Foi preciso três meses de treinamento em alto-mar para que as mulheres conseguissem desenvolver as habilidades que precisavam para que, não só soubessem lutar, mas também navegar e manter um navio. Ensinaram-lhes de tudo, inclusive o tão famoso e respeitado Código Pirata. Até mesmo Merluza havia esforçado-se para aprender tudo, na verdade eram uma das alunas mais bem aplicadas. Após concluírem com êxito tudo que lhes cabia aprender, realizaram a cerimônia pirata e foram aplaudidas por todos os marujos.
Pouco tempo depois, já tinham um barco ao seu dispor e deram o nome de Canto da Sereia. Não tardaram em usá-lo para voltar a Ilha Caliça e ali se estabelecerem na parte onde não era apenas de rocha. Fizeram uma casa com os recursos que conseguiam vender e apossar, com a ajuda do marujo carpinteiro da tripulação de Christopher e um velho construtor que um dos marujos conhecia. Era uma casa simples, mas que dava o conforto suficiente para quando eles não estivessem vagando pelos mares. Os marujos dormiam divididos em dois grandes quartos e as mulheres, em um terceiro quarto. Nenhum deles tinha cama, mas redes e tapetes de tira de palha já era o suficiente para que eles se sentissem confortáveis ao ponto de roncarem tranquilamente.
Iam pelos sete cantos do Caribe, protegendo o que Netuno havia incumbido a elas e, ao mesmo tempo, procurando por Magnus, que mostrava-se bem cuidadoso e não mantinha-se por muito tempo parado. Christopher evoluiu a sua tripulação, contratou mais marujos e possuiu um novo navio, intitulando Lewis, seu grande e antigo companheiro de viagens, como capitão. Assim, a família tinha aumentado significativamente e a parceria deles também, consequentemente.
Christopher estava no pequeno escritório na casa da ilha Caliça, era tarde da noite e podia ouvir o som das ondas se chocando contra a areia áspera da praia. Sua insônia não o deixava dormir, então ficou de estudar uma estratégia para encontrar Magnus no próximo paradeiro.
Ouviu três toques na porta e Serena abriu logo em seguida, colocando a cabeça para dentro com um pequeno sorriso.
— Ei, capitão. O que está fazendo acordado a essa hora? — Perguntou, fechando a porta atrás de si.
Christopher tirou seus olhos do mapa que Netuno havia lhe dado e a olhou. A morena estava com um porta vela na mão, sem o seu espartilho e descalços. Seus cabelos negros estavam soltos e emolduravam seu rosto iluminado parcialmente pelo fogo do objeto em sua mão. Não conseguiu deixar de pensar que era a mulher mais linda que já viu, mesmo que estivesse da forma mais simples possível. Até um pouco inapropriada, se for levar os costumes da época. Mas, eles eram piratas. Tinham seus próprios costumes.
Ela andou até a mesa deixando o porta vela ali e foi até ele enquanto ainda a observava.
— O que a senhorita está fazendo acordada a esta hora? — Devolveu a pergunta com um sorriso ladino.
Virou-se de costas para mesa e recostou-se na ponta dela, pegou Serena pela mão e a puxou gentilmente para perto de si.
— Fui pegar um pouco d'água quando vi a luz do candelabro acesa. — Disse ao aproximar-se dele.
Ele envolveu seus braços na cintura da moça, colando seus corpos e um arrepio subiu pela espinha de Serena. Mesmo depois de meses juntos, ela ainda não se acostumara com os afetos. Talvez, nunca se acostumaria.
— Não conseguia dormir, então resolvi trabalhar um pouco. — Colocou uma mecha negra para trás da orelha da moça delicadamente.
Observou o rosto da mulher que tanto amava minuciosamente. Ele não se cansava de olhá-la.
— Por que não procura algo que o relaxe, ao invés de algo que o estresse mais? — Ela sorriu passando seus braços em volta de seu pescoço.
Ele abriu mais o sorriso.
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A Sereia E O Pirata
RomanceComo você se sentiria se a única garantia de sua sobrevivência fosse sair do lugar em que vive? Serena era uma garota um tanto peculiar. No lugar de suas pernas, havia apenas uma calda longa e escamosa. Para alguns, um ser como ela era impossível d...