XIX

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Christopher achou que tinha controle sobre seus impulsos, mas quando viu o homem abrir o mesmo sorriso repleto de escárnio, desdém e maldade que ele abrira poucos segundos antes de cravar a espada no peitoral de seu pai, anos atrás, ele não pôde mais controlar as suas ações.

Mar do Caribe, 1867

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Mar do Caribe, 1867

A madrugada estava calma em alto-mar. Só havia o barulho da embarcação movendo-se sobre a água e alguns roncos vindo dos marujos dormindo no andar de baixo. Apesar disso, John não conseguia dormir.

Sua mente inquieta não parava de pensar na discussão que tivera naquela manhã com Magnus, seu fiel, ou costumava ser, contramestre. Na verdade, haviam meses que eles se desentendiam por conta de visões diferentes a cerca dos espólios.

Magnus simplesmente não aceitava mais que tudo que eles obtiam era separado igualmente para todos os tripulantes. Em sua opinião, cada um deveria receber uma quantia proporcional a quantidade de trabalhos que eles executavam e a importância desses trabalhos para a tripulação. Já John, tinha dificuldade de entender como ele poderia pensar daquele jeito, pois a tripulação era uma família e todos eram essenciais para qualquer plano que eles viessem a executar.

John preocupava-se muito com aquele tipo de pensamento. Parece que o sentimento de companheirismo e cooperativismo havia desaparecido de dentro dele e para piorar, haviam alguns marujos que concordavam.

Suspirou, angustiado, temendo pelo que o homem seria capaz de fazer para conseguir o que queria. A verdade, é que esse comportamento era, em parte, culpa de John. Ele sabia que Magnus era ganancioso, turrão e individualista. Mas, nada fez sobre, com a esperança de que ele melhoraria com o tempo.

- Pai. - Christopher bateu na porta.

- Pode entrar. - Ele respondeu dando um suspiro cansado.

A porta rangeu e Christopher entrou, dirigindo-se até o pai.

- Como o senhor está? Foi uma briga bastante intensa. Nunca tinha visto vocês brigarem deste jeito. - Ele girou a cadeira para sentar-se.

- Piora a cada vez. Eu não sei o que fazer. - Respirou fundo.

- Simples. Use o código de conduta. O pirata que desacatar o seu capitão está sujeito a não receber sua parte dos tesouros e saques. Todos sabem da regra e todos fizeram um juramento.

- Magnus não aceitará isso muito bem. Mas, é o que tem de ser feito. - John passou a mão pelo rosto. - Porém, vou deixá-lo com um terço da sua parte, não tirarei tudo.

- Magnus não aceita nada que não seja da maneira como ele quer muito bem, pai. - Christopher brincou, mas no fundo, os dois sabiam que era a mais pura verdade.

No outro dia, o anúncio de que Magnus receberia menos do que deveria foi feito pelo capitão, com a presença de todos os marujos no convés.

- Isso é inadmissível, John. Já ganhamos pouco por ter de partilhar com todo mundo. - Ele esbravejou.

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