele parece irritado, ele deita no saco de dormir e fecha os olhos.
— Então tá. — sussurro.
Observo aos poucos a respiração do Hak ficar devagar e contínua. Ele realmente parece cansado. E não é pra menos, eu também estou. Acho que quando chegar em casa vou dormir por uns três meses seguidos. Mas acho que o problema do Hak é outra coisa.
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O doce sabor dos insultos
RomanceKaren e Hack nunca se deram muito bem. Um cara retardado que sempre surge do nada, pensa ela. Uma garota chata que cai do nada, pensa ele. Mas, uma importante missão do chefe da agência, envia ambos para longe do conforto, e colocando-os para trabal...