VI

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O navio sacudiu violentamente com o peso de mais um canhão batendo no casco e o corpo de Serena cambaleou até o canto do dormitório e esgueirou-se em uma aste de madeira.

Ouvia homens gritando por todo lado e percebeu que estavam sendo atacados quando viu alguns marujos colocarem as bolas de ferro no canhão e atear fogo no pavio. Eles estavam agitados e apressavam-se uns aos outros.

Ela correu até a escada para subir até o exterior da barcação quando uma bola de ferro atravessou o casco e passou na sua frente com toda a força que foi egetada para fora do canhão.

Serena colocou a mão na boca vendo a bola rolar para dentro e um dos marujos pegá-la para usar como munição novamente. Piscou duas vezes pensando que se tivesse apressado-se mais um pouco, não estaria viva. Engoliu seco e obrigou seu corpo a continuar mesmo que estivesse tremendo da cabeça aos pés.

Quando chegou no andar de cima, a confusão ali era muito maior do que a de lá de baixo. Todos corriam de um lado para o outro tentando defender-se e ao mesmo tempo impediam do navio afundar.

Ela olhou para o mar, vendo a apenas alguns metros deles um navio com a bandeira da marinha real, além de marujos de roupas azuis e brancas por todo o lado. Uma de suas hastes que mantiam uma das velas foi derrubada e ao cair tombou dois marinheiros na água.

— Mirem na boca dos canhões! — Gritou Lewis para a tripulação.

O navio inimigo chegava cada vez mais perto e além dos canhões, agora os marinheiros portavam arcabuzes e atiravam contra o navio pirata sem pestanejar. Estavam próximos o suficiente para que a bala ferisse quem quer que estivesse na frente deles.

Serena viu um dos homens ser atingido e cair no chão, berrando de dor. Outros marujos vieram socorrer, mas um canhão atingiu o convés abrindo um enorme buraco na madeira. O barco balançou e Serena cambaleou até a borda do navio.

— Serena. — Ouviu alguém chamá-la. — O que está fazendo aqui em cima?

— Eu quero ajudar. — Ela falou olhando para todo aquele caos.

O navio balançou mais forte dessa vez, como se algo tivesse colidido contra eles. Serena cambaleou para trás e Christopher, em um reflexo, segurou sua cintura para firma-la em pé. Seus olhos se encontraram por micro segundos antes de desviarem a atenção para o que estava acontecendo atrás deles.

Três tábuas foram colocadas entre um navio e outro, marinheiros começaram a invadir e os piratas sacaram suas espadas.

— Você precisa sair daqui. Venha. — Christopher pegou em seu pulso e conduziu ela rapidamente para dentro de seu gabinete.

Lá dentro só tinha Farishtom, o garoto de apenas quinze anos, escondido no canto do cômodo.

— Fique aqui com ele e não saia. — Ele falou firmemente. — Tranque a porta quando eu sair. — Virou-se para o garoto que assentiu.

— Sim, capitão. — Respondeu firme.

Christopher voltou para o lado de fora esquivando-se de espadas por todo lado. Ele viu que os marinheiros passavam numerosamente para o lado do seu navio e o outro começava a esvaziar. Então, teve uma idéia.

Subiu até a proa e gritou:

— Apossar o navio!

Assim, os piratas pegaram os cordames das velas e, com entusiasmo, começaram a pular de um navio para o outro.

— Não! Voltem! Voltem para o navio, homens! — O comodoro do navio inglês gritou o mais alto que pôde.

Os marinheiros, ao perceber o que estava acontecendo, começaram a voltar, desesperados enquanto tentavam impedir que mais piratas passassem para o outro lado.

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