23 • sombras no horizonte;

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O despertador tocou implacável às três da manhã, anunciando o início de mais um longo dia de trabalho. As luzes da cidade ainda estavam em um suave sono, e a penumbra do quarto era interrompida apenas pelas luzes esporádicas dos prédios vizinhos.
Ao lado, Minho repousava, seu semblante sereno no mundo dos sonhos. Seus cabelos desalinhados destacavam-se em contraste com os lençóis brancos. . Meu coração se aqueceu ao lembrar de como ele havia cuidado de mim no dia anterior. Sussurrei para mim mesma enquanto observava seu rosto sereno: "Como ele é incrível." Decidi que, por enquanto, deveria apenas aproveitar aquele momento tranquilo.
Uma foto nossa em um porta-retratos repousava na mesa de cabeceira, um testemunho silencioso de momentos compartilhados e promessas feitas. Com um suspiro, eu me ergui da cama, sentindo a textura macia do lençol contra a pele enquanto meu corpo se despedia do aconchego.Com cuidado, colei um post-it nessa imagem, sussurrando palavras de despedida ao meu amor que ainda dormia.

O voo estava marcado para as seis da manhã, e meu ritual de preparação seguiu de forma automática. A luz do banheiro, fraca e amarelada, revelou olheiras leves sob meus olhos, um reflexo do cansaço que se acumulava. O uniforme de comissária de bordo, impecável e engomado, pendia no armário, esperando mais um dia de voos e serviços aos passageiros.
Enquanto me arrumava, minha mente divagava sobre a conversa que precisava ter com Minho. Sabia que deveria ser sincera e expressar todos os meus sentimentos, não importando o quão desafiador fosse.

Antes de partir, não pude resistir a um último olhar para o meu namorado. O rosto adormecido dele era uma obra de arte, e o desejo de permanecer ali, ao seu lado, quase me fez reconsiderar a viagem. No entanto, o dever e as responsabilidades chamavam. Com um beijo suave em seus lábios, sussurrei um "te amo" que ele respondeu com um murmúrio sonolento. Foi um momento de ternura, um instantâneo precioso que levei comigo para o aeroporto.

Na sala de estar, meus passos ecoaram no silêncio da madrugada enquanto eu terminava de ajustar os últimos detalhes da minha bolsa. No canto, um par de sapatos confortáveis aguardava, prontos para enfrentar horas de caminhadas pelos corredores da aeronave.

Deslizei para fora do meu apartamento com uma certa pressa, ciente de que o relógio era um adversário implacável naquele dia. Aguardando o elevador, o som de uma porta abrindo ressoou pelo corredor. Meu coração deu um pequeno salto, antecipando que talvez fosse Minho, mas, em vez disso, era a enigmática mulher do apartamento em frente. Sunnie insistia que um homem vivia ali, mas o único rosto que eu cruzava era o dela.
Com um cumprimento quase imperceptível, entramos no elevador. A atmosfera ali dentro tomou uma qualidade estranha. Parecia que eu podia sentir o peso do seu olhar refletindo no espelho enquanto eu mexia no meu celular.
Optei por ignorar o e-mail perturbador da sassaeng que tinha recebido mais cedo. Se ela fosse tão dedicada em me perseguir, já deveria saber que Minho havia passado a noite em meu apartamento. Uma jogada falha, por parte dela.
As portas do elevador se abriram e ela pausou, permitindo que eu saísse primeiro. Com um aceno silencioso, agradeci e me encaminhei para a saída. Cumprimentei rapidamente o porteiro noturno, com quem eu raramente interagia. Foi então que notei que ela parecia me seguir. Um alerta silencioso soou dentro de mim.

Estava prestes a me virar para confirmar minhas suspeitas quando meu celular irrompeu em vibrações.

— Alô?

Atendi a chamada sem verificar o identificador, usando a ligação como desculpa para parar. Ela aproveitou o momento para passar apressada por mim e se dissipar na rua.E a parte mais intrigante? Ela sempre usava máscara e boné. Nunca vi seu rosto completamente e isso, definitivamente, estava começando a mexer com meus nervos.

Era minha mãe na linha e, com um suspiro aliviado, continuei a conversa enquanto saía do edifício. Já na calçada, avistei meu táxi estacionado à espera. Entrei rapidamente e fechei a porta atrás de mim.
— Oi, mãe! Tá tudo bem por aí? — perguntei, entrando no táxi que já me esperava do lado de fora do prédio.

《• ↬ Fly ㅡ  Choi Minho ↫ •》Onde histórias criam vida. Descubra agora