Capítulo 19

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Karen.

    Medo. Curiosidade.  Expectativa. Tudo isso está presente dentro de mim nesse momento. Cada célula do meu corpo grita em antecipação. Um frio na barriga. Simplesmente porque não sei o que vem a seguir.
    É o que sinto enquanto estou atrás de dois homens segurando um saco extremamente suspeito. Nenhum deles notou que uma garota de uma agência secreta está espionando eles e descendo junto com eles ao subsolo. É uma grande audácia minha, tenho que confessar. Mas eu não pude resistir. 
     Entre ficar parada esperando o Hak voltar, ou agir, eu prefiro agir. Confesso que estou com um pouco de medo, afinal, se eles olharem para trás vão dar de cara com uma mascarada de cabelo prateado longo e uniforme preto. Mas sou boa com improvisos.
     Finalmente o elevador para, os dois homens saem e espero um pouco, ouço os passos se afastarem, vou me aproximando da porta e vejo um extenso corredor. É a hora de explorar.

Hak.

     Já faz um tempo que todas estas pessoas estão tendo uma acalorada discussão sobre continuar convocando novos recrutas ou iniciar logo o plano. Eu espero deitado, dentro do duto de ventilação, que eles falem logo esse tal plano. Com certeza eles são quem nós procuramos, os raptores, os caras mal, os vilões. E não tem nada que o vilão não conte nos filmes. Mas a vida real é tão porcaria, que eles só ficam nessa conversinha se vão ou não. Eu não posso me arriscar muito, fui enviado apenas pra observar. Apenas ouvir e depois contar a fofoca.
     Me inclino um pouco mais para ver cada rosto, para decorar cada um deles. Há homens e mulheres com características distintas, de nacionalidades diferentes, embora eles usem o inglês como língua oficial, o sotaque deles é inconfundível.
     — Muito bem! Faremos uma votação.
     Todos concordam com a ideia de votar sobre o assunto. O que propôs digita no celular e depois vários telefones apitam.
     — Digitem um, se querem que a gente siga com o plano o mais rápido possível, digitem dois se querem que a gente espere um pouco mais. — um homem de cabelo preto aponta para o celular — O resultado sairá aqui, para que todos possam ver.
     — Devíamos explicar melhor isso, é de extrema importância essa decisão. — Uma loira perfeitamente arrumada se levanta, nossa ela é muito gata.
     — Creio que todos aqui já entenderam isso. — o homem dá um sorriso de escárnio e coloca o cabelo para trás da orelha.
     — Se a gente não estiver com o preparo suficiente, vamos ser facilmente esmagados! — a mulher dá um passo pra frente.
     — Se a gente demorar demais, vão encontrar a gente e nós seremos esmagados. — o homem também se aproxima.
    Todos parecem prestar atenção nessa pequena discussão. A tensão entre eles é quase palpável, dá até pra imaginar um laser saindo dos olhos deles... Espera... É laser de verdade!
     — Talvez devêssemos nos acalmar agora. — um outro homem, que parece muito mais velho se levanta e tenta apaziguar a situação. Que cara chato, eu tava gostando da briga.
     Talvez devêssemos usar a cabeça! — ela vocifera.
    — E quem aqui não está? — o homem fecha o espaço que faltava entre ele e a mulher.
    — Por que não votamos logo? — de novo o outro homem acaba com a graça.
    Há um silêncio enquanto eles parecem estar votando. A tensão continua pairando na sala, enquanto unhas batem contra a tela tomando a decisão de agir ou não.

Karen.

     Eu não sabia que este lugar seria tão grande. Sigo os dois homens, eles andam em silêncio, tento manter o passo firme e silencioso.
     — Nossa, cara! Isso é cansativo — um deles suspira — Minhas costas estão me matando.
    — Sei bem! Mas acho que tá quase acabando.
    — Será? Tomara que sim, tenho certeza que já tem gente de olho na gente.
    — É sim, tá sendo muito mais difícil continuar pegando sem que ninguém note.
    Eles viram o corredor e param diante de uma porta. Eles batem e a porta se abre revelando um rosto carrancudo.
    — O que vocês querem?
    — Pegamos mais um! — o homem exibe o saco com um sorriso no rosto.
    — Estamos em uma reunião! Vão colocar junto com os outros! — os dois caras continuam andando — Não sei porque ainda mandam buscar mais, como se não já tivesse o suficiente! — o homem continua reclamando, pela fresta da porta vejo várias pessoas sentadas. O homem fecha a porta e então vou atrás dos outros dois.
    Eles andam por um certo tempo, passo por várias portas e fico curiosa sobre o que pode ter lá dentro, penso em olhar depois que saber o que esses dois estão carregando.

O doce sabor dos insultos Onde histórias criam vida. Descubra agora