XV

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Serena acordou asssustada quando um som estrondoso de trovão soou, fazendo ela estremecer da cabeça aos pés. O mar rugia lá fora e jogava suas grandes ondas contra o navio, que resistia bravamente. Marujos corriam para lá e para cá, tentando conter os barris, caixas e outros objetos de ficarem sendo arrastados de um lado para o outro pelos movimentos bruscos.

Ela levantou-se com dificuldade, esgueirando-se sobre os pilares de madeira do navio, para que não acabasse sendo arrastada também e subiu as escadas. A embarcação virava abruptamente, de tempos em tempos, forçando-a a mover seu corpo para o lado oposto.

Quando conseguiu chegar no convés, surpreendeu-se com a situação. Nuvens cobriam uma grande extensão do céu, pingos grossos de chuvas caíam forte e apressadamente, encharcando suas roupas em poucos segundos, com ajuda da forte ventania. O oceano estava revolto, com ondas íngrimes que pareciam querer virar o navio a todo custo e os marinheiros custavam a trabalhar para que eles não fiessem a fazer parte de mais uma história de naufrágio pirata.

— Reduzam a velocidade! — Ouviu Christopher dar a ordem, com certo desespero.

Quatro marujos correram para ajustar as velas nos mastros e o vento forte encarregou-se de terminar o trabalho de reduzir a velocidade do navio.

Christopher passou a mão sobre o cabelo encharcado, o jogando para trás. Parecia estar mais preocupado do que já estava. Voltou para a cabine, apoiando-se de vez em quando nas paredes.

Serena o seguiu, vendo que a porta havia permanecido aberta e vozes vinham lá de dentro. Parecia uma pequena reunião onde estava Eleonor, Lewis e o imediato. Todos discutiam o que poderia ser feito, os cuidados que deveriam tomar e os riscos.

Um estrondo ressoou no céu após um clarão de luz aparecer de repente. Serena assustou-se, chamando a atenção para ela, sem querer.

— Querida, como você está?! — Eleonor foi de encontro a ela. Quase tropeçando em seus próprios pés por causa dos balanços do navio.

Os candelabros, lampiões e castiçais da sala faziam o mesmo movimento e a luz tremeluzia com a ventania que entrava, fazendo o cômodo parecer mais escuro.

— Eu estou bem. Vocês querem ajuda em alguma coi... — Um forte impacto a interrompeu, seguido de alguns gritos.

Todos na sala tentaram se firmar em algo, Eleonor e Serena apoiaram-se nas paredes da sala, Lewis e o imediato agacharam-se no chão enquanto Christopher segurou-se em sua mesa, tentando manter o seu equilíbrio.

Uma grande onda havia colidido com o barco, avançando sua água para o convés, fazendo os marujos agarrarem-se em algum lugar urgentemente para que não fossem arrastados para fora do navio e engolidos pelo oceano.

— As ondas estão começando a invadir o navio. Preciso que alguns homens verifiquem os compartimentos. Não podemos ter nenhum vazamento. — Christopher disse, segurando o castiçal que ousou arrastar-se para fora da mesa.

— Não acha melhor pararmos, capitão? — O imediato falou, limpando com um pano verde escuro o suor aflito que escorria de sua testa.

— Não, as ondas estão cada vez mais altas. Se pararmos agora, elas vão vir mais fortes e correremos maior risco de naufragar. — Ele disse, decidido. — Precisamos manter essa velocidade que estamos e também quero que peguem tábuas de madeira e as ferramentas para que já fiquem disponíveis, caso... — Foi interrompido por um trovão. — haja prejuízo em alguma parte do casco. — Completou, suspirando. — E tragam as ferramentas de segurança para os mastros. Precisamos ser cuidadosos.

— Sim, capitão. Avisarei aos homens imediatamente. — Ele assentiu e saiu da sala com pressa.

O navio balançou novamente e Lewis segurou a vela que quase caiu em cima do tapete, salvando-os de morrerem torrados, antes mesmo de afundarem.

A Sereia E O Pirata Onde histórias criam vida. Descubra agora