Capítulo 20

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Karen.

    — Você saiu enquanto eu estava fora? — Hak está desconfiado — A última vez que te vi você sequer conseguia levantar a cabeça.
    — Você demorou tanto que eu melhorei mas não aguentei o tédio e fui procurar você. Foi aqui que encontrei uma coisa.
    — Eu também encontrei uma coisa.
    — Tá legal! Eu começo! — procuro por uma caneta na mochila e abro o meu mapa.
    — Por quê?
    — Damas primeiro! Depois os cavalos...
    — É sério? Agora? — Hak faz uma careta ao ouvir minha piada.
    — Preciso ficar de bom humor pra não surtar. — março o ponto no mapa onde eu estive algumas horas atrás — Aqui. — aponto o lugar — É onde estão mantendo as crianças! — começo a falar rapidamente — São dezenas, não, na verdade centenas de crianças! Todas presas em jaulas.
     — É quase onde eu estava.
     — Mesmo? — olho pra o Hak com curiosidade.
     — Sim! Eles estavam em uma reunião. Na verdade ainda estão. Vão começar uma invasão ou algo assim em pouco tempo.
     — Deixa eu ver seu mapa.
     Colocamos nossos mapas um ao lado do outro, coloco um sobre o outro e olho contra a luz.
     — Nossa. — a respiração do Hak bate em minha nuca — É um lugar muito grande.
     — Sim!
     — Eles pretendem colocar o plano em prática em pouco menos de dois meses.
     — Mas que plano é esse? — percebo que no mapa do Hak há um monte de números e coisas escritas, mas não consigo entender a letra dele — Sua caligrafia é horrível, não consigo entender nadica de nada.
     — Se eu parar pra te explicar tudo agora a gente não vai chegar a tempo. — ele começa a arrumar as mochilas.
     — Então vamos viajar agora?
     — Sim! Nesse momento!
     — Mas será que vamos chegar a tempo?
     — Dessa vez a gente não vai ficar rondando o deserto porque a gente já encontrou o que precisava.
     — Vamos direto pra cidade. É isso?
     — Sim, e ao chegar lá temos que entrar em contato com o Josh.
     — Vai ser um desafio.
     — Para de ficar pensando e vamos arrumar tudo logo.
     Começamos a arrumar tudo na mochila, enrolamos os sacos de dormir e amarramos. Damos mais uma olhada no mapa para encontrar a melhor rota, a que for mais rápida pra chegar a cidade. Agora é só andar até lá.

      — O que a gente vai fazer quando chegar lá? — já faz um tempo que estamos andando, antes eu sentiria muito cansaço, mas agora minhas pernas realmente ficaram mais fortes.
     — Vamos saber quando chegar lá.
     — Você não tem um plano?
     — Vou ter um. Quando chegar lá.
     — É porque tipo, só temos essa roupa muito suspeita, vamos sair do meio do mato...
     — Sabe o que as pessoas fazem quando vê algo suspeito?
     — Investigam?
     — Ignoram. 
     — Tomara! Sair do mato com você não é algo que quero associado a minha imagem.
     — Também não quero isso associado a minha. Mas a gente vai ter um plano até lá.
     — Você deixa pra fazer tudo em cima da hora!
     — Você também!
     — Não é bem verdade!
     — É sim!
     — Não, eu planejo tudo na cabeça e depois faço.
     — Em cima da hora.
     — Já disseram que você é irritante?
     — Já disseram que tu é chata?
     — Dentuço.
     — Baixinha.
     — Tá pobre de insulto?
     — Esquisita.
     — Morceguinho.
     — Coração de gelo.
     — Não me ofende. — dou risada.
     — Velha.
     — Por causa do cabelo?
     — Você não consegue ficar quieta?
     — Só quando é necessário.
     — Agora é necessário.
     — Não é não, estamos sozinhos.
     — Se não fosse você falando, isso ia soar tão sexy.
     — Mas eu sou sexy.
     — Não pra mim.
     — Será mesmo?
     — É.
     — Mas você já me viu nua. Não sentiu nada?
     — Tá tentando me seduzir?
     — Tô tentando te deixar desconfortável.
     — Tá funcionando.
     — Obrigada.
     — Não era algo que eu queria lembrar.
     — Por que a visão foi boa?
     — Você tem um corpo bonito.
     — Não acredito que ouvi um elogio de você!
     — Mas você é a Karen, e é muito chata.
    
     Caminhamos durante dia e noite até a exaustão. Ainda estamos na floresta. Então estendemos o saco de dormir em um lugar seguro e deitamos.
     — Temos que nos revezar pra ficar de olho.
     — Tá legal. Você começa. — fecho os olhos e durmo quase que no mesmo instante.
    
     Acordo com alguém cutucando meu braço e me sacudindo. O sono tá tão gostoso que não quero acordar. Quando quando sinto uma mordida no braço, dou um tapa no que me mordeu.
     — Ai! — abro os olhos e vejo o Hak com a mão no rosto — Isso doeu!
     — Você me mordeu?!
     — Você não queria acordar!
     — É claro que não.
     — Agora é sua vez de ficar acordada. — ele parece irritado, ele deita no saco de dormir e fecha os olhos.
     — Então tá. — sussurro.
     Observo aos poucos a respiração do Hak ficar devagar e contínua. Ele realmente parece cansado. E não é pra menos, eu também estou. Acho que quando chegar em casa vou dormir por uns três meses seguidos. Mas acho que o problema do Hak é outra coisa.

O doce sabor dos insultos Onde histórias criam vida. Descubra agora