XIII

195 21 6
                                    

Christopher saiu da cabine, espreguiçando-se e deparou-se com Serena, já acordada, a preparar-se para o treino daquele dia.

Ela fazia alguns alongamentos com os braços e as pernas, depois tirou o chapéu e amarrou seu cabelo negro em um rabo desajeitado. A luz do sol nascente refletia em seu corpo, deixando sua pele branca com um aspecto dourado quase divino.

Ele sorriu instantaneamente. Deveria chamar sua atenção para que ela visse que já estava presente, mas não queria. Sentia que poderia admirar aquela paisagem digna de ser pintada por um artista renomado entre os lugares mais altos da nobreza.

Ela virou-se e, percebendo sua presença alí, aproximou-se.

— Não sabia que já havia chegado. Para quem está sorrindo? — O olhou com as sobrancelhas arqueadas.

Ele piscou algumas vezes, percebendo que ainda mantinha o sorriso no rosto, como se houvesse sido enfeitiçado por alguma bruxa.

— Por nada, é claro. Estava admirando o sol, o mar, o dia. Ora, não posso? — Andou rapidamente até o meio do convés, sentindo o olhar confuso da mulher sobre ele.

— Certo... — Serena murmurou, sem entender o por quê da agitação repentina.

Ele tirou o chapéu e arregaçou as mangas da camisa, deixando que sua tatuagem pirata e as pulseiras que usava ficarem mais visíveis. Desembainhou a espada e tomou forma de combate, esperando que ela se aproximasse.

— O que está fazendo? — Ela caminhou para perto dele, achando graça.

— Vamos. Hoje quero avaliar se está progredindo. — Ele disse. — Ande. Lute comigo.

A garota piscou, atônita.

— Assim, do nada? Você deveria ter falado comi... — Antes que pudesse terminar de falar, o homem avançou com a espada e em um reflexo rápido que ela jamais pensara que tivesse, impediu que a lâmina fatiasse ela ao meio como uma maçã.

Ele não lhe deu tempo de falar novamente avançou de novo e de novo, por vários lados. Onde ele via uma brecha, ele tentava. Felizmente, ela estava conseguindo acompanhá-lo, com certa dificuldade, óbvio, mas ainda sim era um avanço enorme.

Christopher não deixou de sentir um conforto em seu coração de ver que a mulher estava conseguindo aprender tudo que ele lhe ensinava. Era uma ótima aprendiz e, pelo que tinha visto até ali, também estava se fazendo habilidosa em combate. Mas, mão deixou de vangloriar a si próprio também. Afinal, se não fosse pelo professor excepcional que tinha, ela não seria tão boa assim, certo?!

Ele avançou pelo seu lado direito, perto de seus quadris, mas a garota defendeu-se rapidamente empurrando sua espada para cima e contra-atacando com destreza.

Estavam em silêncio e só se ouvia o som das respirações rápidas e o encontro dos metais das espadas.

Ela já estava ficando cansada dos rápidos movimentos que era obrigada a retardar e Christopher podia ver que já não defendia com precisão. Esta era uma ótima hora de passar uma lição sobre a perda da guarda alta pelo cansaço dos movimentos.

Ele insinuou atacar por um lado e atacou por outro, os movimentos da mulher não foram tão rápidos como os inciais mas ela conseguiu contê-lo, trocando de lado com ele e afastando-se um pouco para conseguir um pequeno descanso.

Ele olhou para ela, percebendo o espaço seguro que queria criar entre eles, então ele aproximou-se rapidamente dando uma série de três golpes, fazendo com que ela se defendesse nas partes que estavam sendo atacadas e então, com um movimento impressionante e rápido, quando ela foi defender-se do último golpe dado por ele, Christopher desviou da espada para o lado, passou por Serena e puxou seu braço armado para suas costas. Impediu que ela movimentasse novamente a espada, ainda agarrada em sua mão impossibilitada. Passou sua espada para outra mão e colocou bem próximo da garganta da mulher, que não reagiu de tamanha surpresa.

A Sereia E O Pirata Onde histórias criam vida. Descubra agora